A goiana que ganhou o Brasil ao tornar-se campeã pela ANTT

Ela já fez Team Roping, laçava Pé, mas acabou se apaixonando pelos Três Tambores
Foto: Dani Venturini

Viviane Gratão Carneiro Netto, 34 anos, natural de Ipameri/GO, tem seu CT Viviane Gratão em Catalão, também em Goiás, cidade que mora com o marido Daniel Netto, locutor de provas cronometradas. O ano de 2017 foi especial para ela, entre tantos momentos, pois foi quando ela conquistou o título de campeã nacional pela Associação Nacional de Três Tambores. Algumas fivelas são almejadas pelos atletas, e a da ANTT é uma delas. Somando esse aos demais títulos, o de pentacampeã goiana, vice-campeã de Barretos, Divinópolis e Colorado, bicampeã de Mineiros e de Goiânia, ela já pode olhar para trás e sentir orgulho de sua carreira.

O seu Estado é muito rico em provas de várias modalidades, é um dos pólos do cavalo, mas ela sempre quis ir além, e cruzou as fronteiras. Escolheu viver do cavalo e viaja pelo Brasil, em busca das melhores competições. Conversamos com ela, confira!

Como começou tudo isso?

Vivi: Meu pai era empresário e pecuarista, e sempre morei em fazenda com meus pais e irmãos, em Ipameri (uma cidade pequena no interior de Goiás), no meio de gado e cavalos. E foi assim que o cavalo foi se tornando uma paixão. Ganhei meu primeiro cavalo aos cinco anos de idade e foi o melhor presente que poderia ganhar naquele tempo. Aos 12 anos, comecei a me interessar pelos Três Tambores e passei a treinar sozinha em casa. Aos 17 anos, ganhei um cavalo melhor, que se chama Fauno, e foi com ele que tudo começou. Eu o treinei, não era muito técnica, mas acabou que deu certo o treinamento. Fui fazendo vários cursos e melhorando meus treinamentos.

Com o marido Daniel Netto

Lembra de alguma história inusitada?

Vivi: No começo, quando treinei meu primeiro cavalo, não tinha muita noção, não sabia nem o que era mão certa (risos). Passava correndo nos tambores todos os dias, umas cinco vezes por dia, e pista a escorregava, mesmo assim passava correndo. E com isso o Fauno caía comigo direto. Eu levantava e sentava no canto da pista e chorava muito. Os treinos não davam certo e eu caía direto do cavalo, mas chorava de decepção e não de dor! Só que eu voltava novamente no outro dia para treinar para poder tentar alcançar meu objetivo. Nunca tive treinador, pois na região, naquela época, não tinha ninguém que trabalhava de treinador.

Como foi a primeira prova?

Vivi: Minha primeira prova foi na minha cidade mesmo, com o Fauno. Não foi muito bom, derrubei o tambor e sai muito decepcionada da pista, muito triste, pensando até em desistir do esporte. Mas chegava o outro dia  e eu queria superar, queria sempre melhorar e correr atrás do meu sonho, que era ser treinadora e competidora, ter meu CT e correr provas grandes.

E como foi então que continuou?

Vivi: Aos 19 anos perdi meu pai e ficamos sem chão uns dois anos. Me formei e logo encontrei o Daniel Netto. Começamos a namorar, hoje somos casados e moramos em Catalão. Foi ele que me ajudou muito a realizar meu sonho. Meu irmão e minha mãe administram minha parte da fazenda e lavouras, não atuo diretamente para poder  correr atrás do meu sonho. E com a graça de Deus, consegui tudo e muito mais do que imaginava.

Qual cavalo que mais te marcou até agora?

Vivi: Foi a égua Linda Dry Jiggs, uma égua do criatório do Haras BBF, que eu treinei e conseguimos vários títulos importantes juntas.

Dá para eleger a melhor prova da vida?

Vivi: A prova mais importante foi a final do campeonato da ANTT desse ano. Ao decidir acompanhar a ANTT e ir em todas as etapas, passamos um ano longe de casa viajando para os rodeios, e a ANTT é o campeonato mais forte no rodeio hoje, onde correm as melhores competidoras. Cheguei à final em segundo lugar no ranking. Tínhamos quatro passadas para saber quem seria a campeã e já no primeiro dia assumi a liderança do ranking. Não tive muito sorte no sorteio, sempre era a última ou penúltima antes do reparo. Mas Linda Dry e eu não abalamos com isso, não podíamos deixar essa oportunidade passar. Até que na última noite da final eu fui a última a correr. Para ficar ainda mais emocionante, só depois que eu corresse era que o título estaria definido. Foi muita pressão, mas com a graça de Deus conseguimos esse título, que é uma fivela bastante desejada por todas competidoras.

Por que Três Tambores?

Vivi: Há porque o Tambor me encanta por ser um esporte mais feminino no meio do rodeio e que envolve muita adrenalina!

Qual título que ainda não tem e deseja conquistar?

Vivi: Desejo conquistar o de campeã de Barretos

Como é a modalidade na sua região?

Vivi: A modalidade em minha região está crescendo bastante, muitos criadores investindo em genética e em levar bons treinadores, temos aqui um bom número de cavalos ganhadores.

O cavalo é uma paixão, consegue explicar?

Vivi: Cavalo pra mim é a minha vida! Não consigo me ver fora desse meio, é uma paixão que só quem meche sabe explicar! É muito forte a relação de um competidor e seu animal!

Por Luciana Omena
Foto Principal: Vivi Gratão na final da ANTT 2017. Crédito Dani Venturini

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