Abelardo Peixoto conta um pouco de sua trajetória nos Três Tambores

Entrevistamos o treinador e dirigente, que está à frente de diversos projetos e é responsável direto por uma parcela do crescimento dos Três Tambores no Brasil

Abelardo Itamar Peixoto, 58 anos, é um dos treinadores de cavalos mais conhecidos no meio equestre. Não só nos Três Tambores, bem como em todos os lugares por onde transita o Quarto de Milha. Sua representatividade, portanto, transborda as fronteiras do seu dia a dia.

Nascido São Paulo, capital, Abelardo hoje reside em Santa Isabel/SP. Toca o seu centro de treinamento, Centro Hípico Versátil, instalado no Rancho São Jorge, do amigo Edson Sampaio. Em 1979, ele comprou e domou seu primeiro cavalo, um Mangalarga, que ele acredita já ter sido o início de sua carreira de treinador.

Alguns anos depois, em 1982, Abelardo comprou seus primeiro animal da raça Quarto de Milha, do criador Samir Jubran, no Parque da Água Branca. O foco da sua carreira é a modalidade Três Tambores. Além disso, ele atua também como dirigente da NBHA Brazil e divide ainda seu tempo domando alguns potros.

Conversamos com ele, confira!

Abelardo Peixoto conta um pouco de sua trajetória nos Três Tambores
Neia, Abelardinho, Alan e Abelardo

Como tudo começou

“Meu primeiro contato com o cavalo foi por volta dos meus sete anos, na Vila Guilherme, um bairro da Zona Norte da capital paulista. Logo em seguida, conheci a Sociedade Paulista de Trote, que abriga corridas de cavalos American Troter. Foi assim que tudo começou para mim.

Tive certeza que seria profissional do cavalo quando comprei meu primeiro Quarto de Milha. Em resumo, foi nesse momento que descobri minhas habilidades, que era um animal que respondia todos os meus comandos.

Mas, como morávamos na cidade, não tinha quase nada de provas. Entretanto, eu era assinante e sócio da ABQM, acompanhava tudo pela revista, que era um informativo em preto e branco. Inclusive, tenho e guardo até hoje”.

Abelardo Peixoto conta um pouco de sua trajetória nos Três Tambores
Abelardo ao lado de um de seus mestres, Capitão Bastos

Trajetória

“O cavalo me proporcionou conhecer vários estados do Brasil. Assim como tive oportunidade de conhecer cinco países – Estados Unidos, Panamá, China, Argentina e Dubai – através do cavalo.

Aprendi muitas coisas com o Capitão Bastos, um homem que foi pai de muitos jovens como eu. No meu começo, e durante boa parte da minha carreira, ele estava sempre pronto a dar oportunidade para quem procurava conhecimento com cavalos.

Além disso, tendo o Capitão como mestre, outros profissionais também me inspiraram: Joyce Loomis, Marcão Toledo, Sr. Dito Moreira, Aldevino Rodrigues”.

Abelardo Peixoto conta um pouco de sua trajetória nos Três Tambores
Matéria da Barrel Horse News sobre o curso da Joyce Loomis no Brasil

Momentos Marcantes

“Nossa, tenho inúmeras lembranças boas, mas uma que me marcou muito foi quando trouxemos a campeã mundial Joyce Loomis. Foi em 2003 e organizamos uma das maiores clínicas de Três Tambores da história do Brasil. A princípio, seriam quatro turmas de 20 praticantes cada, sendo todos montados, três dias de clínica para cada turma.

As turmas foram divididas em 20 alunos da categoria Aberta, 20 da Amador, 20 da Feminino e 20 da Jovem. Porém, tivemos um bom problema, a procura altíssima por vagas, que se esgotaram logo.

Muitos amigos me ligaram questionado, não queriam ficar de fora. Entramos em contato com a Joyce e acabamos formando turmas mistas, para que o pessoal da Amador, Feminina e Jovem, que era a maior procura, pudesse ter mais chances. E aumentamos para cinco turmas.

Dessa forma, imagine, foram 15 dias de curso, que a Joyce teve a sensibilidade para administrar. E com conteúdos diferentes, mas de uma maestria para que todos aproveitassem tudo. Não tivemos nenhuma queixa sobre a forma que ela conduziu.  Nesse mesmo momento, ainda marcaram a participação da Natasha, como tradutora, que deu um brilho a parte. Além disso, o nosso grande e saudoso Dr. Eduardo também esteve conosco.

Para fecharmos com ‘chave de ouro’, ainda conseguimos uma parceria com os Irmãos João e Evandro Guerra, e realizamos uma etapa da Copa Unioil (competição que existia na época). A premiação foi surreal para a época, US$ 87.000,00. E, portanto, chegamos a 18 dias de evento, em 2003. Saímos até na revista americana Barrel Horse News”.

Rochedo

Animais

“Nestes longos anos como profissional tive grandes cavalos que passaram em minha vida. O Rochedo FJ foi um cavalo que escrevemos um livro, porque foram muitos anos que ele esteve em casa. Saiu por um tempo e voltou para viver até seus 31 anos nos dando alegrias.

Ainda posso citar como animal especial na minha trajetória, o saudoso Quick Fie 2F. Um cavalo que deu muitas vitórias e alegrias para mim e meus filhos. E o Victory Fly VM, a ‘máquina do tempo’, que virou uma lenda como todos bem sabem, hoje no Hall da Fama na ABQM”.

Abelardo Peixoto conta um pouco de sua trajetória nos Três Tambores
com Joel Munhoz Machado, Camila Simette Machado (esposa do Joel) e Michele Fabíola Holetz ano passado no Mundial da NBHA na China

Fora das pistas

“Durante toda minha vida sempre estive envolvido com situações de organizar reuniões no Trote na Vila Guilherme. Sempre me chamavam para ajudar a resolver algumas situações. E, quando dei conta, estava envolvido na fundação da APTB, junto com o Dr. Marcelo Delchiaro. Trouxemos o formato de classificação em Ds para o Brasil.

Logo depois, quando sai da APTB, com a ajuda da Joyce Loomis, fundamos ABTB. O objetivo era o de buscarmos melhorias para o esporte. Para isso, criamos várias ações e conseguimos junto a ABQM a liberação das embocaduras entre muitas vitórias.

Quando meu ciclo de seis anos acabou frente à ABTB, no começo de 2014, o Dr. Marcelo Delchiaro, junto ao saudoso Domingos Napolitano, me convidou para fazer parte da NBHA Brazil. Até que no começo de 2018 assumi o cargo de presidente da NBHA Brazil, tocando vários projetos.

Entre eles, o reforço dos Três Tambores junto à CBH – Confederação Brasileira Hipismo, órgão máximo do esporte equestre no Brasil. Dessa forma, além de nossos competidores e animais serem pontuados e reconhecidos pela ABQM, são também pela CBH.

O cavalo para mim é tudo! Minha história e tudo que conquistei foi através dele. Pode existir alguém que goste de cavalos tanto como eu, mais do que eu não! Sou muito grato a Deus por me abençoar ainda com uma esposa sábia e nossos dois filhos abençoados”.

Abelardo ao lado da esposa Neia

Por Luciana Omena
Colaboração: Ana Oliveira
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal | Foto de chamada: Divulgação/Sandro Pinheiro

Veja mais notícias da modalidade Três Tambores no portal Cavalus

Deixe um comentário