Boa notícia para o hipismo brasileiro. Após 16 anos sem competir pelo país, Luciana Diniz, amazona de cinco Olimpíadas, volta vestir a camisa verde e amarela.
A amazona é integrante da tropa de elite do hipismo mundial e estava defendendo a bandeira de Portugal desde 2006. O país é a terra de seus avós. O anuncio do retorno ao time brasileiro ocorreu na segunda (18).
A tradição, o amor pelos cavalos e os esportes estão no DNA da família Diniz. Lica Diniz, mãe de Luciana, foi oito vezes campeã brasileira de adestramento, seu pai Arnaldo dos Santos Diniz, jogador de Polo, modalidade também praticada em alto nível por dois de seus irmãos: André e Fábio, e Pedro Diniz, ex-piloto de Fórmula 1.
Aos 18 anos, Luciana, que começou a montar aos 9 anos e iniciou sua carreira na Sociedade Hípica Paulista, se mudou para Bélgica para época treinar com Nelson Pessoa Filho, o Neco, um dos principais treinadores do hipismo mundial.
A carreira deslanchou. Em 1994, Luciana disputou seu primeiro Mundial, na Holanda, em 2004 integrou o Time Brasil, nono colocado em Jogos Olímpicos de Atenas. “Saltar uma Olimpíada pelo Brasil foi a realização de um sonho”, lembra Luciana.
Em 2006, Luciana passou a defender Portugal. Desde então, foram cinco Jogos Olímpicos. Na Rio 2016, Luciana foi nona colocada com Fit for Fun, e em Tokyo 2020+1, Luciana com Vertigo du Desert “bateu na trave” na disputa por uma medalha fechando em décimo lugar com apenas uma falta no penúltimo obstáculo na grande final.
Luciana ainda venceu e se classificou para inúmeros GPs5*. Em 2015, a amazona com sua égua Fit For Fun foi campeã da classificação geral do Global Champions Tour, com vitória nos GPs de Madrid, Viena e Doha, entre outras classificações.
No último dia 3, no CHIO Aachen 2022, meca do hipismo mundial na Alemanha, Luciana aposentou oficialmente sua égua Fit fo Fun, também duas vezes vice-campeã no GP Rolex de Aachen.
O que te motivou a voltar a defender a bandeira do Brasil?
Luciana Diniz: Meu retorno tem motivações pessoais, familiares e profissionais. Diria que as de cunho pessoal são as mais fortes, um sentimento de voltar para casa.
Você bateu na trave nos Jogos de Tokyo 2020+1. Como foi e que lição você tirou dessa situação?
Luciana Diniz: Sofri uma queda apenas dois meses antes dos Jogos Olímpicos. O Andreas, meu ex-marido, pai dos meus filhos e treinador estava montando o Vertigo. Pude ficar cinco semanas sem montar às vésperas do Jogos e meus cavalos estavam em plena forma.
A falta foi um dos grandes ensinamentos do esporte. Cair sete vezes e se levantar oito. Os tombos, os “up and downs” fazem parte do esporte e da vida. O importante é perseguir seus sonhos. De maneira estratégica e equilibrada.
Você segue treinando em Centro de Treinamento de Andreas Knippling, em Hennef, na Alemanha?
Luciana Diniz: Sim, agora estamos nos preparando com vistas a Paris, estou vivendo esse sonho de saltar pelo Brasil na Olimpíada da França.
Qual conquista da sua vida você diria que é uma das mais marcantes?
Luciana Diniz: Vencer o GCT 2015 com Fit sem dúvida foi uma das minhas conquistas mais marcantes.
A metodologia Butterfly (Borboleta) que você desenvolveu aprimora não somente o cavaleiro e cavalos, como também o desenvolvimento e equilíbrio pessoal. Pode nos falar um pouco sobre ela?
Luciana Diniz: Trata-se de uma visão holística sobre o esporte. Um método que considera os aspectos que influenciam no seu desempenho, desde o emocional, o físico, o técnico, etc. E este aprendizado pode e deve ser aplicado na sua vida profissional e pessoal: “a better person and a better rider” – uma pessoa melhor e um cavaleiro/amazona melhor.
Como é a sua preparação física, especialmente após a sua queda?
Luciana Diniz: Faço um acompanhamento com pilates, fitness, exercícios myoflex, trabalho de toda forma para fortalecer um problema que foi fruto de uma queda. Estou ótima e aprendi a viver com uma artrose crônica e tenho que tomar sempre bons cuidados como aprender a cair com ajuda de aulas de judô e outras.
Qual é a sensação de competir em alto nível?
Luciana Diniz: Espero ser uma motivação para as jovens amazonas. O hipismo é singularíssimo neste aspecto de que homens e mulheres de diferentes idades competem em igualdade. É fantástico. Chegar ao nível internacional é difícil independente do gênero, embora o meio seja machista, como em tudo.
Como foi a sua recepção pela Confederação Brasileira de Hipismo?
Luciana Diniz: Fui recebida de braços abertos, o que me deixou muito feliz e ainda mais entusiasmada. O Fefo, (Fernando Sperb, presidente da CBH), disse que sempre foi meu fã e que seu sonho seria me trazer de volta. Fiquei muito feliz ao escutar isso. O Pedro Paulo Lacerda, chefe de equipe, também foi sempre fiel e há anos tenta me persuadir a voltar. Tudo tem a hora certa. O Pan-americano no Chile e Olimpíadas de Paris são meus próximos objetivos.
Por: Assessoria de imprensa CBH
Fotos: Luis Ruas
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