Em artigo publicado originalmente na Revista Tambor & Baliza, você irá conhecer um pouco mais a respeito da filosofia de criação do Haras ST
Há mais de 45 anos o Haras ST cria Quarto de Milha e detém inúmeras marcas que atestam a excelência do seu plantel. Assim sendo, é o Criador mais pontuado da história da ABQM, com mais de 16.000 pontos no RMT.
De acordo com as estatísticas, entre as dez melhores matrizes brasileiras, cinco formaram a base do criatório ST. Ou seja, 50% das melhores matrizes de todo o Brasil, incluindo a líder ST Cajuina, com mais de 3.500 pontos pela ABQM. Mãe, sobretudo, de ST Tapioca, que já tem com quase 2.000 pontos como matriz.
Ainda conforme os dados apurado, entre os atletas dois dos animais mais pontuados pela ABQM são a ST Tapioca, com mais de 1.400 pontos, e sua filha ST Taboquinha, com mais de 1.000 pontos. Os únicos animais com mais de mil pontos em pista nos Três Tambores.
Para exemplificar ainda a informação do começo do texto, o Haras ST acumula dez anos de ABQM Awards nos Três Tambores. Todos esses dados são oficiais da ABQM.
Do mesmo modo, consultando o arquivo do SGP Sistema, a liderança ST também impressiona: as três matrizes que lideram ganhos em R$ no Brasil são ST. E as únicas com mais de R$ 600.000,00 em ganhos.
Por fim, ao analisar o ‘Clube dos 16’, de cavalos que marcaram tempo na casa dos 16 segundos no Tambor, apesar de alguns dados ainda não terem sido atualizados, o ST lidera em número de tempos e a ST Cajuina como matriz.
Confira a análise do Dr. Marcio Tolentino!
Escolha dos reprodutores
“Muito obrigado pela oportunidade de abrir as portas do ST para falarmos da nossa filosofia de criação mais uma vez. Para começar, vamos pontuar algumas coisas. A importância da matriz já é bem conhecida e comprovada. Mas, um potro não nasce sem pai. Tem que haver um garanhão e há de ser bom: à altura do plantel de mães que o Haras ST possui.
O primeiro critério de escolha é pela morfologia e genética, que são inseparáveis: sua estrutura e suas proporções estão fortemente relacionadas à linhagem a que pertence. Nesse item procuramos observar detalhadamente as características que foram dominantes por parte de pai e de mãe (o que veio de um e o que veio do outro). Valorizamos particularmente a estrutura óssea, cascos e aprumos.
Sendo coerente com nosso pensamento, valorizamos muito a mãe na escolha dos nossos reprodutores. O ST Dashin Leo é filho da ST Cajuina. O terceiro ponto que analisamos é o caráter. Difícil de definir, mas desde novinho percebe-se um animal atento… mas manso, de boa índole. E a índole também é transmitida para os filhos.
Para nós é fundamental que os animais possam ser montados por amadores, jovens e principiantes. Acreditamos que isso é o alicerce do esporte que escolhemos. E tem mais: essas categorias é que sustentam a viabilidade econômica dos criadores, qualquer que seja seu tamanho. A escolha considerou também a beleza do animal, incluindo a cor. Sobretudo, há outros pequenos detalhes, mas sua exposição tornaria esse artigo muito longo!”
Escolhas semelhantes
“Os três garanhões que formaram o plantel do Haras ST foram escolhidos de acordo com os mesmos critérios da escolha do ST Dashin Leo. Dessa forma, o atual reprodutor-chefe do haras, ST Dashin Leo, carrega nas costas uma responsabilidade sem igual. Ele é o sucessor dos dois garanhões que iniciaram o criatório do ST há mais de 40 anos. Primeiro foi o Shady Leo e segundo o Fishers Fly.
Acima de tudo, tínhamos várias opções da geração de 2011 quando resolvemos escolher um garanhão. Inclusive, vimos alguns animais de outros criatórios. Mas ele foi o escolhido juntamente com o saudoso Dr. Kiko, presença fundamental na estruturação do ST a partir dos anos 2000.
O também muito saudoso Marcão Toledo domou o ST Dashin Leo. Certa vez nos disse: ‘é um carneiro doutor, garanhão para criança montar’. E o André Coelho foi escolhido como treinador: ‘entre os melhores animais que já montei’.
A campanha do ST Dashin Leo durou apenas três meses. Nesse curto período correu apenas seis provas e parou a campanha com a mudança do André para os Estados Unidos. Contudo, nesse meio tempo, foi campeão do Congresso ABQM Cavalo Iniciante Três Tambores 2015.
O ST considerou que a escolha do DL estava correta. Tinha tudo para gerar filhos velozes, mas sobretudo, mansos.
O projeto não parou aí: sempre entendemos que o planejamento de um criatório de cavalos deva ser a longo prazo, no mínimo cinco anos, sendo que para resultados mais sólidos é preciso no mínimo uma década”.
Parceiros do projeto
“Todos que compraram coberturas ou potros desse nosso garanhão são parceiros importantíssimos. Repetimos sempre que ‘ninguém se faz sozinho’. A partir de 2015 fizemos uma parceria especial com o Haras Flamboyant. Uma parceria gratificante, diga-se de passagem.
Havia e há um problema na utilização do Dashin como garanhão aqui no ST: consanguinidade com nosso plantel de matrizes. Das 25 matrizes em atividade no haras, 11 são irmãs dele, e uma é a própria mãe. Esse fato limita o volume de potros em pista para que fosse provada a sua qualidade como garanhão.
Dessa forma, estávamos, sim, aceitando parceria que participasse desse projeto. Necessariamente a longo prazo. E que aceitasse os custos que envolvem colocar até cinco gerações de potros em pista.
Novamente entra o Dr. Kiko, que sugeriu uma parceria com o Ivan Melo. O Haras Flamboyant tinha e tem um selecionado plantel de matrizes. Além disso, a parceira abriu a possibilidade de cruzamentos com éguas Tres Seis: cruzamento que achamos excelente para o DL.
Todo esse planejamento é importante para o projeto, mas, sobretudo, a nossa aproximação com o Ivan desenvolveu-se num ambiente de extrema confiança e amizade cada vez maior.
Acrescente-se a sintonia familiar, particularmente entre a Isabel e Ana Luiza, duas apaixonadas pelos criatórios dos pais e responsáveis pela sua continuidade. Isso tudo tem um valor inestimável”.
Objetivos
“Entre os objetivos projetados, a longo prazo, para o ST Dashin Leo: com dez gerações em pista, ser um dos dez melhores garanhões produtores de Três Tambores no Brasil. Até agora há 2.494 garanhões produtores de animais pontuados na modalidade.
Estar entre os dez significa, hoje, estar numa elite representada por menos de 0,05% dos garanhões. E, acima de tudo, produzir cerca de 4.000 pontos. Com o passar do tempo esse número tende a aumentar.
O Haras ST acredita muito em avaliações estatísticas. Note-se que a estatística baseia-se em comparações com outros garanhões e índices: não avalia apenas números. Números são as ferramentas iniciais.
Assim sendo, para cumprir o objetivo citado os filhos do DL da primeira geração deveriam somar pelo menos 100 pontos no ano do seu Potro do Futuro (2018) e 350 pontos no final de 2019 com duas gerações em pista. Ainda 500 pontos no final de 2020″.
Avaliações
“O ST avalia os produtos do DL de cada geração e o desempenho de cada um individualmente. A estatística exige, como foi escrito acima, uma comparação com os melhores reprodutores e o estabelecimento de índices. Um bom índice é a média de pontos por filho. O ST Dashin Leo está superando todas as projeções estatísticas.
A tabela mostra os dez melhores reprodutores de Três Tambores da geração 2014, ano hípico 2018/2019. Foi a estreia da primeira geração do Dashin.
A produção de cavalos velozes é importante! Valorizamos, sim, os chamados ‘cavalos de 16’. Até o fechamento desse texto, cinco filhos do Dashin já correram na marca dos 16. Contudo, achamos fundamental a produção de animais dóceis, facilmente montados por amadores e jovens. Nesse item o ST Dashin Leo tem se mostrado muito melhor do que o esperado.
Desejamos também que o DL produza alguns ícones, que vençam torneios de renome nacional, Slots, Potros do Futuro e por aí vai. É gratificante que na primeira e na segunda geração eles já se mostraram.
Em números, os 12 filhos do ST Dashin Leo que correram Três Tambores no ano hípico 2018/2019: correram 346 provas; campeões em 18 provas; do primeiro ao quinto em 76 provas; do sexto ao décimo em 34 provas. Melhor, impossível!”
Andamento do projeto
“O projeto está em andamento, assim como o acordo inicial com o Haras Flamboyant. Projeta-se uma avaliação mais sólida em cinco anos. Nesse ínterim, o Haras ST investirá na doma e campanha de no mínimo 40 potros (cerca de oito por ano – nascidos entre 2014 e 2018). Essas cinco gerações correão os Potros do Futuro de 2018 a 2022.
O Haras Flamboyant está sendo o grande parceiro desse projeto a partir da geração nascida em 2015, quando começaram a nascer os potros DL desse criatório. A proposta é que em cinco anos também coloque 40 potros em campanha.
Há muitas variáveis que influenciam nos resultados: A qualidade do manuseio inicial do potro e sua doma; O treinador que monta o animal e sua adaptação a ele; As pistas em que o potro irá correr; A saúde do animal e seus cuidados veterinários.
Também avaliamos se econômicamente o projeto é viável e chegamos a conclusão que sim. Porém, em toda análise racional e técnica há muita coisa de difícil previsão: O mercado de cavalos é relativamente instável; A evolução da economia nacional; A política da ABQM com relação ao estímulo de provas para amadores e jovens.
A valorização dos pequenos e médios eventos é fundamental. Note-se que expressiva maioria dos consumidores do cavalo ‘do meio’ estão nesse grupo. Por isso mesmo que criar cavalos é um negócio sim! Mas, deve-se colher dele os prazeres que proporciona. Nunca deixará de ser uma paixão”.
Por Verônica Formigoni
Fonte: Editora Passos
Foto de chamada: ST Dashin Leo | Crédito: Gabriel Oliveira
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