Com o sucesso dos competidores brasileiros nos Rodeios da PBR e da PRCA nos Estados Unidos, muitos atletas do Brasil têm em mente a realização de um sonho: competir em solo americano. Entretanto, para alcançar este objetivo é preciso percorrer um longo caminho que vai desde a parte burocrática do visto até conseguir um local para ficar e finalmente competir.
Visto
O primeiro passo para conseguir competir nos Estados Unidos e tirar o passaporte junto à Polícia Federal mais próxima e depois a parte mais complexa: conseguir o visto.
Existem tipos diferentes de vistos, designados para os mais variados objetivos de viagens: B1 e B2 – destinados para turismo e negócios e o P1 – para atletas.
Os vistos B1 e B2 possuem validade de 10 anos, mas o passageiro pode permanecer no destino apenas 6 meses, tendo a obrigação de voltar. Neste modelo de visto, o passageiro pode até competir em provas internacionais, mas não pode ter ganho financeiro, pois este deve ser declarado.
Segundo Monica Bedani Amá, da agência Monica Viagens, o indicado é o atleta conseguir primeiramente o visto B1 ou B2 e, depois que estiver nos Estados Unidos, mudar o status do seu visto para P1.
Como conseguir o visto?
O processo para a retirada do visto é complexo e neste momento muitos atletas acabam tendo sua entrada nos EUA barrada. Para conseguir o visto, você precisa comprovar, através de documentos, que tenha vínculos com o Brasil e como tal, pretende voltar em uma data específica.
Essa comprovação ocorre por meio de registro em Carteira de Trabalho – comprovando que você possui emprego fixo, um bom salário e casa ou carro em seu nome. “Este é o principal erro dos atletas que querem competir fora e estão em busca do visto. Muitos não possuem emprego fixo, salário e por serem de origem humilde, não possuem nenhum bem no nome deles. Diante dessa realidade, a possibilidade de ter o visto negado é eminente”, explica Mônica.
Ainda segundo Mônica, cada detalhe é analisado, por isso, o auxílio de uma assessoria se faz necessário, para que você não esqueça nenhuma informação ou mesmo, cometa algum erro bobo, que pode resultar na negativa. Se o atleta teve uma negativa, pode no dia seguinte tentar novamente, corrigindo os erros que o levaram a receber o não.
Passaporte P1 para atletas
O segundo passo após a obtenção do passaporte B1 ou B2 é conseguir o P1, destinado aos atletas que participarão de competições com remuneração financeira. Nesta modalidade, Monica explica que é necessário a contratação de um advogado de imigração. “Essa contratação se faz necessária, pois o atleta deverá comprovar toda a sua vida atlética por meio de documentos. Não é possível conseguir esse visto sem o auxílio deste profissional”.
Essa comprovação é realizada por meio de documentos que atestem a carreira do atleta, como posição no ranking de uma associação, títulos, ganhos financeiros com as vitórias, matérias que por ventura tenha participado, enfim tudo que possa comprovar que o peão de fato compete.
“Essa é uma fase que precisa ser realizada com muito cuidado. O atleta precisa documentar desde o início da sua carreira e nada pode ser deixado para trás. Além disso, o atleta precisa de um patrocinador, uma empresa legalizada que estará com a sua logo estampada na camiseta do atleta”, ressalta. Essa é uma parte muito importante, já que, de acordo com Mônica, a empresa precisa estar com toda a documentação em dia, regularizada, para que possa ter validade junto à embaixada.
Outro documento necessário é a carta de um atleta renomado, que já está participando de competições nos Estados Unidos, que ateste que o requerente é um atleta, que possui ganhos e é filiado à uma associação. “Este atleta também precisa ser uma pessoa de renome, para que a carta tenha validade”, afirma Monica.
Estadia nos Estados Unidos
Não basta apenas comprar passagem, conseguir o visto e viajar, é preciso ter em mente onde vai ficar, treinar e o principal, com quais animais serão feitos os treinos. Em Burleson, Texas, o brasileiro Frederico Werneck possui uma propriedade destinada especificamente para isso, abrigar atletas brasileiros que querem competir nos EUA.
O Werneck Ranch foi lançado em 2006, e a ideia surgiu depois que o laçador encontrou uma grande lacuna no mercado. Os competidores que desejavam vir aos EUA, participarem das provas, não conseguiam encontrar animais competitivos. “Aqui não é igual ao Brasil, em que criamos vários animais. Aqui se cria dois, três e estes são tratados como membros da família”, comenta.
Diante dessa lacuna no mercado, Werneck resolveu adquirir alguns animais para competições, com exemplares de diversas categorias e para diversas modalidades, para oferecer aos brasileiros que quisessem ir aos EUA competir. “Eu busquei bons animais, pois aqui, culturalmente, o dono dos cavalos ganha uma porcentagem do prêmio”. Assim, nascia o Werneck Ranch, uma propriedade que abriga competidores estrangeiros que querem “conquistar a vida” em solo americano.
Ao longo dos anos, a propriedade já recebeu nomes de destaque no cenário nacional e internacional, e atualmente recebe em média 10 alunos por mês, oferecendo moradia e os animais para treinamento e competição.
Procura grande para competir em solo americano
O número de brasileiros que está em busca de “um lugar ao sol” nas competições americanas é grande. Segundo Mônica, por dia, ela chega a receber por volta de 10 atletas que querem competir nos Estados Unidos e destes, entre 3 e 4 apenas conseguem.
“É preciso estar atendo a todos os detalhes para conseguir o visto e ter a chance de ir realizar o grande sonho de competir nos Estados Unidos”, finaliza.
Por Camila Pedroso. Redação Cavalus
Fotos: Arquivo pessoal
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