A organização de provas há muito tempo já se tornou um negócio em nosso meio, seja para a divulgação e consolidação de uma marca ou mesmo financeiramente. Porém com o passar dos anos todo processo evoluiu, seguindo as tendências do mercado.
Alguns pontos dessa evolução nas estruturas das provas que podemos notar são: pistas, baias, camping, vestiários, lavatórios para os cavalos, arquibancadas para mais conforto ao acompanhar as disputas.
No gerenciamento e organização um passo à frente são os sistemas que revolucionaram esse setor, facilitando as inscrições, reservas de baias e cobranças.
A Revista Tambor & Baliza fez uma reportagem especial, onde alguns organizadores de provas de Três Tambores e Seis Balizas do Brasil que nos apontam pontos para uma organização que atendam os anseios dos competidores, donos e em especial os animais.
Confira as entrevistas sobre organização de provas:
Flávia Cajé
“Quando organizamos eventos imprevistos acontecem, mas quando você faz o certo e segue regras não tem erro e evita muitos problemas. ”
Flávia Cajé, esteve à frente da Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT) por mais de 10 anos, onde criou padrão de provas dentro dos rodeios que se tornou referência. Após sair da diretoria da entidade criou uma empresa para organizar eventos Cajé Assessoria e Eventos, e atualmente são 15 provas com sua organização
T&B: Quais os principais pontos hoje para uma boa organização?
Flávia: Acredito que o principal seja pensar como competidor. Como fui competidora por muitos anos, e agora como organizadora, sempre tive esse pensamento de pensar no melhor para eles e para os cavalos, e depois o restante. Por isso, acredito que se um organizador pensar assim não tem como errar.
T&B: O que considera fundamental para que evento flua sem maiores problemas?
Flávia: O fundamental para evitarmos problemas é seguir regras. Não dar jeitinho. Claro que, quando organizamos eventos imprevistos acontecem, mas quando você faz o certo e segue regras não tem erro e evita muitos problemas.
T&B: Quais os principais desafios para organizar uma prova?
Flavia: Acredito que hoje em dia o custo é o principal desafio. Com a evolução do esporte, os profissionais evoluíram e o eventos sempre buscam os melhores para receber todos da melhor maneira possível. Com isso, uma prova ficou bem mais cara do que antigamente, pois o nível de exigência dos competidores também subiu. Sendo assim, para conseguir que seja viável tanto para o competidor, quanto para o idealizador do evento, acaba sendo o grande desafio.
T&B: Você além de organizar provas particulares, também faz parte da organização na pista na ABQM. Qual a principal diferença de uma prova de associação e particular?
Flávia: Acho que como qualquer grande empresa, a principal diferença é que qualquer mudança ou melhoria que você queira alcançar em um evento da ABQM não é rápida e exige um processo maior e mais demorado.
T&B: Você por muitos anos esteve à frente da ANTT. Ali exercia papel fundamental na organização das provas nos rodeios. Podemos dizer que é um meio diferente de se trabalhar?
Flávia: Totalmente diferente, mas graças aos 18 anos que passei na ANTT aprendi a ter resiliência e fazer eventos em várias adversidades, além disso sempre trabalhei sob pressão e isso me ensinou muito e por isso consigo trabalhar tranquila em grandes eventos.
T&B: Como você vê o mercado de evento equestres hoje em dia, devido ao calendário apertado de datas?
Flávia: O mercado do cavalo no geral cresceu muito e isso é ótimo para toda a cadeia, e consequentemente os eventos e provas cresceram como ele. Surgiram muitas provas regionalizadas e eu acredito que essas provas são muito importantes para o mercado como um todo, pois ajudam o pequeno e médio competidor e fomenta ainda mais nosso mercado. Com todo esse crescimento, organizar melhor o calendário de grandes eventos se torna necessário e tem sido o desafio para os grandes organizadores.
Marli Faria
“O mercado continuará crescendo, mesmo porque é uma fonte de renda para muitos organizadores …, porém ficará cada dia mais regional, apenas provas tradicionais terão público de todos os estados”
Marli Faria, organiza prova desde 2006, no estado do Paraná, começou quando era presidente da NBHA-PR, onde enxergou as necessidades no gerenciamento da prova, e a partir da sua experiência criou o SGP Sistema em 2010. Atualmente organiza a Copa SGP e Faria Cup, mas já também já fez parte da APCQM.
T&B: Quais os principais pontos para uma boa organização de prova?
Marli: Conseguir contratar uma equipe que seja comprometida e que possam dar um atendimento de qualidade aos competidores e proprietários, que possam resolver os problemas que surgem durante todo o período da organização do evento e acima de tudo, tem que ter uma pista boa e segura.
T&B: Você que começou organizando provas para associação e hoje realiza os seus particulares, existe diferença na organização de provas de associação e particular?
Marli: Não tem diferença, apenas que uma associação você tem mais pessoas ajudando, e na particular, depende exclusivamente de você.
T&B: Você revolucionou o mercado de provas com a criação do SGP. Como você vê antes e depois do sistema?
Marli: As provas antes do SGP eram morosas e trabalhosas, tanto para quem organizava, como para quem participava. Não consigo imaginar uma prova hoje, sendo feita como era em 2009, por exemplo.
O SGP não apenas veio para ajudar o organizador, como facilitou para os competidores e proprietários. O sistema oferece controle geral de tudo inclusive financeiro. Vejo hoje como uma ferramenta indispensável para uma boa organização. Além da facilidade para quem não pode estar presencialmente nos eventos, onde pode acompanhar ao vivo e também ver o desempenho dos animais em um banco de dados que hoje é referência no mundo dos negócios.
T&B: Qual maior desafio hoje em dia na organização de prova/evento?
Marli: Organizar o calendário para os eventos/provas e conseguir uma data adequada, fechar com patrocinadores e atrair público, por conta da quantidade de provas que se tem hoje em dia.
T&B: Qual sua opinião do mercado de provas equestres considerando o calendário cada vez mais apertado?
Marli: O mercado continuará crescendo, mesmo porque é uma fonte de renda para muitos organizadores, e onde se fomenta também o mercado equino, porém ficará cada dia mais regional, apenas provas tradicionais terão público de todos os estados.
Nei Batista
“Maior dificuldade mesmo ainda são os rodeios, para preparar pista, fazer uma premiação legal. Rodeio ainda hoje é um desafio!”
Nei Batista, como todos o conhecem organiza provas há 18 anos. Começou com pequenos rodeios e hoje promove grandes eventos. Além da experiência na parte da organização, ele também é juiz oficial ABQM, o que agrega na parte de se cumprir os regulamentos
T&B: Quais os principais pontos para uma boa organização de prova?
Nei: Sempre penso primeiro numa boa estrutura para recepcionar bem os animais e competidores, uma pista bem preparada e uma boa área de camping fazem a diferença para se ter uma boa organização, partindo desse princípio você vai agregando para realizar um bom evento.
T&B: O que é fundamental para que a prova flua sem maiores problemas?
Nei: Uma equipe bem preparada em todos os setores do evento, desde a recepção dos animais, o estacionamento de trailers e caminhões para que fiquem próximos às suas baias, a pista que é sem dúvida o palco maior tem que estar constante do início ao fim. Tudo rodando em sincronia o evento vai acontecendo sem maiores problemas.
T&B: Você faz provas particulares, rodeios e também já organizou de associação. Qual a diferença?
Nei: Como falei no início, tem uma diferença grande na estrutura, as associações conseguem manter um padrão bacana em seus eventos, e também as arenas já consagradas como Haras Raphaela e Rancho Mariana nem se fala. Maior dificuldade mesmo ainda são os rodeios, para preparar pista, fazer uma premiação legal. Rodeio ainda hoje é um desafio.
Não perca a segunda parte desta reportagem especial, aqui no Portal Cavalus, na próxima quinta-feira (06/06).
Por Verônica Formigoni/Revista Tambor & Baliza
Fotos: Divulgação/André Monteiro
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