Hoje, Alisson Aguiar trabalha em uma grande companhia de rodeio. De modo que aguarda o fim da pandemia para buscar seu último passo no rumo da carreira profissional. Antes de mais nada, o competidor do Acre tem como objetivo realizar sonho que o pai não conseguiu.
O sonho de ser um competidor, às vezes é interrompido por diversos motivos: falta de talento, falta de sorte, falta de recursos, distância. E, muitas vezes, falta de apoio da família. Só que, mesmo interrompido, esse sonho pode se manter vivo através dos filhos. Aquela frase tradicional: ‘de geração para geração’.
Com toda a certeza, no caso do competidor do Acre, da cidade de Rio Branco, o apoio dos pais para que seguisse no rodeio veio da extensão do sonho não realizado pelo pai dele. Alisson Aguiar, portanto, não é o único tentando seguir longe na carreira na montaria em touros.
Família
Filhos de competidor, Alex, Alisson e o Anderson Aguiar tiveram o apoio do pai, Valdecir Lima Aguiar. E Rio Branco, Acre, geograficamente é uma região muito distante do centro do rodeio no Brasil.
O Sr. Valdecir, pais dos garotos, sempre os incentivou a competir. Desde pequenos, colocando um ou outro em cima de um bezerro. No tempo que ainda percorria os eventos de montaria no Acre e em Rondônia.
“A gente não levava muito a sério, porém, um dia, meu pai teve que parar de montar. Ele precisava sustentar a família. Nesse momento soubemos que o sonho pessoal dele estava interrompido”, lembra Alisson, o filho do meio.
Mas, para o Sr. Valdeci, seu sonho não tinha acabado de fato. Continuava com a vontade de que um de seus filhos seguissem como atleta de montaria. “Desde então passamos a nos dedicar mais, a ter interesse. E eu segui meu plano, meu sonho, que tem quatro passos”.
Os quatro passos do competidor do Acre
De acordo com Alisson, sua caminhada começou com a vontade de ser conhecido no Acre; em seguida, no estado de Rondônia; depois tentar montar nos rodeios de São Paulo; por fim, quem sabe, um dia ir para os Estados Unidos.
O competidor do Acre, então, deu o primeiro passo na batalha em busca de um sonho. Os resultados vieram em seu Estado natal: campeão em Sena Madureira, onde conquistou uma moto. Também ganhou em Tarauacá, entre outros resultados.
Pronto para o segundo passo, Alisson chegou a Rondônia, onde os rodeios são maiores e a vitrine para o cenário nacional é melhor. De cara, Ariquemes, porta de entrada oficial de muitos. A primeira semana tem o evento regional e na segunda semana rodeio com competidores convidados nacional.
Alisson não decepcionou. Garantiu pódio na primeira semana e a vaga para o rodeio principal em 2018. Aí sim, oportunidade de brilhar e tentar um lugar ao sol. Praticamente, completou o segundo ciclo: ter seu nome conhecido em Rondônia. Preparou-se, então, para dar o terceiro passo, maior e mais desafiador.
Reta final do planejamento de carreira
“A Cia de Rodeio Califórnia comprou alguns touros no Expoari, de Ariquemes/RO, em 2019. Um amigo ia levar os animais até São Paulo e eu vi ali uma oportunidade. Pensei que seria a chance de montar em alguns rodeios e dar o terceiro passo do planejamento”, conta Alisson.
Com apoio dos pais, embora a mãe ficasse receosa, ele agarrou a oportunidade. “Não podia peder essa chance. Meu pai ficou feliz, mesmo sabendo das dificuldades. Era um sonho dele, que ele interrompeu para nos sustentar. Então não faço sempre as coisas por mim, mas faço pensando neles. Embarquei para São Paulo e comecei a trabalhar na Cia Califórnia.
Em primeiro lugar, Alisson foi morar e trabalhar em uma das maiores companhias de rodeio no Brasil, a Cia de Rodeio Califórnia. Acompanhavam assim, a boiada principal nos maiores rodeios do Brasil. Colorado, Rio Verde, Barretos, entre tantos outros, que faziam parte do seu sonho pessoal.
“Quando cheguei aqui, as coisas foram mais difíceis. No Acre eu entrava em quase todas as finais, aqui a dificuldade é maior. Touros mais difíceis, não entrava nas finais e muitos me disseram para eu voltar. Mas eu não desisti”.
“Eu via os touros saindo para os grandes rodeios e sonhava estar lá. Porém, tinha que continuar meu processo. Subir os degraus, fazer meu nome em cada passo que planejei. Aos poucos cheguei na ACR – Associação dos Campeões de Rodeio”.
Em outras palavras, o competidor do Acre começou montar em alguns eventos e entrando nas finais. “O Chiquinho, dono da Cia, sempre me ajudou, indicando para montar nos rodeios melhores. Em resumo, não desisti! Se eu estivesse voltado para o Acre não teria tido o reconhecimento que tive aqui. As dificuldades são grandes, sempre serão, mas não podemos desistir”.
Passo 3 em busca de realizar sonho que o pai não conseguiu
Na luta por conquistar seu lugar no sudeste brasileiro, Alisson logo venceu Ilicínea, Minas Gerais, evento da ACF do Brasil e etapa da Liga Nacional de Rodeio. De cara, ganhou uma vaga para a maior festa do peão do Brasil, Barretos.
Em seguida, foi campeão em Garça/SP. E ainda conquistou bons resultados em eventos como Juína/MT, Sertãozinho/SP. Até que em dezembro de 2020, venceu a a disputada Live do Bem (foto de chamada), em Taquarituba/SP. De fato, um rodeio com a presença dos melhores competidores do Brasil, até os que competem no campeonato mundial.
“Hoje olho para trás e vejo o longo caminho percorrido. Ganhei três motos, dezenas de títulos, sou reconhecido no meu estado, em Rondônia. Venho ganhando respeito no sudeste, em especial no Estado de São Paulo”, reforça Alisson.
“Olho para frente e vejo que o caminho a percorrer é ainda maior, visto que são muitos os rodeios que ainda posso conquistar. Além disso, fora das fronteiras com o Brasil, há um quarto passo. Um passo que uma hora vou ter que dar, que é ir aos Estados Unidos”.
Segundo o competidor do Acre, é lá onde as coisas de fato acontecem na vida de um atleta de rodeio. “É último degrau do sonho de cada um e um dia eu pretendo chegar. Sempre vou me lembrar que meu pai largou de ser peão para nos sustentar e não há incentivo maior que esse para eu poder chegar onde eu tiver que chegar.”
Por Eugênio José
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal, Divulgação, Jack Rodrigues