O passo a passo desde o preparo físico à competição, sempre respeitando o limite do animal, mantendo-o em pista até se tornar um grande professor!
O treinador Vagner Simionato é o cavaleiro mais pontuado da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha – ABQM, com participação em mais de seis mil provas oficiais e oficializadas pela instituição. Com mais de 37 anos de experiência no mercado do cavalo nas modalidades de Três Tambores e Seis Balizas, Vaguinho, como é chamado no meio, tem um grande talento no preparo e manutenção de animais em competição, extraindo com respeito do animal do seu potencial e aproveitando o máximo a sua vida útil em competição.
Mas para isso ele toma alguns cuidados e faz um bom condicionamento do animal atleta, frisando sempre a importância do respeito ao limite do cavalo e ressalta. “A partir do momento que o cavalo está bem treinado, bem condicionado eu não tenho a necessidade de ficar batendo na mesma tecla, ele só vai ver o tambor na competição.”
Hoje Vaguinho tem sob seus cuidados 100 animais em treinamento, além dos Haras que dá assessoria em Bauru, onde cada um tem uma equipe montada que trabalha de acordo com suas instruções e todo dia ele passa nos lugares e monta apenas os animais que tem que ser feita alguma correção.
Nesta reportagem vamos mostrar a você qual o trabalho realizado por Vaguinho nos animais em que ele monta e estão em competição, como é o treinamento desses cavalos e éguas, muitos grandes campeões, quais os equipamentos que ele utiliza no condicionamento e nas provas, e como apresenta seus animais em pista.
Treinamento e condicionamento
A parte de treinamento e condicionamento físico do animal realizado pelo treinador Vagner Simionato parte do pressuposto que ele já sabe o que tem fazer em pista, então nesse momento é só preparo físico no animal. “São raros os treinadores que conseguem chegar com um cavalo na prova sem estar estressado e sem dor, se ele tiver assim, aí ele vai colher resultados. A gente parte desse princípio, o cavalo está treinado, está condicionado, mas ele tem que estar sem estresse e sem dor” fala de primeira Vaguinho.
Ele completa. “E se você chegou com o cavalo numa prova para correr, e teve que dar uma “arrumadinha” nele, então, não vai dar certo, se ele chegou estressado, nervoso, não vai dar certo, se você teve que aumentar o treinamento na semana da prova para ele poder chegar lá bem, o cavalo vai chegar à prova dolorido, porque fez exercício demais, ele não vai render mais a mesma coisa”
Vaguinho fala que a partir daí ele vai medir o animal e que o dia a dia é simples. “A gente escova, sela, trabalha bem alternado, eu não sou aficionado em eu montar e ter que moer esse cavalo todo dia. Um exemplo, aqui no ST, eu tenho as parelhas, em todos os lugares eu trabalho assim, cada preparador físico vai trabalhando de dois em dois animais. Nessa demonstração vamos trabalhar com a ST Tapioca e a ST Sugarobby, aí funciona assim, na segunda eu monto na Tapioca e trabalho no cabresto puxando só no preparo físico a Sugarobby, aí na terça eu inverto” explica. Então a gente trabalha muito essa parte de condicionar o animal, eu sou da seguinte opinião, a partir do momento que o cavalo esteja pronto e treinado eu não tenho aquela obrigação, como a ST Tapioca a Sugarobby vai em bastante prova, esses animais só vêem o tambor na competição, a gente trabalha só preparo físico”
A pista que o treinador utilizou para a demonstração no Haras ST estava completamente livre com os tambores fora dela, e ali foi feito o preparo físico das duas. E uma coisa interessante da confiança entre o animal e do gosto do cavalo em fazer aquilo, é que ele fez este condicionamento montando a ST Tapioca e a Sugarobby solta sem cabresto acompanhou do lado fazendo exatamente o que a outra fazia, sem sair da pista, mesmo ela sendo toda aberta sem cercas.
O treinador continua explicando. “Se eu ficar treinando demais, passando demais esse cavalo no tambor todo dia, eu vou dar um desgaste nas articulações, ele vai começar a dar sobre osso, a ter estresse. Você pode ver, eu vou pra prova os meus animais correm bem comigo, com Juninho, com a Silvia, ele vai e passa bem, independente de quem monte-os. Isso é porque a partir do momento que o seu cavalo está treinado e pronto, não tem essa necessidade de todo dia ficar ali esforçando ele, a gente tem confiança no trabalho que faz, você tem que confiar no treinamento feito e deixar ele fazer o melhor em pista”
No preparo físico dos animais, Vaguinho tem o auxilio da sua equipe, como o Netinho que vai sela os animais, trota e depois leva para o treinador que vai trabalhar neles a parte do pré-primário do cavalo. “Vou trabalhar a parte da doma, vou conferir se o animal está mole para virar do lado direito e esquerdo, se está arqueando bem, fazendo o arco reverso dos dois lados, se está parando na hora certa e como eu disse enquanto isso o Netinho faz a preparação física deles que é trotar”
O treinador enfatiza que trabalhar muito os animais a trote, e que no caso aqui do ST a pista dá quase duas da oficial, então ele dá 30 voltas a trote para cada lado e cinco no galope para cada lado. “Esse é o treinamento básico de um animal pronto, não tem a necessidade estar passando no tambor” Na semana em que tem da prova Vaguinho conta que em vez de aumentar o treinamento ele diminui, e se tiver que aumentar isso é feito em uma semana que não tenha competição.
Nos Haras que ele dá assistência como o ST, Haras Viamon, Lagoa Real, e o próprio VS Treinamentos que é dele e aloja animais de clientes de vários lugares do Brasil, ele tem uma equipe montada para poder dar conta de todo o trabalho, então ele delega funções. Todo dia de manhã Vaguinho tem a rotina de passar nos Haras que dá assistência no ST junto com o Netinho trabalha os animais que monta, no Haras Viamon tem o Anderson Bueno que é quem lidera a equipe , no Haras Lagoa Real quem mexe com os animais sob sua supervisão é o Anselmo Marcelino.
“Com esse esquema que consegui fazer, eu vou montar animais direcionados, os que estão com problemas, o que está bom vai para a prova é só manter o condicionamento do animal, o qual eles vão fazer da forma que eu quero que treinem e cada equipe treina de um jeito, de acordo com a tropa. Os que estão com problema, por exemplo, esse animal está virando mas não está dando marca , olha esse aqui está derrubando o tambor, é nesses animais que eu vou montar para corrigir” explica.
No VS ele conta com o apoio e trabalho da Silvia que comanda os treinamentos sob sua orientação. Que fora os de clientes tem de sua propriedade 70 animais. “A maioria dos animais em casa são de outros proprietários que eu monto, hoje eu tenho por opinião de não montar animais meus. Você nunca vai me ver montando um cavalo meu.”
Ao todo hoje ele trabalha com 100 animais em treinamento que vão para as competições e cada animal tem um treinamento diferente e com a ajuda das equipes ele consegue mexer em todos os animais. “Por conta disso sempre tem muitos animais meus em pista, na NBQM levei 50 cavalos porque é pertinho, no Raphaela foram 30” conta Vaguinho.
Competição
Dos animais treinados por Vaguinho há uma programação para saber em quais provas eles irão se apresentar, havendo um revezamento de finais de semana nas competições.
“Acabei formando duas tropas e viajo dependendo da prova com uma tropa, tem prova que a tropa vai duas semanas seguidas e depois ela folga duas, aí eu vou com a outra tropa com outro tudo, geralmente eu levo de 23 a 26 animais, que é carga máxima do caminhão, nas provas por final de semana. E dependendo da competição a gente muda toda a prova, se foi essa semana, não vai à semana que vem, no caso se for duas provas distintas” explica a programação Vaguinho.
Quando mandam um cavalo para o Vaguinho montar, a pessoa quer que o cavalo vá para prova, antes ele conseguia fazer com que uma boa parte dos animais entrassem em pista, pois era opcional pontuar ou não para a ABQM, mas com a nova regra tudo mudo. “Eu tenho que treinar e competir, então tenho que dosar os animais que vão para prova, ainda mais com essa nova regra da ABQM de ter que pontuar todas provas, os cavalos que a gente colocaria não pontar eu levava mais, hoje tenho o limite de três cavalos para eu montar por categoria. Isso me estreitou bastante, apesar de ter muitas categorias , tinha animal que eu passava na exibição, aberta e potro do futuro, hoje eu tive que direcionar os cavalos cada um na sua categoria, então, ele vai na prova para dar uma passada, porque eu não tenho mais espaço para correr tudo. Pra mim estreitou muito, ficou difícil” expõe.
Nas provas geralmente ele chega um dia antes com a tropa , para poder fazer o reconhecimento do solo da pista, para o cavalo saber onde tem uma faixa a mesa de som, assim ele não terá surpresas na hora da competição. “Então para isso passo todos os animais no trotinho no tambor, você nunca me vai ver lá moendo, passando desesperado, duas horas da manha em pista, isso porque eu tenho confiança no meu trabalho” Se precisar fazer tudo isso na prova com o cavalo eu não preciso levar ele, vou arrumar em casa e acertar com calma, para não ter esse desespero que muitos tem. O cara levanta duas da manhã e vai montar o cavalo dele na pista, tira o animal da rotina, é a mesma coisa, eu tenho uma rotina de dormir às 9 horas da noite se você me ligar 9h01 o meu celular vai estar desligado, se eu for dormir às duas da manhã no caso quando tem de leilão, no outro dia já amanheço baqueado numa ressaca de sono. É a mesma coisa com o cavalo, se acha que o cara vai treinar às duas da manhã em casa? Aí chega à prova, ele monta às oito da manhã, duas da tarde, as oito da noite e vai dar mais uma pegadinha as duas da manha , ele tirou totalmente o cavalo da rotina dele. Quando chega à competição, quer que o cavalo trabalhe bem. Ele não vai trabalhar, ele está estressado, cansado” expõe.
Ele ainda completa. “Costumo dizer que de 60 a70% da prova a gente ganha na própria prova, porque enquanto está todo mundo desesperado naquelas passadas que levanta a galera na arquibancada no treino, a gente está só trotando e na hora da competição pra valer eu toco, se ele não for bem, não virar, na segunda feira vou conversar com ele. Por que você não trabalhou, o que aconteceu? Do contrário, eu vou confiar no meu cavalo que ele vai chegar lá e vai fazer o melhor”
Manejo
Os animais trabalhados por Vaguinho tem um manejo muito simples, todos são criados, mesmo estando em competição soltos em piquetes e ficam completamente ao léu, como ele mesmo conta.
“Costumo dizer que cavalo não é bicho de pelúcia, cavalo tem que ser tratado como cavalo, ele nasceu para comer capim, solto, é assim que os cavalos que trabalho ficam. Como exemplo, aqui no ST, as éguas tomam chuva, sol, geada. Aí você vai para prova toma uma chuva e não acontece nada com animal, não pega uma gripe e nem fica com baixa resistência. Na outra semana ligo para os companheiros de prova e pergunto: você vai na prova ? E te respondem que não porque a tropa gripou. A minha não tem nada disso, porque está climatizada, é um manejo diferenciado,tanto que elas estão em todas as provas, não faltam, tanto que, hoje a ST Tapioca ultrapassou a Cromita MA 10 como a mais pontuada” elucida.
Esse processo de manejo é aplicado em todos os Haras que tem a assessoria de Vaguinho, inclusive na casa dele. Na VS Treinamentos ele tem 90 animais e 12 cocheiras, sendo que até os garanhões ficam em piquete, segundo o treinador com esse tipo de manejo eles adquirem resistência e rusticidade. “Minha tropa não é bonita de se ver, mas é funcional, a prova disso é que dificilmente volto das competições sem alguma coisa no bolso”
Equipamentos
Em relação a parte de equipamentos, Vaguinho mostrou tudo que utiliza, tanto nos treinamentos como nas competições, e diz ser bem radical e algumas coisas antigo neste requisito.
Sela de couro com aba quadradaSelas
A sela indicada por Vaguinho é a de couro e de formato quadrado porque traz benefícios ao animal, tem um jeito particular de colocar nos animais por lhe dar algumas vantagens na hora da competição.
“Sou bem radical nessa parte eu só monto em sela de couro, eu não consigo montar em sela de neoprene, as minhas selas são de aba quadrada, não sou de equipamento bonito, quero uma sela que eu esteja acostumado no dia a dia. Tenho cinco selas de competição que são as velhas, quando elas chegam nova, os meninos montam para sovar e depois é só minha” explica.
Para o treinador o competidor e o animal têm que ficar confortável para poderem acertar a passada, ele o usa como exemplo, pois só você nunca o vê de bota texana só de botina, isso porque é mais confortável e ele pode fazer o que quiser, pois está dentro da rotina dele já que usa sempre botina, e com animal é a mesma coisa, se colocar nele um equipamento que não está acostumado e que não tenha formato adequado vai incomodá-lo.
Posição correta da sela em cimada cernelha
“Uso a sela quadrada, porque a aba redonda é mais curtinha, e as que são de aba redonda acabam pegando em cima do rim do cavalo, você usa um dia, dois dias, quando vai passar a escova no cavalo ele só falta deitar de dor, aí você precisa ligar pro veterinário vir fazer uma acupuntura ou uma infiltração, sendo que o problema está na sela, a aba redonda não dá um apoio certo no lombo e quanto maior o cavaleiro, maior o problema, e aquela dor lombar que incomoda o animal. A sela de aba quadrada o apoio é maior e o peso fica mais dividido” explica a escolha da sela.
A maneira de selar o cavalo também influencia em alguns pontos na hora de montar o treinador também expõe como ele faz. “Coloco a sela bem pra frente, a manta no meio da paleta e sobrando dois dedos de manta na frente da sela. A sela tem que ficar em cima da cernelha, para poder trabalhar o peso na hora da virada do tambor em cima do posterior do cavalo, para frente ficar mais leve e ele mais dirigido na hora de fazer a virada. Eu costumo dizer que, as provas que eu ganho, são na virada, porque todos os meus animais são de trabalho, então na virada eu ganho o tempo, eles viram demais, apoiando bem o posterior e impulsionando bem na saída, e isso é um detalhe para a vitória.”
Na baliza é a mesma coisa, só que no meio das balizas dou uma adiantada no corpo para ficar um pouco mais rápido, fica mais unido com o animal durante o percurso e isso vai de cavalo para cavalo.
Freio e bridão
Vaguinho separa os que são de treinamento e o que é de competição. No caso do freio cada animal tem o seu para a competição e o bridão ele utiliza sempre nos treinamentos e o modelo do argolão.
O bridão de argolão“O condicionamento de bridão é preciso para dar uma amolecidinha no animal. Fui um dos primeiros a trabalhar com o bridão de argolão, porque o animal te dá uma resposta mais rápida , você puxa de um lado e o outro apóia na cabeça do cavalo e ele vem mais fácil. Esse tipo de bridão não entra na boca do cavalo, assim ele reage menos, porque toda ação tem uma reação, e com o bridão de argolão o animal faz o que estou pedindo, reagindo menos e agindo mais.Todos os animais são habilidosos, inteligentes eu só tenho que conseguir que ele entenda um pouco mais fácil o que eu estou pedindo para que ele reaja um pouco menos” explica o treinador.
Em relação ao freio ele enfatiza o que foi dito. “Na prova, coloco o freio de cada um, cada um é de um jeito, o resto é manejo, simplicidade, se você complica o manejo, complica o equipamento, complica a sua vida”
Já a parte da rédea do freio usa no treinamento a aberta e nas competições a rédea fechada.
Estribo
Ele é quem dá o apoio para o cavaleiro montar o animal, e na hora da competição ele tem que estar bem posicionado no pé para não se soltar e atrapalhar a passada do animal.
Para os competidores mais novos ou principiantes Vagner Simionato dá uma dica para que não haja problema na hora da prova. “O vetrape no estribo dá uma aderência a mais, geralmente o jovem joga a perna para trás e acaba perdendo o pé dele, então coloca o vetrpe do meio para baixo e nas laterais do estribo, ficando assim com mais aderência e ele não é proibido pela ABQM”
Gamarra
GamarraO treinador dá uma definição simples da importância da gamarra nas competições e declara ser um equipamento importante para que o animal não perca o foco na prova.
“Eu não abro mão da gamarra, você nunca me vai ver montado em um cavalo sem gamarra. Os três tambores e as seis balizas são provas de velocidade com obstáculo, e o papel da gamarra é um limitador, para que o cavalo nunca perca a visão do obstáculo,” expõe.
Para exemplificar, digamos que o bridão pegou em lugar da boca do cavalo que está sensível, isso vai causar uma reação nele, e nisso ele levanta demais a cabeça e perde a visão do obstáculo. Toda vez que isso acontece ele vai ter que abaixar se localizar, posicionar e calcular o tambor para fazer o giro rápido, nesse tempo o competidor já perdeu a prova.
“Nos EUA usam-se muito pouco a gamarra, mas eu aprendi com isso, sou das antigas ainda, tive várias oportunidades, mas fiz bem poucos cursos com americanos. Prefiro montar com treinadores mais das antigas aqui no Brasil mesmo, que resolveram e fizeram história com o cavalo aqui, como Marcos Toledo, Joel de Oliveira, Benedito Moreira , Valdeci Osti . Prefiro montar com essas pessoas que sabem a realidade dos nossos animais, dos nossos equipamentos, as nossas pistas do que eu fazer um curso com americano que vem com uma realidade totalmente diferente da nossa e vem passar as regras. Então para mim cavalo sem gamarra é como se fosse um homem sem cueca!” simplifica Vaguinho.
Espora, Levantador de Corrente e Gag Bit
A espora, o levantador de corrente e o gag bit para Vaguinho são equipamentos corretivos, que devem ser utilizados de maneira correta para não coibir o animal e acertar no que ele está errando, mas em uso moderado.
“Você precisa usar na hora certa e saber tirar, porque colocar todo mundo coloca e sai usando. Como são equipamentos corretivos, eles podem ajudar como também podem te atrapalhar. Tem cavalo que precisa e tem o que não precisa, por isso você tem que saber à hora de usar, mas não em um grau de 100%, repito, são corretivos eu vou precisar usar eu vou, mas a partir do momento que eu mostrei para o meu cavalo o que quero já posso tirar. Tem que dar chance para o seu cavalo mostrar que ele entendeu, uma oportunidade dele interagir com você. Passou uma, duas semanas o cavalo voltou a ter problema,coloca o equipamento de novo, dá corretivo nele e tira. Podemos comparar a como educar uma criança, você educa mostrando os limites e empurrando ele para frente, aqui pode e aqui não pode, o cavalo também é assim”
Dica
Finalizamos a nossa reportagem com uma dica de Vagner Simionato aos jovens treinadores e com algumas observações que ele vem fazendo ao longo de sua carreira como treinador.
“A gente que está de fora e tem mais experiência acaba medindo os jovens e treinadores, eu costumo medir o treinador pela idade dos animais e os ano que ele é aproveitado em pista. Hoje muitos montam o cavalo com dois anos, faz sucesso com três e com quatro ele já desapareceu das pistas. Isso não está certo, o cavalo tem que correr o quanto viver, ele tem que servir para eu correr Potro do Futuro, Aberta, Nacional, dali vai para jovem, amador, principiante e vai acabar ensinando os novos competidores da categoria kids” ressalta o treinador.
Ele cita como exemplo a ST Tapioca que está correndo aberta, mas já está também já está participando da classe amadora e feminina, e diz que daqui a pouco ela vai para a principiante e vai acabar a carreira com kids, servindo para os netos do Dr. Marcos Tolentino. “Ela tem de 9 para 10 anos e não tem nada,nenhuma lesão, porque a gente dosa o limite dela, sem esforçar , a gente cuida, prepara e não explora o limite da égua, tem um programa de prova todo começo de julho o que ela vai correr. Tudo isso porque a cima de tudo ela é de carne e osso, ela tem estresse, tem dor , tem TPM, e a partir do momento que você respeita o limite de qualquer animal, você vai tê-lo não para um ou dois anos de prova, mas para 10, 15 , 20 e até 30 anos, como é o caso do Taco Mestiço que já foi meu diversas vezes e ele ainda está em pista. Agora tem outro, o Shady By Creek , que está com a mesma família do Taco. Isto é resultado de trabalho programado e não explorado, é um cavalo bem planejado como é o caso deles, tem que ser sempre craque para no final, ser um professor para os mais novos” finaliza.
Texto e Fotos: Verônica Formigoni