Lucas Teodoro ‘abriu mão’ de uma carreira consolidada no Brasil e aos poucos colhe frutos do seu trabalho atuando pela PBR
O brasileiro Lucas Teodoro, conhecido como Gauchinho, foi confirmado como um dos quatro salva-vidas oficiais da PBR World Finals. A saber, a final mundial de Montarias em Touros está marcada para 12 a 15 de novembro em Arlington, Texas. Antes de mais nada, essa escolha é feita através de votação pelos principais competidores do campeonato.
Essa será a terceira experiência do brasileiro no evento, onde atuará ao lado de Frank Newsen, Cody Webster e Jesse Byrne. Porém, a primeira vez que Gauchinho é selecionado diretamente entre os quatro mais votados. Em 2018, o salva-vidas fez história ao tornar-se o primeiro brasileiro a atuar na PBR World Finals.
De acordo com as informações, na oportunidade ele substituiu um dos quatro salva-vidas do evento, que estava lesionado. Enquanto que no ano passado, Lucas, listado como reserva, foi chamado para substituir os titulares em um round da grande final, que aconteceu em Las Vegas.
Vale lembrar que em 2020, o profissional brasileiro também atuou como titular no Iron Cowboy em Los Angeles. Assim como na Global Cup, a competição entre seleções da PBR, e na etapa da primeira divisão em Fort Worth, Texas. Além disso, Lucas Teodoro atuou em diversas outras etapas do Pendleton Whisky Velocity Tour, o principal campeonato da divisão de acesso da PBR.
Acima de tudo, é importante ressaltar que Lucas Teodoro ‘abriu mão’ de uma carreira consolidada no Brasil. Ele era, sem dúvida, um dos nomes mais requisitados nos grandes eventos. E partiu para começar praticamente do zero nos Estados Unidos, subindo degrau por degrau em busca de seus objetivos.
Natural de Espírito Santo do Pinhal/SP, o brasileiro tem uma ligação antiga com o rodeio. Conversamos com ele, confira!
Como você começou no rodeio?
“Quando era pequeno, meu pai era presidente da Festa do Peão de Serra Negra, cidade onde eu morava. Também, por um período, um tio tinha cavalos de rodeio, então eu sempre estava envolvido no meio. Quando eu tinha uns 13 anos de idade, mais ou menos, eu e mais alguns amigos queríamos montar em touros. O pai de um deles fez uma arena em casa e começamos a montar em garrotes.
Nessa mesma época eu conheci um salva-vidas de rodeio, o Mateus Massera. Ele trabalhava em um torneio de final de semana no Clube Hotel Xerife, na cidade de Santo Antônio do Jardim/ SP. Um dia ele me chamou para entrar na arena e ajudar. Fui por brincadeira e me apaixonei pela profissão. Continuei treinando por alguns anos no mesmo local”.
Então você já começou como salva-vidas, né?
“Sim, comecei a carreira no rodeio como salva-vidas. Como mencionei, cheguei a montar em dois ou três garrotes. Mas nunca em touros. Minha carreira no rodeio começou como salva-vidas mesmo. Aos 16 anos de idade, trabalhei em meu primeiro rodeio profissional, em Santo Antônio do Jardim. Nessa época conheci outro salva-vidas, Risadinha. Ele me viu trabalhar e gostou. Me dava oportunidades em alguns eventos.
Logo após fazer 18 anos, trabalhei por dois anos para um Cia de Rodeio VR. Em seguida, em 2010, entrei para o time de salva-vidas do campeonato da PBR Brasil. Desse modo, atuei toda temporada nas etapas de acesso. Até que no final do ano fui votado entre os três salva-vidas para fazer a final nacional da PBR Brasil. Não pude participar, infelizmente, pois estava lesionado.
Em 2011, por consequência, atuei em todas as etapas principais do campeonato. Posso dizer que trabalhei em todos os rodeios que sempre sonhei no Brasil. Conquistei, sem dúvida, o meu espaço entre os grandes nomes do rodeio brasileiro. Mas sempre tive em meus planos que queria vir para os Estados Unidos, tentar uma carreira aqui. Em outras palavras, foquei em fazer meu nome no Brasil para depois sair em busca do sonho”.
Quando decidiu ir para os Estados Unidos?
“Em dezembro de 2012 embarquei pela primeira vez pra cá. Um desafio quando cheguei, por não conhecer ninguém, não conhecer a cultura. Mas eu já tinha comigo que nada seria fácil aqui pra mim. Fiquei quatro meses na primeira vez. Fui a alguns eventos e voltei para o Brasil para trabalhar a temporada 2013. Em resumo, passei dois anos indo e vindo ate que realmente decidi me dedicar 100% a minha carreira aqui em 2015”.
E como tem sido desde então?
“Foi muito difícil para mim. Muitas vezes eu estava parado aqui, sem ter rodeio para trabalhar. E os rodeios grandes no Brasil acontecendo e eu sabendo que poderia estar lá trabalhando. Mas eu sempre procurei focar nos meus objetivos. Sabia bem o motivo de ter vindo para os Estados Unidos. Inegavelmente, no decorrer dos anos, fui conquistando meu espaço aqui, indo a eventos abertos.
Entre esses evento, algumas etapas da PBR Touring Pro – terceira divisão do campeonato mundial. Até que começaram a aparecer oportunidades para trabalhar em eventos da PBR Velocity Tour. Só para exemplificar, em 2018 eu estava em quinto na votação para a final mundial. Um dos quatro se machucou semanas antes e eu fui convocado. Antes de mais nada, meus sonhos se concretizaram.
Imagine só, trabalhar em uma final mundial da PBR. No ano seguinte, 2019, trabalhei em alguns eventos da Unleash The Beast, a divisão principal. Ao final da temporada, novamente fiquei em quinto na votação. Trabalhei na final da PBR Velocity Tour e voei às pressas para Las Vegas dias depois, para substituir um colega lesionado. Mas só autuei um dia, pois ele melhorou e voltou para a arena.
Este ano de 2020 trabalhei em algumas etapas UTB e também da Velocity Tour e fiquei em quatro na votação para a PBR World Finals. Algo que tem um significado muito grande para mim. É uma honra fazer parte dos quatro bullfighters da PBR”.
Qual a diferença entre os touros do Brasil e da PBR nos Estados Unidos; você já sofreu acidentes?
“Os touros no Estados Unidos são mais rápidos, mais bravos e pulam mais também do que os touros do Brasil. Sofri poucos acidentes graças a Deus! Em 2010, rompi um ligamento do joelho. Já em 2014, tomei uma chifrada que perfurou minha perna. Nessa tive que passar por cirurgia. Assim como em 2020, quebrei o braço e passei por cirurgia”.
E como é o seu dia a dia aí com nos Estados Unidos e com a PBR?
“Eu passo o máximo de tempo que posso com minha família em Decatur, Texas, onde moramos. Minha esposa Ingrid e meu filho Gabriel de 2 anos. Sobretudo, faço um treinamento físico diário. E nos finais de semana vou para os eventos. Muitas vezes temos que sair na quinta-feira, viagens longas. E sempre gosto de chegar na cidade um dia antes do evento. Por conta de algum imprevisto acontecer eu tenha tempo suficiente. Aqui lidamos muito com mudanças climáticas”.
Por Luciana Omena
Colaboração: Abner Henrique Therezio
Crédito das fotos: Divulgação/André Silva
Veja mais notícias da editoria Internacional no portal Cavalus