O atleta de montaria em touros está entre os mais bem-sucedidos brasileiros no circuito americano de rodeio
Na etapa de abertura da nova temporada da PBR nos primeiros dias de janeiro desde ano, Robson Palermo queria seu recomeço após um período sério de lesões. Mas logo no primeiro dia de montarias em Nova York ele precisou de mais de 40 pontos na bochecha. Os pontos contiveram uma grave laceração facial, que poderia ter sido algo bem pior se Dream Catcher o tivesse acertado alguns centímetros abaixo e cortado a garganta. Aos 35 anos, Palermo não quer que seu histórico de lesões seja o legado de um atleta de montaria em touros que continuou se colocando em perigo.
Em vez disso, o brasileiro – que tem três títulos da etapa Las Vegas na PBR World Finals – quer ser lembrado como um dos melhores bull riders da história. Dream Catcher pode até ter encerrado o final de semana dele em Nova York prematuramente, mas Palermo ainda é um sonhador e acredita que pode voltar ao topo do ranking e chegar a sua 11ª final mundial. Ele tem talento e força de vontade de sobra, mas também sabe ser realista. Nas estatísticas, dos últimos 28 bois que montou, nos últimos dois anos, só parou em cinco.
E foi fazendo esse balanço, depois de mais uma grave lesão, que ele decidiu fazer uma pausa da PBR e mudar um pouco de ares. Mas ele não vai se aposentar. A ideia é ir a alguns rodeios da PRCA e participar de rodeios menores no Texas. “Ainda não quero me aposentar, sei que ainda tenho alguns anos pela frente, mas foram muitas lesões nos últimos anos e agora quero ficar mais com minha família. Quero levar meus filhos para o rodeio, ir para lugares diferentes. Quero voltar a me sentir bem, para retomar a rotina”, contou o brasileiro, que sofre quando volta para casa e percebe a preocupação nos rostos dos seus filhos. Ele é casado com Priscila e pai de Gabby, Mateus e Lucas.
Deixou claro que esta não é uma aposentadoria da PBR, como os anúncios recentes de Shane Proctor ou JW Harris, mas sim uma interrupção temporária. Os planos são de voltar a montar na série principal da Professional Bull Riders no final do ano ou em 2019. Outro fator que pesou também foi a ideia de ele estar decepcionando seus fãs. “É muito difícil para mim enfrentar uma lesão atrás da outra e não poder montar como deveria. Não são cenas boas dos fãs e apaixonados pelo esporte assistirem. Estou sentindo que preciso me retirar um pouco, descansar a cabeça para voltar bem. A pressão interna é grande de estar sempre no top 5 ou top 10, por isso é tão difícil, exijo muito de mim. Mas não estou me aposentando agora”.
Seu coração ama estar no circuito da PBR e ele não quer parar dessa forma. Independentemente de suas lutas recentes, Palermo já é um dos maiores atletas de montaria em touros da história da PBR. Não só é o único a ganhar três vezes a etapa Las Vegas durante a World Finals, mas também o único a ser o segundo melhor do mundo por dois anos consecutivos (2011-2012). Em sua carreira na PBR, ele tem 13 vitórias em etapas, montou com sucesso 310 touros e detém 37 montarias com nota na casa dos 90 pontos.
Natural de Rio Branco/AC, Palermo foi sério candidato ao título mundial de 2007 a 2012, antes sofrer várias cirurgias de ombro por três anos consecutivos e danos permanentes no nervo em seu braço que segura o sedém, que alteraram para sempre sua carreira. Mas ele nunca desistiu e ainda se qualificou para as finais por três anos consecutivos após uma cirurgia no final da temporada em 2013. Em 2016, pensou que iria conquistar o quarto título da etapa Las Vegas. Ele teria se aposentado naquele momento, e esse ainda é seu objetivo final e sonho.
“Antes de machucar meu joelho (nas Finais), eu estava 100% e pensei que ia ganhar novamente. Pensei que se eu conseguisse mais esse feito, pararia naquela data. Não deu certo e ainda é o onde eu pretendo chegar. Se eu conseguir limpar a cabeça, voltar bem, continuo. Se eu não puder, então vou me aposentar. Mas não agora.”
Por Luciana Omena
Fonte: PBR