Pode aplaudir Barretos! Conheça a trajetória de Kaká dos Santos

Ele é uma pessoa que pode contar a história do rodeio no Brasil de forma fiel e ainda é uma parte importante dela

Emílio Carlos dos Santos nasceu em Barretos/SP, em 5 de maio de 1956. Formado em Engenharia Civil, atuou no segmento de terraplenagem, pavimentação, infraestrutura, fabricação e comércio de artefatos de cimento (laje, tubos, etc) durante boa parte da carreira. Por volta do começo dos anos 90, percebeu que faltava algo a mais para que o rodeio ganhasse uma boa e nova dimensão.

Criado na fazenda adorava montar em bezerros. Foi assim que o hoje conhecido Kaká de Barretos tomou conhecimento da atividade. “Também fui ‘secretário’ do locutor Orestes de Ávila na juventude. Em 1976, vi uma corda americana trazida dos Estados Unidos pelo Rubiquinho de Carvalho. Nesse mesmo dia montei em um garrote, um ‘aperitivo’ para o Governo de São Paulo, Paulo Egídio Martins”, relembra.

Kaká passou então a ser parte desse mundo. Ajudava nos sorteios das montarias, era secretário do locutor, tocava o sino para avisar que os oito segundo regulamentares do peão tinham acabado. Naquela época era sino mesmo, já que não existia a campainha.

KAKA DE BARRETOS
No começo da carreira de comentarista

“Atuava nesses, entre diversos outros serviços. Na inauguração do Estádio no Parque do Peão de Barretos em 1989, a Rede Bandeirantes de Televisão fez uma transmissão ao vivo de parte do rodeio, um domingo à tarde. A narração foi do barretense Marco Antônio de Matos (In Memorian), onde dei os primeiros ‘pitacos’ como comentarista”.

Nos anos de 1991 e 1992, Kaká esteve presidente da Festa do Peão de Barretos. Foi nessa sua gestão que, junto com alguns companheiros, passou a Festa de quatro para dez dias. “Nesses dois anos, percebi que faltava alguma coisa no rodeio, sem saber ao certo. Em 1993, lancei a ideia do comentarista, na tentativa de passar mais informações para o público. Houve resistência, mas acabou dando certo. Hoje, acredito que todos os eventos do segmento, têm um ‘parpiteiro’ (risos)”.

Ser comentarista é ter que estar atento 100% do tempo a tudo que acontece na arena. Na função, o profissional interage não só com a plateia, mas também com o locutor. Conhecer não só as nuances do esporte, mas como os bois, cavalos, competidores, boiadas, tropas, os salva-vidas, para comentar de forma precisa, é essencial.

KAKA DE BARRETOS

“Tenho uma memória privilegiada. No início, nos eventos que eu atuava, os participantes dos rodeios não eram muitos, o que facilitava o meu trabalho. Atualmente isso mudou, aumentou muito os participantes. Porém, com as redes sociais o acesso à informação possibilita conhecer os envolvidos, além de dicas do fundo de bretes. Temos o replay no telão, que ajuda substancialmente o trabalho dos comentaristas”.

Alguns bordões já viraram marca do trabalho de Kaká. A expressão ‘Pode aplaudir, Barretos’, quando um competidor faz uma boa prova, por exemplo, é uma característica sua nos comentários durante a Festa do Peão. Estar na arena e acompanhar o trabalho de Kaká faz parte do evento para quem realmente ama rodeio.

“Sou mais ‘copiativo’ que criativo. Fico atento ao que acontece pelo mundo, no País, na roda de amigos e no meu lado caipira. Quando o sorteio proporciona uma disputa que promete ser acirrada entre o animal e o competidor brinco ‘acredito que a capivara vai morder a boca da garrucha’. Às vezes falo espingarda. Recentemente saiu ‘touro mais difícil que viver na Venezuela’. E tem também ‘Um dia é da caça outro é do Ibama’, ‘a banana vai morder o macaco’ (essa está numa música do Tião Carreiro). Enfim, são vários bordões”, enfatiza.

KAKA DE BARRETOS
Na arena de Barretos

Para quem pensa que a função de comentarista pode ser dispensada, Kaká fala da importância, especialmente em uma festa como Barretos, que recebe pessoas de todo o Brasil e até fora dele. “O comentarista, e locutor, precisam ter consciência que os artistas são os competidores e os animais. Em Barretos, também exerço a função de ‘âncora’, entrevisto autoridades, patrocinadores, etc. Sou um ‘passador’ de informações”.

Filho da ‘terra do rodeio’ no Brasil, criado em fazendas e tendo acompanhado toda a evolução da maior Festa do Peão da América Latina, certamente o evento tem um significado especial para Kaká. “Eu, praticamente nasci dentro da Festa. Comecei ainda muito criança, ajudando nas mais diversas funções. Juntava garrafas (era de responsabilidade do evento devolver, não existia a lata), levando troco para os vendedores de ingressos e por aí a fora”.

“Ocupei os mais diversos cargos na diretoria de Os Independentes, associação que realiza a Festa. Enquanto na presidência criamos outros eventos, como o Barretos Bierfest, Encontro de Motociclistas, Festival de Rock – e recentemente o Barretos Muar do Sertão. Iniciativa do amigo Chico Melo, que pelo ambiente que fui criado, apoiei de imediato. Por coincidência, a primeira Festa foi no ano que nasci. Tenho o Parque do Peão como uma casa. Para o meio, a Festa de Barretos é uma grande referência e para o público é onde o Brasil se encontra.”

A Festa do Peão Boiadeiro de Barretos de 2019 acontece de 15 a 25 de agosto. Para mais informações, clique aqui.

Por Luciana Omena
Fotos: Arquivo Pessoal

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