Ela teria 61 anos hoje. A mesma idade que Dona Kay Rule, estreante em NFRs em 2019, contudo a mais velha entre as finalistas
Uma das melhores histórias da National Finals Rodeo de 2019 foi a presença de Dona Kay Rule, finalista nos Três Tambores, que se classificou pela primeira vez aos 61 anos. Mesma idade que Ann Lewis teria se ainda estivesse no circuito.
Sobretudo, o sucesso de Dona segue o de Mary Burger, campeã mundial de Três Tambores pela PRCA aos 68 anos. A modalidade, sem dúvida, é plausível para todas as idades. Por outro lado, há meio século essa ideia nem era considerada.
Em 1968, a pequena Ann Lewis – Annie the Okie, como era chamada pelos locutores como profundo carinho – venceu o barrel racing championship ao somar algumas centenas de dólares. Ela tinha apenas 10 anos de idade.
Mas em uma reviravolta do destino, ela não viveu o suficiente para receber a fivela de ouro. Dois meses antes da final mundial, Ann Lewis, sua irmã gêmea Jan, a mãe delas Roseletha e Sissy Thurman, concorrente de Annie nos rodeios, sofreram um acidente.
Não resistiram, portanto, aos ferimentos causados pelo fogo enquanto viajavam de um rodeio em Little Rock, Arkansas, para um na noite seguinte em Waco, Texas. O cavalo de Annie, Charlie Bay Dan, foi sacrificado.
Campeã póstuma
Tudo isso aconteceu porque um caminhão semi-reboque atingiu duas vacas na Arkansas Highway 57. O veículo tombou e atingiu diversos outros na estrada, incluindo a caminhonete que transportava a maior parte da família Lewis e Sissy Thurman. O carro que elas estavam explodiu em chamas.
A bola de fogo perto de Hope, Arkansas, nas primeiras horas da madrugada de 2 de outubro de 1968, ficou marcada como o dia em que o rodeio profissional ‘morreu’. A pequena Ann Lewis havia conquistado tanta vantagem no campeonato mundial que nenhuma das outras amazonas conseguiria alcançá-la no ranking.
Dessa forma, Ann Lewis foi consagrada campeã mundial de Três Tambores WPRA/PRCA postumamente. Foi enterrada em Sulphur, Oklahoma, sua cidade natal. Sua prima, Rosemary, teve a dolorida missão de ir a Las Vegas receber os prêmios.
‘Annie the Okie’ começou montar em 1963 quando tinha 5 anos. As vitórias começaram cedo também. Em 1968, ela já tinha aprendido a escrever e estava endossando muitos cheques de premiação. Como o do segundo no então magnífico Houston Astrodome.
Com os prêmios na mão, pediu ao pai: “posso ganhar um pouquinho só de uma casquinha de sorvete?”. Suas roupas para competir eram em tons pasteis, com pequenos chapéus de cowboy combinando.
A jovem amazona usava o cabelo em tranças, que às vezes saíam debaixo do chapéu quando ela e Charlie Bay Dan faziam círculos apertados ao redor dos tambores. Todo mundo amava Annie.
O resto da história
“Sem dúvida, Ann era muito fofa”, recorda Martha Josey, estreante no campeonato mundial assim como Ann em 1968, mesmo sendo 20 anos mais velha. Martha se tornou um dos nomes mais conhecidos e respeitados do rodeio mundial. Tendo sido campeã mundial em 1980;
Aos 81 anos hoje, Martha lembra que a pequena Ann e seu valente cavalo às vezes galopavam para fora da arena. De fato, como fizeram em Wyoming um dia. “Eles perderam o corredor e saíram em direção aos currais”.
Não se pode dizer quantas fivelas douradas a amazona poderia ter ganho se aquele reboque não tivesse cruzado a estrado no caminho delas em uma madrugada solitária no Arkansas. Ela teria 61 anos hoje e ainda pode estar competindo, assim como Dona Kay Rule.
“É como Tom Brady (Futebol Americano), Peyton Manning (Futebol Americano) e Michael Jordan (Basquete)”, avalia Martha. “Sem dúvida, os grandes destaques eram ótimos na época que começaram e ainda seriam ótimos hoje”.
Por fim, até hoje as pessoas do rodeio lembram de Ann Lewis. A garota precoce com um sorriso amoroso e um balanço melancólico da cabeça.
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Por Ron Kantowski/Review Journal
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Fotos: Ann Blaker