ANCA procura agilidade das provas com novo elemento

Com 30 anos de existência, Associação vem buscando cada vez mais excelência em seus eventos

“Podemos dizer que conseguimos aprimorar bastante coisa na Apartação brasileira nesses 30 anos de ANCA. Todos os envolvidos, com toda a certeza, contribuíram para que a modalidade crescesse nesse tempo”, afirma o presidente da ANCA, Fernando Latufe.

Quer seja com as regras de competição, quer seja na seleção do gado, melhoramento genético dos animais pelos criadores. Ou ainda na preparação desses animais pelos treinadores. “Tudo em prol de melhorar o nível da competição e experiência dos competidores e amantes da modalidade”.

Dessa forma, um elemento que tem entrado em foco ultimamente nas provas da Apartação é o tempo. Sim, o tempo da apresentação é dos conjuntos. Quem acompanha sabe que cada prova dura 2m30s. De fato, isso não muda.

Aliás, já houve uma experiência nos Estados Unidos de tentar fazer a prova em dois minutos. Contudo, o consenso é que 2m30s é melhor para uma apresentação. Mas, então, de que tempo estamos falando?

Se você já foi a uma prova de Apartação ou viu vídeos da modalidade deve ter percebido duas coisas: um tempo entre uma bateria e outra para amansar o gado e a entrada do competidor na pista em direção ao rebanho.

Com o intuito de reduzir o tempo total de um evento são esses dois elementos que entram na jogada. Uma coisa é certa, o tempo fixo da apresentação. Então, para dar mais agilidade, é preciso reduzir o tempo de ‘amansação’ do gado ou o tempo entre os animais apresentados.

Ações

“No final de 2017, a ANCA iniciou o uso do cronômetro para que todos seguissem de forma ideal 20 minutos para a ‘amansação’ do gado. Não foi imposto como limite, mas ficava rodando o cronômetro para que todos os presentes tivessem uma base do tempo que estava sendo usado naquele momento entre uma bateria e outra”, explica Latufe.

De acordo com o dirigente, surtiu efeitos e ajudou a padronizar mais o tempo levado entre as baterias (quantidade de competidores que se apresentam em sequência). “Todos os competidores gostaram de ter essa referência presente nas pistas”.

Com um dos pontos sob controle, podemos dizer assim, a ANCA partiu para um estudo mais aprofundado. E levantou dados estatísticos dos últimos dez anos dos eventos organizados pela Associação. “Medimos o tempo entre o primeiro animal entrar na pista e o último do dia a sair. Dessa forma, dividimos pelo número de conjuntos para obter uma média de tempo por animal, incluindo o tempo de amansar”, reforça.

Levantamento

Uma vez que era preciso bastante cuidado no levantamento dessas informações, o grupo responsável usou dois recursos. Em primeiro lugar, se basearam nos horários das notas quando lançadas no sistema. Em seguida, conferiram tudo com os horários das filmagens para eliminar erros e atrasos.

Dessa maneira, chegaram a um veredicto: houve um aumento no tempo das provas significante entre 2011 e 2019. “Dos seis minutos por animal que levava em média entre 2010 e 2015, começou a aumentar em 2016 e ultrapassou sete minutos na temporada 2018/2019”, lembra o presidente.

Ações 2

De fato, com os dados em mãos, era preciso tomar alguma medida. Em uma tentativa de reduzir esse tempo, ano passado surgiu a ideia de usar o cronômetro para ajudar. E de que forma: um a dois minutos marcados como tempo entre os competidores. Ou seja, quando acabar uma apresentação o próximo tem que começar a sua nessa janela.

Com efeito, não é nenhuma ideia mirabolante, já que os maiores eventos da NCHA fazem assim. Imagina uma prova onde são mais de 500 passadas para serem realizadas em cinco dias? Se não tiver um controle rígido não acaba nunca. E com esses exemplos todo mundo aprende.

Você pode se perguntar que se no Brasil não temos essa quantidade de cavalos, porque se preocupar com isso. Então podemos te dizer que tudo que é reservado para melhorar a experiência não só de quem compete, mas também de quem assiste, é válida. Muitas vezes, a morosidade da ‘amansação’ e o tempo entre um conjunto e outro atrapalha.

Portanto, via de regra, o competidor tem um minuto para passar a linha de tempo logo após ser chamado, ou dois minutos se ele estava apresentando ou rebatendo para o animal anterior.

Latufe explica que nos Estados Unidos é tão sério isso que até multa pode ser aplicada. “Há um sistema de multas para aqueles que não começam suas apresentações antes da campainha soar: US$ 200,00 para a primeira ocorrência e US$ 500,00 para as demais”.

Na prática

O sistema para agilizar a prova de Apartação pela ANCA já começou a ser implementado. Conforme noticiou a Associação, o cronômetro para marcar o tempo entre um conjunto e outro foi usado pela primeira vez pelo NPCA, durante a primeira etapa do Campeonato Paulista ano passado.

“A adição do cronômetro foi fundamental para o nosso evento por dar agilidade as provas. O número de inscritos tem subido, essa etapa do Paulista, por exemplo, foi recorde. Com a adoção desse cronômetro, viabilizamos a programação apertada em dois dias de evento”, conta Andrea Borim, diretora do NPCA.

De acordo com ela, foram dois dias intensos nesse caso, se não tivessem esse controle de tempo não teriam terminado no prazo acordado. “E acredito que essa seja uma prática viável e saudável não só para a Apartação, mas também para outras modalidades. A fim de conseguir dinamizar os eventos, com seus intervalos necessários”.

Posteriormente, mais três dos maiores eventos da modalidade, – Potro do Futuro ABTCA, Super Stakes ANCA e Derby Gruta Azul/2ª etapa do Campeonato Sul Matogrossense NSMCA – também usaram o sistema.

Dinâmica

As multas, sobretudo, não chegaram a ser instauradas. “Apesar dos competidores ainda estarem acostumando com o cronômetro, a medida já surtiu efeito. O tempo médio dos animais tem abaixado para 6m41, ou seja, 20 segundos a menos que a temporada passada. Pode parecer pouco, mas para os espectadores – platéia e todos em volta da pista – são 20 segundos assistindo cavalos apartando e não cavalos rodando”.

Para reforçar, Latufe diz que o objetivo é melhorar as provas para todos. Fazer eventos mais ágeis. O Derby ANCA e a 2ª etapa do Campeonato Paulista NPCA que aconteceriam no final de semana passado seriam mais um termômetro para o sistema.

Mas tiveram que ser cancelados por conta do impedimento de circulação de pessoas por causa do surto do novo coronavírus. Sem dúvida, assim que as provas forem liberadas novamente, é algo que vai chamar bastante atenção de quem for assistir as provas de Apartação. Fique ligado!

Outras informações: www.anca.com.br.

Por Luciana Omena
Com a colaboração da ANCA
Crédito da foto: Divulgação/NPCA/Foto Perigo

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