Thiago Paiva Moreira tem experiência internacional

O treinador, entre outros, foi quarto lugar ano passado na categoria All Levels do mundial de Ranch Sorting pela RSNC US

Thiago Paiva Moreira tem experiência internacional e comanda seu centro de treinamento e o campeonato RSBR. Comecei no cavalo aos 15 anos de idade. Primeiramente, fez Hipismo Clássico, Salto. Logo depois, como tinha vivência em fazendas, conheceu as modalidades western.

Dessa forma, Thiago Paiva ingressou no Team Roping por um tempo, em seguida conheceu o Team Peening e o Ranch Sorting. Há 15 anos fundou seu centro de treinamento, a Cowboys Company.

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Início de carreira

“Desde o começo, meu centro de treinamento foi voltado, principalmente, para o amador. Sempre orientei de adultos a crianças. Eu arrendava uma fazenda entre Campinas e Jaguariúna/SP. Meus clientes eram todos dessa região.

O pessoal ia passar o final de semana para treinar com os cavalos. E íamos também para as provas da ABQM e provas regionais. A Liga Leste Paulista de Team Penning é o campeonato mais forte e sempre participamos. Começamos na Liga e em seguida partimos mais fortes para as provas da ABQM.

O Ranch Sorting e o Team Penning duas modalidades relativamente irmãs, cada uma com suas particularidades e diferenças. Eu atuo nas duas, tendo bastante cuidado aos usarmos o mesmo cavalo paras as duas modalidades”.

Treinamento dos cavalos

“O cavalo de Team Penning é um pouco mais agressivo, um cavalo com mais explosão. Não fica tanto na mão quanto um cavalo de Ranch Sorting. Especialmente pela diferença das pistas, o curral de Ranch Sorting onde trabalhamos é um espaço pequeno, o cavalo precisa estar mais na mão. A base de Apartação é muito importante”.

Principais títulos

“Fui campeão Potro do Futuro de Team Penning, campeão Nacional Team Penning e Ranch Sorting, campeão da Copa dos Campeões, campeão Latin America AQHA/ABQM.  Mais um título bem importante foi do quarto lugar na final mundial de Ranch Sorting pela RSNC Estados Unidos em 2019.

Todavia, no meu programa de treinamento, gosto de focar nos resultados dos meus amadores. Quero o meu cliente feliz com o seu cavalo. São os amadores que fazem a modalidade crescer e sustentam o esporte”.

Participação no mundial da RSNC

“Esse foi o terceiro ano consecutivo que eu fui para os Estados Unidos. Nos dois primeiros anos eu participei de eventos pequenos, provas regionais. Acompanhando Brian Buckner. O conheci logo após ele vir ao Brasil em 2017 ministrar uma clínica da modalidade.

Em junho do mesmo ano fui para casa dele. Participei de duas provas de Team Penning e Ranch Sorting. Eventos com 200 a 300 inscrições. Acabei ganhando algumas categorias nas duas modalidades.

Em 2018 eu já voltei com um grupo de competidores. Fomos em dez brasileiros e também ficamos na casa do Brian. Ele nos deu curso e nos levou para uma prova. Tinha vontade de conhecer essa prova, pois era bem para amador. Queria, primordialmente, ter uma noção real do nível das modalidades nos Estados Unidos.

Uma das grandes oportunidades para isso também é a final mundial da RSNC. Ela é muito forte no Ranch Sorting por lá, então foi uma experiência muito interessante. Indico para qualquer um participar desse evento”.

De fato, adquiri mais conhecimento e ainda peguei pódio. Muito gratificante! Dois clientes meus que foram junto, o Leandro Marquezi sagrou-se campeão mundial em uma das categorias. Uma das coisas que temos que enfrentar quando competimos fora é montar em cavalos que não conhecemos. Mas dá para tirar de letra, eu monto dez cavalos diferentes no meu dia a dia aqui no Brasil.

Esse ano eu fiquei um tempo maior que o grupo. Participei de duas competições anteriores ao mundial. Em suma, foram 30 dias que estive nos Estados Unidos, na casa do Brian.Trabalhando lado a lado com ele nesse meio tempo”.

Thiago Paiva Moreira e o pessoal da Cowboys Company

Diferença entre o Brasil e os Estados Unidos

“A maior que notei no Ranch Sorting é que no Brasil ele é muito mais próximo do Team Penning. Em princípio, uma prova de ‘ataque’ onde o competidor precisa ir até a boiada para apartá-la. Nos Estados Unidos não, é uma prova de ‘defesa’, pois os bois são xucros. Eles partem para cima da gente para ultrapassar a porteira.

Com efeito, o nível dos cavalos é muito diferente. As pessoas correm prova pensando nisso. Dessa forma, a parte técnica dos americanos é superior e temos muito que aprender com eles. Sobretudo a leitura de boi é muito diferente daqui. Primeiro porque eles lidam com boi xucro, o boi é fresco para a prova, não é boi treinado. Até a fita que envolve a boiada é diferente, não estressa o gado, porque ela é só colada. A pista também só se corre de um lado, para dar condição igual a todo mundo.

Não faz o revezamento. A pista é mais quadrada para que o conjunto possa ter uma facilidade em defender esse boi na porteira. Permite que empurremos os bois para os cantos, é muito diferente. Eu indico, sem dúvida, todo mundo ir assistir uma prova lá ao vivo. Acredito que melhoria ainda mais a nossa modalidade por aqui.

Outras considerações sobre Brasil X Estados Unidos

“Hoje, aqui, é uma prova de tocar o boi, empurrar o boi. E o Ranch Sorting em sua essência não é assim. É preciso defender o boi, não deixar que ele passe por você. Nos Estados Unidos, só para exemplificar, um handcap 6, para iniciantes, relativamente, recebem 700 passadas com mais de 50% de aproveitamento. E aqui temos em média 90 na Copa dos Campeões Aberta. Não tenho certeza absoluta, mas deve ter havido uns 60% de SAT”.

O nível é igual, só que o conceito é diferente. Nos Estados Unidos a pessoa faz o que o gado proporciona. Portanto, a dupla não força empurrar três bois para fazer uma sequência. Ela quer fechar com aproveitamento, e se tiver apenas um boi no curral estão satisfeitos. O objetivo é não tomar SAT. Aqui no Brasil o objetivo é fazer um tempo na casa dos 27 segundo. Entretanto, apertar para fechar em torno desse tempo arrisca-se muito a sair da pista sem aproveitamento técnico”.

RSBR

“2019/2020 é o nosso segundo campeonato, são dois anos de associação. Esse ano entramos como Copa também da RSNC Brazil. Realizamos três etapas da temporada 2018/2019. Para esse novo ano hípico estamos programando duas etapas em 2019 e mais duas em 2020, todas Rio Claro, no Haras Luana.

A RSNC Brazil é muito interessante. É uma empresa que estruturou o Ranch Sorting, então é bem legal a nossa parceria. No RSBR temos o campeonato oficializado ABQM e agora o primeiro campeonato RSNC/RSBR. Pela RSNC serão três categorias.

A primeira etapa foi muito legal, no final de setembro, com mais de 400 passadas [120 pela Copa RSNC/RSBR].

Aproveitamos para implementar juntos o que vimos nos Estados Unidos dando certo, como o número da boiada em faixas coladas, não mais com elástico. Também corremos as categorias RSNC de um lado só da pista, para dar iguais condições a todos os competidores”.

Por Verônica Formigoni e Luciana Omena
Colaboração: Analucia Araújo
Fotos: Cedidas