Aos 36 anos, João Ricardo Vieira disputará o título mundial 2020 da PBR. Em seu oitavo ano nos Estados Unidos ele se vê bem diferente hoje
Em 2014, João Ricardo Vieira entrou na disputa da PBR World Finals líder do ranking. A pressão que ele exercia sobre si mesmo era tamanha. Em sua visão, precisava provar a todos que pertencia àquela elite mundial do esporte. Hoje, segundo melhor do mundo e com chance de titulo novamente, seu coração está sereno. Antes de tudo, o brasileiro não precisa mais prova nada para ninguém.
Sete anos atrás, João Ricardo Vieira só dependia dele para colocar a mão na fivela de ouro. Bastava fazer uma boa exibição durante as finais, ou seja, parar nos bois. Contudo a história foi outra dentro do Thomas & Mack Center em Las Vegas. Silvano Alves e JB Mauney roubaram a cena e avançaram para um duelo pelo título. “Em 2013 e 2014, minha mentalidade era de que eu precisava montar a qualquer custo. Isso não era bom. Agora eu não vejo o Campeonato Mundial assim”, comenta o brasileiro à reportagem da PBR.
A fivela não foi para as suas mãos em 2014. Assim como em 2015, quando a batalha ficou entre JB Mauney e Kaique Pacheco. Mas, para João Ricardo Vieira, passado é passado, ele agora é um bullrider diferente. Antes de mais nada, as diferenças vão além dos fios de cabelo grisalhos espalhados por sua barba. “Não vejo mais que preciso provar nada para as pessoas. Agora vejo um homem no espelho com um bônus”.
2020: um ano bônus para João Ricardo Vieira
De acordo com o atleta, muitos, incluído o tempo, não esperariam que ele estivesse em forma e na briga pelo título mundial. “Se eu conseguir vencer a PBR World Finals, será muito bom. Se eu for e não ganhar, a mesma coisa. Portanto, se de fato eu conquistar esse campeonato mundial, ficarei muito, muito feliz. Tenho trabalhado para isso e não olho para trás no tempo. Vejo o número 1 ou o número 2 em meu futuro”.
Logo após João Ricardo Vieira vencer a primeira etapa de 2020 e liderar o ranking, muitos não contavam com um veterano de 36 anos nessa batalha. Segundo o artigo da PBR, o esporte Montaria em Touros é considerado um ‘jogo’ para jovens. A menos, é claro, que você seja um Adriano Moraes, campeão mundial de 2006 aos 36 anos. Os especialistas apontavam, todavia, que o protagonismo dessa temporada ficasse entre José Vitor Leme, Jess Lockwood, Chase Outlaw e Kaique Pacheco. De fato, eles ainda são favoritos, mas João está no páreo.
E as últimas semanas foram cruciais para deixar o brasileiro ainda mais perto da disputa. Especialmente a última etapa da temporada regular, em Nampa, Idaho, em que ele venceu. Alguns ainda dirão que João Ricardo Vieira não tem chance contra José Vitor Leme. O líder do mundial fez realmente uma temporada regular espetacular e João tira o chapéu para o talento do compatriota de 24 anos. Mas, independente de qualquer estatística, ele é o adversário com a melhor probabilidade de ‘jogar água no churrasco’ de Leme.
Expectativa
Antes de mais nada, o veterano tem seis vitórias no AT&T Stadium, local da final mundial. Todavia, ele lembra que matematicamente outros competidores têm chances. “Não só para mim, mas para outros. Quem fizer um bom fim de semana, parar nos touros, pode ser campeão mundial. Basta que pegue bons touros e monte bem. Eu, José, Kaique, qualquer um de nós, se não montarmos bem, os outros caras podem ficar com o título.” Só para o campeão da etapa final são 590 e João está atrás de Leme 459,09 pontos.
Respeito pelo adversários é o que não falta. José Vitor Leme não pontuou bem nas duas últimas etapas, mas isso não quer dizer nada. “José está focado no campeonato. Nos últimos dois eventos ele não montou bem, mas não será uma surpresa se ele fizer tudo certo na final. Ele é um talento e é muito consistente”, afirma o segundo melhor bullrider do mundo. E a história do campeonato mostra que as performances da final contam muito.
Antes do embate na PBR World Finals, de 12 a 15 de novembro, em Arlington, Texas, João e Leme se enfrentarão em Sioux Falls, South Dakota. Classificado como líder do ranking da Velocity Tour, Leme é um dos favoritos. João entra na final da segunda divisão, dias 6 a 7 de novembro, como convidado. Além do título, essa final vale pontos para o ranking mundial. Então, dependendo dos resultados, João estará ainda mais na cola de Leme quando a decisão de fato começar. “Sioux Falls será um bom lugar para treinar antes da Final Mundial. A verdadeira batalha será no Texas”, finaliza o brasileiro.
Veterano
Se passar pela final da Velocity Tour, Valdiron de Oliveira será o atleta mais velho na PBR World Finals. Aos 41 anos, o brasileiro se mantém preparado fisicamente, com treinos físicos na academia. São três horas diárias, incluindo fisioterapia. Esteve em 11 finais mundiais e tenta mais uma. Com a mesma idade que ele está outro brasileiro, Wallace de Oliveira. Os dois disputam a final da segunda divisão.
Antes de mais nada, Valdiron está feliz por ainda estar na briga por uma vaga na final mundial. Fisicamente, está em forma. Se acontecer, será uma vitória não só pela idade, mas também pelo histórico dos últimos anos. O brasileiro anunciou duas vezes sua aposentadoria, mas voltou ao esporte que ama. Paciência também faz parte das suas qualidades, já que, além de outros contratempos, aguardou a pandemia amainar para voltar a montar.
Para se ter uma ideia, o brasileiro só estreou na temporada em agosto, pela Touring Pro. Dois meses depois, ganhou uma etapa da Velocity Tour. Então, tudo ficou nos trilhos novamente. Valdiron entra em 24° lugar no ranking da segunda divisão e espera ficar com uma das duas vagas concedidas para as melhores performances da final. Ele garante estar pronto. Se dependesse da torcida, a vaga seria dele.
De acordo com a PBR, Valdiron de Oliveira é um dos grandes bullriders do circuito que nunca ganhou um título mundial. Só para ilustrar, ele ficou os oito segundos regulamentares em cima dos touros em 430 oportunidades nos Estados Unidos, a quarta melhor marca da história da PBR. As estatísticas ainda mostram que ele tem 12 vitórias em etapas da série premier, 23 notas na casa dos 90 pontos.
Ele foi, antes de mais nada, candidato ao título mundial permanente de 2008 a 2012. Agora está mais uma vez pronto para desafiar as probabilidades.
Fonte: PBR
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Crédito das fotos: BullStockMedia/PBR
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