Transporte aéreo facilita e viabiliza viagens de animais entre todas as regiões do Brasil

Treinador Arlan dos Reis inovou em 2017 ao trazer um cavalo de caminhão e balsa de Roraima a São Paulo e hoje, mais uma vez, revoluciona ao realizar o transporte aéreo do animal, possibilitando a interligação entre os quatro cantos do país

Para quem vive nas regiões sul e sudeste do Brasil, imaginar um trajeto de dias sobre uma balsa, descendo o rio para chegar ao seu destino é quase que inimaginável. Mas, para quem mora no Norte do Brasil, é uma realizada recorrente.

As dificuldades no transporte de carga e animais entre as regiões mais afastadas do país, acabam provocando o isolamento da população e de seus produtos. Mas Arlan dos Reis e o cavalo Maximus Zorrero (El Shady Zorrero x Lambada Vista), como vimos aqui no portal Cavalus em setembro de 2017, quebraram paradigmas e abriram a rota, ao mostrar que sim, é possível percorrer 4,5 mil quilômetros entre Boa Vista, capital de Roraima até Avaré interior de São Paulo.

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A dupla inovou ao percorrer o trajeto inédito, até então, para participar do 40º Campeonato Nacional da ABQM e ainda levar um troféu para casa.

“Essa viagem foi um divisor de águas, pois mostrou não apenas que o trajeto era possível e que nossos cavalos possuem potencial para competir com os animais de São Paulo”, relembra Reis.

Até então, o maior esporte da região era a Vaquejada e a viagem possibilitou o crescimento dos Três Tambores na região Norte. “A repercussão dessa primeira viagem proporcionou o crescimento da região Norte no Tambor, porque até então era apenas a Vaquejada. E hoje, para se ter uma noção, através deste cavalo, dessa viagem, de todo este esforço, um dos garanhões mais rápidos da atualidade no Brasil nos Três Tambores é daqui, dessa região, o EF Euros Ta Fame”, afirma.

Mas as inovação e transformações deste treinador não pararam por ai. Para essa edição do Congresso Nacional da ABQM, Arlan dos Reis mais uma vez inovou e trouxe seus animais de avião.

“Muita gente não sabe, mas é possível realizar o transporte aéreo internamente pelo Brasil. E os custos são muito mais vantajosos do que os do caminhão”, explica.

Como realizar o transporte aéreo dos cavalos?

Para realizar a viagem, o treinador pesquisou entre as companhias aéreas e encontrou o serviço, que é realizado de maneira rápida, tranquila e segura. Os animais são transportados em “gaiolas” que comportam três cavalos.

“É muito mais tranquilo que uma viagem de caminhão, pois não tem os solavancos, freadas, buracos, enfim, as irregularidades da estrada que agitam o cavalo. A única preocupação é com o barulho”, explica.

embarque dos cavalos no avião

Durante o trajeto, Arlan Reis viaja lado a lado com os cavalos. “É muito importante que o cavalo tenha alguém de sua confiança ao lado dele. Então, dias antes do embarque, eu começo o contato com os animais para que eles possam se acostumar comigo e sentir segurança com a minha presença”, explica.

Além disso, o treinador leva consigo alguns medicamentos como analgésicos e remédios para dor para que possam ser aplicados no animal caso necessário. “Outro ponto que deve ser levado em consideração é o fato dos cavalos sofrem de claustrofobia, assim como os humanos, então em animais mais novos eu realizo um pequeno treinamento para que ele não se sinta desconfortável durante o trajeto”, elucida.

Outra tática utilizada é a companhia de um animal mais experiente junto ao novato. Assim, ele passa mais segurança ao cavalo e a viagem fica mais tranquila.

A duração da viagem é outro atrativo a parte. Na primeira ocasião, em que o trajeto foi realizado de balsa e caminhão, foram um dia de viagem de caminhão rumo à Manaus (800 km), sete dias dentro da balsa, e depois a longa distância, novamente de caminhão rumo
a Avaré, total 19 dias. De avião, o trajeto diminui para apenas 1 dias e quatro horas. “Um dia de viagem de caminhão rumo à Manaus, depois embarcamos em um voo de quatro horas, com uma pausa em Brasília. Muito mais rápido e menos estressante para os animais”, afirma.

Os animais recebem todos os cuidados durante o transporte aéreo

“As vantagens são muitas e os custos não são impraticáveis. Uma viagem dessa é cobrada pela ‘gaiola’, que comporta três cavalos. Então, se você levar um, dois ou três, o custo é o mesmo. A gaiola sai em média R$ 24 mil. Quando temos um cavalo para transportar para São Paulo, entramos em contato com outros criatórios da região para realizarmos a viagem juntos e dividirmos os custos. Ele valor inclui a minha consultoria junto dos animais para dar mais segurança a eles”, exemplifica o treinador.

“Nesta terça mesmo (02/08) estaremos mais uma vez embarcando para São Paulo com três animais. Uma rota que veio para ficar e que interliga o Sul ao Norte do Brasil”, finaliza.

Por: Camila Pedroso

Fotos: Arquivo pessoal

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