Pai e filha, especialmente, tocam negócio há mais de dez anos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul
Uma família do cavalo e da Apartação. Essa é a família da Fazenda Gruta Azul, encabeçada por Norberto Soares Leite, que tem a ajuda de sua filha, Patricia Arakaki Leite Miglioli. Os dois estão sempre juntos dentro e foras das pistas, e dão um show. Não só colecionando títulos, mas em simpatia e sucesso nos negócios. A família fica completa com Celina, esposa e mãe, Simone, filha e irmã, Amilton, genro e cunhado, Lucas, genro e marido, Sofia e Felipe, netos e filhos.
Entre tantas histórias e tantos pódios, a Fazenda Gruta Azul se sente imensamente orgulhosa com o reconhecimento de seus esforços para melhorar técnica, instalações, animais. Por dois anos seguidos eles subirão ao palco do ABQM Awards, o ‘Oscar’ do Quarto de Milha, raça que abraçaram, para receber prêmios como Melhor Criador, Melhor Proprietário, Melhor Reprodutor, Melhor Reprodutora e Melhor Amazonas na modalidade Apartação. Uma grande alegria receber uma premiação tão importante, conta Patrícia. “A coroação do trabalho realizado”, disse ela. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa história?
Como começou a Fazenda Gruta Azul?
Patrícia: Quando meu pai adquiriu a Fazenda Gruta Azul, em 1998, logo construiu uma pista de Team Roping e adquiriu alguns animais da modalidade, para praticar na fazenda mesmo. A criação começou pequena, com um garanhão e algumas éguas de trabalho, mas nenhuma linhagem específica. Algum tempo depois, eu e minha irmã começamos a treinar Três Tambores e eu iniciei nas competições aqui no Mato Grosso do Sul. Na época, era a modalidade que predominava no Estado. Participamos de provas de Team Penning também.
Por volta de 2003, tivemos o primeiro contato com animais de Apartação, quando o Carica levou alguns animais para treinar no centro de treinamento onde eu e minha irmã fazíamos tambor. Logo comecei a treinar com ele (Carica), e em 2004 participei da minha primeira prova, o Congresso ABQM, na categoria Amador Principiante, com uma égua emprestada. Ganhei a prova e nunca mais parei de treinar Apartação!
Como está estruturada a FGA?
Patrícia: Possuímos um total de 250 cavalos, 45 baias e 100 hectares de pastos de tifton, jiggs e flora kirk. São seis funcionários entre treinamento e reprodução, além dos veterinários esportivo e reprodutivo.
Patrícia: Por ser uma linhagem diretamente ligada à lida com o campo, onde os animais são extremamente inteligentes e possuem o cow sense (senso do boi), o que para nós é apaixonante!
Como a Apartação tornou-se tão presente na vida da FGA?
Patrícia: Com a minha entrada nas provas, começamos a selecionar animais para a modalidade, há cerca de dez anos. Em 2007, por estar no último ano de faculdade, decidi ficar um ano sem montar. Assim, meu pai passou a montar as éguas nesse período, para que elas não ficassem fora das competições. No Campeonato Nacional ABQM desse ano, ele se classificou com as duas para a Copa dos Campeões ABQM, e nesta prova foi Campeão Amador e Amador Principiante e também Reservado Campeão Amador Principiante. E claro, nunca mais deixou de montar em cavalos de Apartação!
Foto: Jader Pacheco
Quais as ações ao longo dos anos que tornaram a FGA uma referência no cavalo e na Apartação?
Patrícia: Buscamos voltar a criação para animais de performance, adquirindo garanhões e matrizes provados nas pistas e/ou reprodução, e de linhagens comprovadas no trabalho com o boi. Importamos éguas ganhadoras nos Estados Unidos, que vieram a ser campeãs aqui também.
Fizemos uma reestruturação na parte do Haras a fim de proporcionar as melhores condições tanto para a criação como para o treinamento dos animais, para que possam mostrar todo seu potencial nas competições. O grande marco na nossa história foi a vinda do garanhão This Kats King dos Estados Unidos, quando buscávamos um animal com as qualidades inerentes a um grande raçador. Este alazão, procurado por Phill Rapp, o maior ganhador de dinheiro na história das pistas americanas, somente foi para sua sela após o Futurity da NCHA. Com ele, fez a campanha nas provas de idade e depois de completar sete anos, foi vendido para nós a fim de continuar sua trajetória no Brasil. Aqui participou de poucas provas, mas sagrou-se campeão Sul Matogrossense de Apartação nas categorias Aberta e Non Pro, quando decidimos aposentá-lo das pistas.
Sempre tivemos convicção de que transmitiria toda a sua habilidade aos seus filhos, assim como seu pai, High Brow Cat, o fez. E estávamos certos, com apenas três gerações e poucos filhos em pista, é o melhor reprodutor na Apartação pela ABQM pelo segundo ano consecutivo, e também o melhor reprodutor da última temporada pela ANCA. Sua produção tem colocado a FGA no topo das estatísticas da modalidade desde que estreou, em 2015.
Foto: Adilson Silva
Como buscaram maior conhecimento para crescer e prosperar no negócio que escolheram?
Patrícia: O início foi difícil, erramos muito nas nossas escolhas, com pouco conhecimento na área. Mas buscamos aprender com os erros e observar os casos de sucesso tanto no Brasil como fora. Também procuramos explicações e ensinamentos dentro das pistas, a cada passada que damos, com a cabeça aberta a tudo que possa agregar. Hoje procuramos nos cercar de profissionais capacitados em todas as áreas que englobam a criação e treinamento.
Garanhões e matrizes de destaque.
Patrícia: As primeiras matrizes de destaque que tivemos foram Freckles Mentira, Peppy Playmate e Dun Olena, grandes professoras nas pistas. Depois chegaram as importadas ganhadoras nos EUA, dentre as quais hoje se destacam na reprodução Dualena Top CD e Play With This Deal, as maiores produtoras da fazenda e líderes de ranking, e KF Boon A Lena, Itty Bity Hot Spot e Quick To Dual, grandes atletas em competição cujos filhos estão prestes a estrear em provas nos próximos anos.
Haidas Little Doc foi nosso primeiro garanhão de destaque, produzindo campeões em casa. Em 2010, chegou This Kats King, nossa grande referência. Também trouxemos Play N Oak, filho do Playgun, cuja primeira geração será domada este ano, e somos sócios do Spooky And Smart, grande produtor em diversas modalidades.
Foto: Adilson Silva
Qual a filosofia de criação da FGA?
Patrícia: Procuramos criar animais de performance, futuros atletas que tenham condições de se destacar em qualquer modalidade de trabalho. Criamos cada animal com o cuidado e respeito necessários, criando um ambiente onde possam crescer livres de estresse e prontos para dar o seu melhor. Colocamos no mercado o animal que gostaríamos de comprar.
O que o cavalo representa na vida da família?
Patrícia: O cavalo representa união, toda nossa família se envolve em torno desta paixão, e é o que espero passar para os meus filhos.
Por Luciana Omena
