Morando no País há cinco anos, Nancy Franco compete nos Três Tambores pela New Zealand Rodeo Cowboy Association
Encerrada a temporada 2019/2020 da New Zealand Rodeo Cowboy Association, tivemos uma brasileira conquistando o título de Rookie of the Year. Nancy Mauricio Franco á paulista, mas mora na Nova Zelândia há cinco anos. Compete em provas e rodeios e conquistou esse importante título por lá.
Nancy Franco sempre preferiu a vida no campo. Nasceu na capital São Paulo, porém aos 12 anos foi morar em Amparo, interior paulista. Atualmente ela reside em Christchurch, Nova Zelandia, trabalhando com Administração de Empresa em uma empresa de resíduos químicos.
A temporada da New Zealand Rodeo Cowboy Association vai de outubro de um ano até março do ano seguinte. A entidade é semelhante à PRCA, apresentando etapas em rodeios em diversas modalidades. De acordo com Nancy, o Rookie – ou Novato – é o premio para o atleta que soma mais ganhos durante a temporada na segunda divisão.
“Diferente do Brasil, para começar a ir aos rodeios aqui, é preciso primeiro passar pela segunda divisão. Só quando somamos mais de US$ 3 mil é que alcançamos a divisão principal. Similarmente ao que acontece na PRCA dos Estados Unidos”, conta.
As premiações não são altas, de acordo com Nancy, portanto é preciso ‘ralar’ e ganhar muito rodeio para somar ganhos suficientes para ficar no topo do ranking. Com a vitória no Rookie ela agora passa a ser elegível para a primeira divisão na próxima temporada.
Conversamos com ela, confira!
O começo de tudo
“Comecei a montar muito nova, não lembro exatamente a idade. Meu tio era administrador de um haras, então eu montava sempre que ia com ele. Fui aprendendo assim, com a ajuda dos meus primos Lu e Ari Moretti, grandes professores e incentivadores.
Nesse meio tempo, depois que eles saíram da fazenda abriram um Centro de Treinamento em Amparo/SP. Dessa forma, começamos a ir para as provinhas por volta de 1999. Eu fazia Três Tambores, Seis Balizas e Salto.
Em seguida, decidi ficar só no Tambor. De 2001 a 2009 meu treinador foi o Gilson Borges do Reis. Eram treinos diários. Estava sem cavalos, então sempre competia em cavalos de clientes dele”.
Nova Zelândia
“Moro na Nova Zelândia há cinco anos. Quando cheguei, estava sem montar a quase dez anos. Aqui tem cavalo para tudo que é lado, então achei que era um sinal (risos). Com incentivo do meu marido comecei a procurar um Quarto de Milha para comprar. Nunca quis parar de montar, mas aconteceu, por isso vi nessa uma oportunidade de recomeçar.
Não conhecia ninguém que tivesse cavalo aqui. Na verdade nem conhecia muita gente, já que morava menos de um aqui só. Estávamos nos adaptando. Contudo, achei um local através de um site que vendia QM. Eles criam nas montanhas, isso significa, sem muito contato com gente, quase selvagem.
Achei uma potra linda e também gostei do papel. Entramos em contato, mas ela já estava vendida. Acabei ficando com uma irmá própria dela, um ano mais nova, completando dois anos. Não tinha nem lugar para colocá-la, mas comprei mesmo assim. Queria muito! E foi inusitado também, já que nunca tinha tido contato com um cavalo como ela, semi-selvagem”.
Aprendizado
“A potra era muito curiosa, mas não deixava a gente se aproximar muito e não chegava muito perto. Quando fazíamos algo que ela não gostava, empinava e dava coice. Achei que ela ia me matar (risos). Demorou quase um mês para ela decidir tocar em mim.
Desde então venho trabalhando para crescer nossa conexão. De fato, hoje somos melhores amigas. Com dois anos e meio a levamos para domar, mas voltou depois de três semanas. Portanto, eu fiz todo o trabalho com ela. Antes de mais nada, desde janeiro estou fazendo a mentoria online com o Decio Talon, que está me ajudando a lapidá-la um pouco mais.
Eu tenho uma rotina de treinos de cinco dias por semana. Hoje, na casa onde moramos, temos uma arena, desse modo fica mais fácil.
Saio do trabalho e chego em casa por volta das 17h30 e antes de 18h já estou montada. No verão é melhor, porque temos sol ate quase 22h. Entretanto, no inverno começa escurecer às 17h e fica bem frio também”.
Avaliação
“Foi um ano incrível, sem dúvida. Minha égua esta com seis anos. Aqui os cavalos não podem competir em rodeio ate os quatro anos. Assim sendo, na primeira temporada dela, 2018/2019, corremos apenas quatro rodeios.
Os rodeios são longe de casa, então não compensava muito ir, já que precisávamos treiná-la mais. Na temporada 2019/2020, o desempenho dela nos jackpots estava favorável, desse modo me inscrevi para a temporada inteira da New Zealand Rodeo Cowboy Association.
Por sinal, a temporada mais bonita de rodeio que eu já vi. Etapas em cada lugar de tirar o fôlego. A temporada vai de outubro a março e nós só não entramos para a final em três rodeios.
Em um deles, ela levou um coice minutos antes de entrar na arena e cortou a perna. Nos outros dois foram erros meus”.
O esporte equestre na NZ
“A Nova Zelândia tem muito esporte equestre e todos bem difundidos. Tenho a impressão que quase todo mundo tem um cavalo no quintal (risos). Mas se não tem, sem dúvida conhece alguém que tenha.
Aqui tem muito Salto, Adestramento, Enduro, Polo, Corrida, Corrida de Charrete. Na NZRCA são disputados, além dos Três Tambores, Bareback, Saddle Bronc, Bull Riding, Steer Wrestling, Team Roping, Rope and Tie.
Tem muita gente que tem cavalo sé para passeio também. As paisagem são muito bonitas, então é muito comum ver gente com cavalo na praia – que são normalmente vazias – ou fazendo trilhas”.
Por Luciana Omena
Crédito das fotos: Divulgação/Adair Wilson
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