Conversamos com o pessoal do Campeonato Nacional de Rodeio, do Paraná, para entender melhor a respeito desses desafios
Quando você chega a um rodeio e vê a pista prontinha, tambores posicionados, as meninas com suas camisas brilhantes e chapéus em ordem, os cavalos robustos com sua traia toda certinha, juízes apostos, tratorista, manejo, fotocélula, juria… nem imagina o que há por trás para que todo o cronograma aconteça de forma satisfatória.
E um dos quesitos para que as coisas saiam como planejado é o solo. No meio equestre, muitos fatores levam um conjunto (cavalo/cavaleiro) a atingir seu ápice de performance, e um deles é a qualidade da pista. Juntamente com a evolução da criação de equinos, treinamento, melhoramento genético, cuidados veterinários, entre outros, o cuidado com o solo também tem sua importância em toda essa questão.
Nos últimos dez anos, segundo o especialista no assunto Evandro Guerra, o nosso meio deu um grande salto positivo no que diz respeito a resultados e performance dos animais em todas as modalidades. A diferença do resultado final entre os atletas é extremamente pequena. Um dos fatores, ele aponta, é a regularidade da pista durante uma competição, visando diminuir ao máximo a influência externa sob o desempenho.
Segundo Seu Evandro, o maior vilão para o solo de uma pista é o clima. Não somente a chuva ou o sol que são os extremos, mas também a porcentagem de umidade do ambiente que interfere diretamente. Se isso tudo já é algo a se considerar quando temos pistas cobertas com estruturas modernas, imagine em um rodeio, aberto e com milhares de outras atrações na mesma arena onde acontecem as provas de três tambores.
Para tentar evitar o máximo de problemas, é preciso preparar a pista com dedicação. Quem organiza a prova em rodeios deve ter o máximo de sintonia e apoio das comissões organizadoras. A fim de receber toda ajuda necessária. Em muitos casos é preciso uma negociação prévia, acerto para qual maquinário será utilizado, quantas pessoas irão fazer o trabalho antes e durante.
Juliano Sfalcini, 39 anos, de Santa Isabel do Ivaí/PR, trabalha com treinamento de cavalos há 23 anos. Frequenta rodeios há dez e sempre preparou a pista do seu centro de treinamento. No rodeio, atua há três anos, sendo o responsável principal pelo solo nas etapas do CNR – Campeonato Nacional de Rodeio, com provas de três tambores em importantes festas do Estado.
“Primeiro, fazemos descompactação do solo, se for necessário. Precisamos deixar o solo homogêneo a fim de manter a segurança e evitar lesões nos cavalos. Em segundo lugar, nos atemos a manter a umidade ideal do solo. A ideia é dar a consistência certa, proporcionando conforto e segurança para animais e competidoras. Queremos preparar tudo perfeito para que os conjuntos possam tirar seu máximo desempenho”, conta.
Como todo trabalho, há dificuldades. Juliano explica que um dos entraves é conciliar o solo ideal para a prática dos três tambores com as demais atividades na arena, como a montaria em touros. “Os tropeiros de rodeio querem a pista mais dura possível, só que para os cavalos de tambor isso não é o ideal. Podem escorregar ou lesionar se o solo tiver muito compactado”. Acordos devem ser feitos para que todo possam realizar suas competições de forma ideal e segura.
Para realizar o trabalho da melhor forma possível, Juliano usa nas etapas do CNR um rastelo desenvolvido especificamente para solos de pista e arenas. “O rastelo tem escarificador lâmina de corte, para acertar a profundidade da camada mais fofa, e chapa traseira para dar o acabamento final acertando as irregularidades”.
Todo o serviço de preparar a pista precisa ser feito em conjunto com o tratorista. O ‘motorista’ do trator que é usado para passar o rastelo e acertar todo o solo tem que entender como tudo precisa estar. Deve haver sintonia entre o preparador de pista e o tratorista. Não basta apenas dirigir o trator, mas conhecer sobre o assunto. Além de ‘deixar a pista no jeito’ antes das classificatórias e competições, há reparo durante a prova também.
Fábio Araújo de Almeida, de Icaraíma/PR, é o tratorista oficial do CNR. Sobre a sua maior responsabilidade na hora de passar o trator, ele diz que precisa “ficar atento ao bem-estar dos animais e das competidoras. Para atuar nessa função, também é necessário conhecer o terreno e as condições para os animais”. Fabio tem 35 anos e há três trabalha com três tambores em rodeios.
Uma pista bem preparada, por profissionais estudiosos e dedicados, muita vezes é a chave para o sucesso ou fracasso de uma prova!
Por Luciana Omena
Colaboração: Amanda Gelly
Fotos: Retouch Fotografias – Douglas, Rodolfo Lesse e Cedidas