Uma lesão ano passado o tirou das arenas e um dos atletas mais bem-sucedidos do esporte Montaria em Touros fez uma parada na carreira
Robson Palermo, brasileiro e um dos ídolos mundiais da Professional Bull Riders, estava olhando para as montanhas cobertas de neve no final do ano passado. Com a família, ele passava um final de semana no Eldora Mountain Resort, em Nederland, Colorado. Mas o ambiente tranquilo não conseguia apagar a tensão em seu coração.
O desconforto não teve nada a ver com o fato de que estava sendo sua primeira vez praticando Snowboard e Esqui. A ansiedade dentro dele havia durado quase um ano e só piorava quando lembrava que a temporada 2019 da PBR estava prestes a começar. Aos 36 anos, ele sabia o que tinha que fazer.
Especialmente depois de conversar com sua esposa, Priscila, logo após o Dia de Ação de Graças (que nos Estados Unidos se comemora na terceira semana de novembro). Mesmo após toda reflexão desde que deu uma parada na carreira, ele ainda estava com medo de admitir o que já sabia ser verdade.
“Eu não queria mais esse sentimento duro em minha mente e no meu coração. Chegou a hora de colocar tudo isso para fora e dizer sim, é hora me aposentar”, contou Robson à reportagem da PBR. Era hora de anunciar publicamente sua aposentadoria. Os Palermos estavam em um mini-Natal de férias com o tricampeão mundial Silvano Alves e sua família.
As conversas entre os ídolos e suas esposas giraram em torno de sobre como Robson estava se saindo depois que decidiu tirar um ano de folga do esporte. Há um ano ele se afastou para tentar se recuperar de uma lesão séria sofrida na etapa 2018 de New York e se concentrar no que ele queria para seu futuro.
E, novamente, lá estava a etapa de New York ‘batendo em sua porta’. A nova temporada ia começar e ele tinha que tomar uma decisão. E ela veio. Na conversa franca de Robson e Priscila com seus amigos Silvano e Evelin.
No fundo, no entanto, o ídolo sabia que a decisão tinha que ser essa. Ao fazer a viagem de 18 horas de volta para Bullard, no Texas, Robson finalmente encontrou a paz que estava lutando para encontrar no topo daquela montanha em Nederland, Colorado.
“Demorou muito tempo, quase um ano para eu dizer isso, mas é hora de me aposentar. Tenho pensado muito todo esse tempo que eu estive em casa com minha família. Estou muito, muito triste, mas estou muito feliz também em finalmente decidir. Não falar sobre a aposentadoria me incomodou por um ano. Simplesmente, me levantei esta manhã e então soube que tinha que encerrar esse ciclo”.
Robson queria muito voltar as arenas e poder se aposentar durante a final mundial da PBR no final de 2019, como fez seu melhor amigo e campeão mundial de 2008, Guilherme Marchi, em novembro passado. No entanto, as condições físicas limitadas por lesões não o deixam fazer um retorno confiante e seguro.
“É difícil, porque não é assim que eu queria para. A imagem que sempre projetei era para estando no topo, montando bem, como a maioria dos caras. Como o Guilherme fez, ou Justin McBride, Adriano Moraes. Montar nas Finais, parar nos touros. Só então pegar minha corda e ir para casa sabendo que estava aposentado”.
Depois de um ano introjetando tudo isso, ele sabe que seu corpo não está mais funcionando como antes. “Meus ombros estão realmente me incomodando. Todo mundo sabe que eu já tive quatro cirurgias nos ombros e ainda preciso de mais duas para melhorá-los”.
Robson Palermo é um dos maiores bull riders que já passaram pela PBR. Nativo de Rio Branco, Acre, Brasil, é o único tricampeão da etapa final em Las Vegas, e o único a ganhar a etapa final dois anos seguidos. Nas estatísticas, tem 32 montarias em 57 tentativas (56,14%) em dez finais mundiais. Somou em prêmios US$ 1.173.591,67 só em finais do total de US$ 2.590.230,82 que ganhou na carreira nos Estados Unidos.
Sua estreia na PBR foi em 2005, pela Touring Pro, terceira divisão, em West Plains, Missouri. Três meses depois, já montava na série principal. Foram 310 montarias válidas em todo o tempo que montou na PBR, com 13 vitórias em etapas e 37 montarias na casa dos 90 pontos. Todos os maiores ídolos reverenciam o brasileiro. Para alguns, ele é um dos melhores atletas do mundo, mesmo sem ter um título mundial no currículo.
De 2007 a 2012, montou em alto nível, sempre como candidato à fivela de ouro. Talvez 2011 tenha sido a sua melhor temporada. Um aproveitamento de 59.74%, com dez montarias na casa dos 90 pontos, cinco vitórias em etapas, incluindo a segunda fivela da etapa final, e o terceiro lugar no ranking mundial.
Várias cirurgias no ombro por três anos consecutivos e danos permanentes nos nervos em seu braço de equitação alteraram para sempre sua carreira. Mas ele nunca desistiu e ainda se classificou para as finais mundiais mais três vezes após mais uma cirurgia no final de 2013.
Mas tudo isso o faz lembrar de quando chegou aos Estados Unidos em 2005 e o que ele projetava era menos de tudo que conquistou. “Fico muito orgulhoso quando as pessoas reconhecem meu trabalho. Ser o único a vencer as finais três vezes é impressionante. Para ganhar a etapa Las Vegas, é preciso montar todos os seus touros, ser impecável, parar nos melhores touros”.
E ele sonhou com isso desde que saiu do Brasil. “Eu queria aquela fivela em minhas mãos e no meu cinto, mas não deu certo. De qualquer forma, estou feliz com as minhas fivelas de campeão da etapa final. Eu serei um campeão mundial na vida agora”. A ideia é conseguir a cidadania americana e passar o resto de sua vida nos Estados Unidos, que se tornou lar para ele e sua família.
Por tudo que representa ao esporte, Robson será homenageado durante a etapa dos Estados Unidos da PBR Global Cup, em Arlington, Texas, nos dias 9 e 10 de fevereiro, no AT & T Stadium. Ele está extremamente feliz por ter alcançado o seu sonho americano e é grato por todos os seus fãs, patrocinadores e amigos que o ajudaram ao longo do caminho.
Entre os projetos, abrir uma escola ou instalação de treinamento para futuros cavaleiros e atletas de rodeio no Texas, para que eles também possam perseguir seus próprios sonhos. Dependendo da condição física de seus ombros, Robson pode até considerar uma carreira no Team Roping. Ele está pronto para o próximo capítulo de sua vida.
“É difícil deixar o esporte. Eu vou sentir muita falta porque toda a minha vida eu montei em touros. Desde os meus 14 anos. Tudo o que tenho é porque a PBR me deu a oportunidade de ganhar dinheiro. Estou muito feliz por isso, mas agora é hora de fazer coisas diferentes”. O peso em seus ombros finalmente cedeu!
Fonte: Justin Felisko/PBR
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Foto de chamada: PBR