Uma das maiores virtudes de um bom cavaleiro – e adianto, é difícil de conseguir – é a de nos anteciparmos no pensamento, mas não nas ações. Explico dando um exemplo: imagine que você está montado em um cavalo e quer que ele ande em uma linha absolutamente reta.
Você sai com ele, na pista ou no campo – e planeja o traçado reto que quer fazer. Se o cavalo sai deste traçado, você o traz de volta para a linha que planejou. Então, você já sabia o que fazer se ele saísse da linha planejada.
Por outro lado, se ele não sair do traçado você não precisa fazer nada. Até aí tudo bem. O difícil é fazer com que sua antecipação seja somente mental e não mecânica. O fato de você ter planejado uma ação corretiva não significa que terá que utilizá-la.
Significa que se o seu cavalo errar, você tem a ferramenta imediata para corrigir. A dificuldade está em dois aspectos: jogarmos com uma hipótese e agirmos usando o ‘e se ele…’, então fazermos algo sem necessidade; não deixarmos nossos cavalos cometerem erros nunca.
Procure ser um bom cavaleiro
Antes de mais nada, o primeiro aspecto leva para o segundo. A cada antecipação de algo que não aconteceu, estamos privando nosso cavalo de errar. Por consequência, de saber o que é o certo e o errado e, portanto, de aprender o certo.
Vejo cavaleiros que não admitem o erro nunca, em nenhum momento da sessão de treinamento ou montaria. Também vejo cavalos tentando cada vez mais adivinhar o que é para fazer. E com isso, errando ou acertando, mas nunca tendo uma certeza do que se é para fazer.
A correção vem a partir do erro e não a partir da prevenção de um possível erro. É verdade também que quanto mais conhecemos os cavalos que montamos, mais conseguimos fazer uma leitura destes cavalos e assim conseguiremos uma prevenção do erro.
Mas isto não deve ser algo impeditivo ao erro. Devemos nos ocupar com as coisas positivas que nossos cavalos fazem e não somente nos ‘pré’ ocuparmos com o que ainda não aconteceu…
Por Aluísio Marins
Diretor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
Crédito das fotos: Divulgação/Freeimages
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