Organização de provas seguem em constante evolução no mercado equestre, a estrutura das competições, como pistas, baias, camping, vestiários, lavatórios para os cavalos, arquibancadas geram mais conforto para quem participa e acompanha essas disputas.
Os desafios na organização são inúmeros, por isso os organizadores estão sempre atentos aos anseios dos competidores, donos e em especial os animais. A Revista Tambor & Baliza fez uma reportagem especial com alguns organizadores de provas, confira agora a segunda parte desta matéria.
Confira as entrevistas sobre organização de provas:
Roberto Ulhoa
“Sufocar o mercado com esse número de provas sem nenhum planejamento… significa diminuir…Corremos o risco de entrar na corrente inversa que trabalhamos há tantos anos para chegar, com altas premiações, excelentes estruturas, crescimento e fomento da modalidade”.
Roberto Ulhoa é um dos organizadores de provas que está há mais tempo nesse ramo, são 22 anos. Seu começo foi junto a antiga APTB – Associação Paulista de Tambor e Baliza, posteriormente na realização do Campeonato Regional Oeste até chegar ao Grand Prix Haras Raphaela, além de outras grandes provas do meio que deram início sob sua organização.
T&B: Quais os principais pontos para uma boa organização de prova?
Roberto Ulhoa: Para uma boa organização de prova, é preciso ter infraestrutura, distribuição da premiação com o melhor custo x benefício, captação de patrocínio, entre outros pontos importantes. Quando falamos em infraestrutura, precisamos destacar como ponto fundamental, a qualidade da pista de competição e de treinamento, local apropriado para instalação de baias, ou seja, as melhores condições de bem-estar e segurança para os animais e competidores, além de oferecer conforto e segurança para o público, praça de alimentação, banheiros sociais e vestiários, entre outros.
T&B: O que é fundamental para que a prova flua sem maiores problemas?
Ulhoa: Com certeza planejamento e uma equipe bem preparada, sempre irá ocorrer imprevistos, mas vai solucionando ao decorrer.
T&B: Você organiza a maior prova do Brasil e faz provas de associação e núcleos. Existe diferença?
Ulhoa: Todas as provas são diferentes, porém o objetivo de atender o interesse de todos é o mesmo.
T&B: Qual maior desafio na organização de uma prova/evento?
Ulhoa: O maior desafio é conseguir unir os objetivos que atendam aos interesses do competidor, do realizador, patrocinador, e do bem-estar e segurança dos cavalos. Para obter o melhor resultado é necessário um ótimo planejamento, criação do modelo da prova, infraestrutura, distribuição da premiação com o melhor custo x benefício, captação de patrocínio, entre outros pontos importantes
T&B: Como vê o mercado hoje em dia levando em consideração o calendário apertado das provas/eventos?
Ulhoa: Vejo com muita preocupação. Qualquer tipo de negócio precisa de oxigênio para crescer, desenvolver e fomentar. Sufocar o mercado com esse número de provas sem nenhum planejamento, de forma desenfreada, significa diminuir a oportunidade para os competidores, proprietários e criadores participarem das melhores provas, com as melhores premiações, reduzindo a valorização de seus animais, seus criatórios e do mercado. Corremos o risco de entrar na corrente inversa que trabalhamos há tantos anos para chegar, com altas premiações, excelentes estruturas, crescimento e fomento da modalidade.
Sandra Carvalho
“… antes você fazia uma prova mediana, em um lugar mediano e obtinha resultados, …hoje, se a organização não atender a demanda, com instalações adequadas, incluindo um bom desempenho de pista…os competidores não voltam. ”
Sandra Carvalho, até mesmo Bombom, como é chamada carinhosamente por muitos competidores, está no mercado de organização de provas há 14 anos, tendo parte dessa jornada junto ao Núcleo Bauruense do cavalo Quarto de Milha – NBQM, e também organizando provas por todo Brasil, e atualmente gerencia as provas no NOPQM e tem seu própria campeonato o Bauru Tambor Fest.
T&B: O que você considera mais importante para uma boa organização?
Sandra: No meu ponto de vista, o conhecimento, quando comecei seguia restritamente um checklist, mas me atrapalhava em algumas questões por não conhecer, com mais propriedade as modalidades e as particularidades que cada uma tem isso mudou muito. Imprescindível uma boa educação, gostar de pessoas, estar interessado e ter disponibilidade, por que um organizador deve ter ciência de que ele é um solucionador de problemas.
T&B: Você trabalha com associação e provas particulares, existe alguma diferença?
Sandra: Olha, isso é uma experiência incrível, tem diferença sim, e muita. Eu trabalhei por anos à frente do Núcleo Bauruense e apesar de sempre me atentar a tudo, eu fazia tudo de maneira econômica, para não exceder a receita e manter as coisas em ordem. E dessa maneira sempre agi com meus clientes.
Mas hoje, em sociedade com a Carolina Fanton no Bauru Tambor Fest, tudo ficou diferente. O ponto de vista é mais amplo e então você realmente trabalha em prol de ir além do receber bem, de atender demandas e passa a oferecer um pouquinho de conforto mesmo em ambiente rústico, ou seja, antes o que eu idealizava, mas era custo eu não fazia, hoje eu vejo como necessidade.
T&B: Qual maior desafio na organização de uma prova/evento?
Sandra: Custo x Benefício. Tornar uma prova atrativa tem alto custo, isso inclui premiação, infraestrutura, prestadores de serviço. Enfim, hoje o mercado apesar de bem aquecido, o competidor também por conta do investimento está mais exigente, o que é um direito dele.
Então, antes você fazia uma prova mediana, em um lugar mediano e obtinha resultados, hoje isso já não acontece. Se a organização não atender a demanda, com instalações adequadas, mantendo boa funcionalidade entre competidores e animais, incluindo um bom desempenho de pista, ele é ignorado, excluído, ou seja, os competidores não voltam.
T&B: Como você vê o mercado de provas/eventos considerando o calendário de datas apertadas?
Sandra: Já estamos em um período de provas regionalizadas e eu creio que a tendência é aumentar isso, ou seja, surge uma nova pista, subdivide-se mais um grupo. Outro fator importante que também considero é o crescimento de pistas cobertas, principalmente em outros estados, isso também automaticamente faz com que quem vinha de longe para um campeonato, hoje tem opções no seu estado, as vezes muito mais perto de casa, e opta por lá.
A concentração será mesmo nessas provas grandes, que já se destacam no calendário, de um ano para outro, já edificadas e como dizemos, já são tradição. Mas tem cavalo para toda pista e então cada organizador deve ter essa avaliação, de quem está na sua região e o que esse competidor precisa. Meu conselho é esse, para sobreviver é necessário conhecer seu público regional e trabalhar em cima disso, agregando valor e oferecendo o melhor para todos.
Leia a primeira parte da reportagem especial aqui: Organização de provas um desafio aos profissionais do meio
Por Verônica Formigoni/Revista Tambor & Baliza
Foto de chamada: Divulgação/Batata Bueno
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