O Fei.org conversou com um ‘flying groom’ para entender como melhorar o deslocamento de cavalos que viajam
O transporte de cavalos por meio de aeronaves é um grande negócio, pois equinos de alto valor são movidos entre países e continentes para competições ou fins de criação. Embora possa haver preocupação com um cavalo embarcando no porão de carga de uma aeronave, não há razão para que seja mais arriscado para cavalos do que para humanos, desde que estejam bem preparados e bem cuidados.
Uma área específica de preocupação é a saúde digestiva, com um risco aumentado de cólica, frequentemente associado ao vôo. No entanto, Matt Brooks, um ‘ flying groom’, especialista em cuidar e preparar cavalos para transporte em aviões, que trabalha na Peden Bloodstock , diz que um bom planejamento e o foco na redução do estresse podem limitar os riscos de problemas digestivos.
“Ser um groom de cavalos que são transportados através do ar é um ótimo trabalho! Passamos um tempo com eles e viajamos pelo mundo. É claro que, muitas vezes, não vemos grande parte do mundo. E nossa permanência em outro país geralmente demora apenas algumas horas”, afirmou Brooks.
Ele trabalha transportando cavalo há mais de 30 anos, mas fazendo esse trabalho em aviões, está há dez anos. “Meu trabalho envolve cuidar do bem-estar dos cavalos enquanto eles embarcam na aeronave e depois durante o curso do vôo, até que cheguem ao destino final. Há épocas muito movimentadas do ano e períodos mais calmos.
Brooks trouxe cavalos de todo o mundo para os Jogos Olímpicos do Rio em 2016 e também transportou os cavalos que competiram nos Jogos Equestres Mundiais da FEI do ano passado. As duas maiores competições em que ele teve atuação. Os cavalos são transportados em um Boeing 777, que leva até 75 cavalos por vez.
São em média três cavalos por baia. Em competições FEI, o transporte é feito com apenas dois cavalos por baia, portanto, segundo o profissional, viajam entre 40 a 50 cavalos por vez. “Nessa quantidade, conseguimos trabalhar em dez cavalariços e um veterinário. Sempre reiteramos que somos uma equipe com um foco em garantir o bem-estar de todos os cavalos. a bordo”.
E é muito raro que os cavalos tenham problemas quando estão em vôos. Eles se saem muito bem. Para Brooks, é menos desconcertante para eles do que viajar na estrada. Por terra, eles percebem que estão em movimento e no avião parecem reagir como se estivessem em casa. Não conseguem ver nada do lado de fora e nem imaginam que estão acima das nuvens”, reforçou Brooks.
A chave para que tudo corra bem é um bom planejamento para minimizar qualquer estresse. Dessa forma, a jornada é sempre segura para os cavalos. “É comum enviamos uma lista de requisitos aos proprietários. Solicitamos que pensem em garantir que o cavalo seja bem cuidado antes do vôo também”, disse Brooks, lembrando que um dos fatores que ajudam o planejamento é chegar com bastante antecedência.
Contando o deslocamento até o aeroporto, as horas de viagem aumentam. “É essencial os cavalos estarem bem hidratados e, claro, ter seu próprio feno e comida. Não devem sair de sua rotina de alimentação para manter o que o sistema digestivo deles está acostumado”. As cólicas podem ser causadas pelo estresse, então reduzi-lo é muito importante. “Queremos uma operação tranquila a bordo. Tudo bem sincronizado para não haver gritaria que possa assustar os cavalos. Quanto menos confusão, melhor”.
Outra dica de Brooks é colocar cavalos que já se conhecem na mesma baia. “É muito raro os cavalos desenvolverem problemas, mas suspeitaríamos de cólica se o cavalo começar a parecer desconfortável. Caso aconteça, o veterinário dá uma olhada neles e toma as medidas para que fiquem o mais confortáveis possíveis”.
Com tantas horas de vôos e a experiência com os cavalos, Brooks afirma que eles geralmente lidam muito bem com o vôo. “Nunca deixa de me surpreender como eles simplesmente aceitam as coisas. Para o cavalo e a equipe, a melhor coisa é um vôo em muitas emoções e livre de drama!”
Fonte: FEI
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Fotos: Peden Bloodstock