Cerimônia de entrega dos prêmios de 2019 aconteceu um dia antes da abertura da final mundial em Las Vegas
O campeão mundial pela PBR em 2008, Guilherme Marchi, enxugou os olhos na noite de terça-feira, 5 de novembro, durante a cerimônia do PBR Heroes & Legends, no South Point Hotel Casino & Spa.
Foi o 47° competidor de montaria em touros a receber o Ring Of Honor. “É uma honra receber este anel e representar mais um brasileiro nessa lista. É difícil dizer algumas palavras agora, porque eu tive um sonho como vocês”, começa assim o discurso nosso ídolo.
Toda a plateia sorriu quando ele descontraiu na sequência, para aliviar a tensão do momento: “Eu tinha 15 anos e minha mãe me disse que eu não ia viver do rodeio, ia ser médico. Na hora eu pensei ‘merda’”.
É provável que ela tenha dito isso, porque Juliano, irmão de Guilherme, já era um bullrider. Mas ele pensava em andar a cavalo todos os dias quando estava no ensino médio. Tinha o sonho de se tornar um dos melhores cavaleiros de todos os tempos.
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Só para ilustrar, Guilherme chegou a ter uma foto de Jerome Davis, membro do Ring of Honor de 1999, escondida na capa de seus livros escolares quando criança. Cinco anos depois – 2004 – ele estreou, portanto, na série principal da PBR.
Um mês depois, montou Arizona para 85,5 pontos. A primeira nota de sua carreira em solo americano. Que, posteriormente, se tornaria o recorde de 635 montarias válidas na história da PBR.
Histórico
Ao subir ao palco do Grand Ballroom, Guilherme Marchi tornou-se apenas o segundo brasileiro a receber o Ring of Honor. Antes dele, outra lenda, Adriano Moares, tricampeão mundial. Que estava lá em Las Vegas ao lado do amigo.
Mesmo após sua aposentadoria das arenas, ano passado, Guilherme ainda é o único bullrider com mais de 600 paradas na série premier da PBR. Além disso, foi o primeiro de três competidores – Mike Lee, campeão mundial 2004 e J.B. Mauney, bicampeão mundial – a registrar 500 montarias válidas.
Foram 15 finais mundiais consecutivas para Guilherme Marchi. O tempo que ele passou na ativa, portanto, nunca deixou de se classificar para a decisão. Um ano e meio após sua estreia, ganhou a etapa Las Vegas (2005). Três anos depois, finalmente venceu o campeonato mundial (2008).
Nessa trajetória também foram três vice-campeonatos (2005, 2006 e 2007). Sobretudo, 2008 está entre uma das quatro melhores temporadas para um campeão mundial. Guilherme montou 72,55% de seus touros (74 de 102); vencendo cinco etapas e marcando 13 notas na casa dos 90 pontos.
Sonho
“Em 2008, meu sonho americano se tornou realidade e eu venci o campeonato mundial”, conta Marchi ainda em seu discurso. “Após os três vice-campeonatos, cheguei a achar que nunca ia ganhar. Mas Deus sempre nos da força. Fé é tudo”.
Adriano Moraes foi o responsável por apresentá-lo para subir ao palco. Foram adversários por pouco tempo já que o tricampeão mundial se aposentou em 2008. O mesmo aconteceu com Justin McBride.
“Os dois caras que me venceram de 2005 a 2007 pararam em 2008. Ufa! (risos)”. Antes de tudo, são três lendas da montaria em touros. E da mesma forma, continuam promovendo o esporte e a PBR em suas novas ocupações.
No palco, inegavelmente emocionado, Adriano disse sobre Guilherme: “Você precisa ser um homem de honra, fé, força, coragem para ser bom no rodeio ou onde quer que você esteja. E Guilherme Marchi tem todas essas qualidades. Acho que não há ninguém aqui nesta sala que tenha um coração maior do que ele”.
Sem dúvida, dias recheados de muitas emoções para Guilherme, seus amigos, família e fãs. Além disso, foi a primeira vez que ele esteve em Las Vegas para a PBR World Finals sem estar competindo.
Em síntese, para o brasileiro de 37 anos, que tem orgulho de seu legado, foram: 51 notas na casa dos 90 pontos; 25 títulos em etapas; três vitórias em 15/15; e o terceiro maior ganho de todos os tempos – US$ 5,3 milhões.
“Um dia vou embora e não vou levar o dinheiro comigo e nem fivela ou o anel, mas minha história vai ficar. Obrigado PBR. Obrigado a todos os fãs. Boa sorte para todos os cowboys.”
Por Justin Felisko/PBR
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Fotos: PBR