Censo dos Três Tambores no 45º Campeonato Nacional da ABQM

Luciano Rodrigues, cavaleiro e pesquisador realizou uma pesquisa sobre o cenário dos Três Tambores no Nacional

Esta semana está iniciando o 45º Campeonato Nacional do Quarto de Milha, na cidade de Araçatuba (SP). Este evento contará com provas em 18 modalidades. Dentre elas, uma das mais concorridas é a de Três Tambores.

Analisando a Lista de Entrada apenas da modalidade de Três Tambores (Aberta, Amador e Paratambor), podemos ter informações importantes sobre a atividade e seu rumo.

Metodologia

Para esta estatística, foram utilizados a lista de inscrições divulgadas pelo site da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) na página do 45º Campeonato Nacional ABQM. Os dados em PDF foram transformados em arquivo Excel, na qual, podem ser analisados pelas seguintes categorias: animal, cavaleiro(a), filiação (reprodutor e reprodutora), criador, proprietário, cidade e estado.

Para a base de dados não foram filtrados nomes duplicados, como o caso do Sidnei Junior que aparece 18 vezes na lista, o que pretendemos é analisar sobre o número de inscrições, não importando se há animais ou cavaleiros(as) que correram mais de uma vez.

Ao todo foram 2.247 inscrições da modalidade de Três Tambores, nas categorias Aberta, Amador e Paratambor, não está sendo utilizado os dados dos treinos, AQHA, Future Cash e Superstake.

Cavaleiros

Ao todo são 525 cavaleiros nos Três Tambores, entre profissionais e amadores, destes, *Décio Talon lidera 33 inscrições, seguido de Edson Carlos da Rosa Santos com 26 inscrições e Vinicius Fraga Morais com 23 inscrições.

*Em suas redes sociais, Décio Talon anunciou ontem (14) que não poderá participar do Nacional em virtude de uma lesão no menisco. Hoje (15), o atleta passará por uma cirurgia no joelho. Desejamos melhoras e uma boa recuperação.

Animal

Passarão pela pista de Araçatuba 870 animais, entre cavalos e éguas, na modalidade de Três Tambores. Contrário aos cavaleiros(as), nos animais há uma maior fragmentação, sendo os que mais irão correr, no máximo 6 vezes.

Grande parte deles sendo montados por amadores (irmãos) e outros por profissionais nas categorias Abertas e seus proprietários na categoria Amador.

Reprodutor e Reprodutora

Uma coisa é sabido, se quer ter um grande reprodutor ou uma grande reprodutora, não basta ser bom, tem que ter quantidade. E neste critério os criadores trabalham no incentivo de seus animais, principalmente com resultados em pista. Porém, quanto mais animais competindo, maior a probabilidade de vencer.

Sempre foi assim, estatísticas anteriores confirmam isso, não basta qualidade, quantidade é necessário, e se esta quantidade está conciliada com bons cavaleiros(as), ai a conta bate. Uma andorinha sozinha não faz verão.

Tudo conciliado com o tempo, tempo de maturação do reprodutor e reprodutora, já falamos isso em outro matéria, mínimo de 20 anos para um reprodutor ou uma reprodutora ganhar destaque no cenário nacional.

E no 45º Campeonato Nacional confirma isso, se eles estão no topo do ranking da ABQM é porque em pista estão se destacando. Neste ano, El Shady Zorrero terá 205 possibilidades de ganhar a fivela, seguido de Dash Ta Fame com 171 inscrições, e Aim Ta Fame com 144 inscrições.

Nas reprodutoras, destaque para Miss Fortunes Fool com 26 inscrições, seguido de Belle Sana Lince com 21 inscrições e de Slash Trouble ZD com 20 inscrições.

Criador

Dos 351 criadores, a Fazenda Caruana é a que mais apresenta animais de sua criação, ao todo são 112 inscrições, seguido do Haras ST, do sr. Márcio Tolentino, com 85 inscrições, e em terceiro Eduardo Kucinski, do Haras Two Brothers, com 82 inscrições.

Aqui destacamos o trabalho dos criadores na produção de seus garanhões e matrizes, tendo um impacto nos seus números, principalmente no ranking de pontuação da raça Quarto de Milha, como o caso do El Shady Zorrero e Aim Ta Fame.

Proprietário

Tem se 456 proprietários, grande maioria participando 2 ou 3 vezes em diferentes modalidades. Isso pode ser interpretado da seguinte forma: o Campeonato Nacional é composto em sua maioria por pequenos proprietários, um evento familiar, que pensa em vencer as provas, mas não tem compromisso com o sistema de pontuação da ABQM, caso contrário é dos criadores, estes sim se preocupam no desempenho de seus animais.

A proprietária com maior número de inscrições é Nadiesda Menegatti Coutinho, do Haras N3, com 29 inscrições, seguido pelo Haras Raphaela com 28 inscrições e por Luiz Possatto e Maricy Oliveira David Miante com 25 inscrições.

Cidade/Estado

São competidores(as) de 204 cidades, representando 19 Estados do Brasil. Estas cidades/estados se referem a localização do competidor na qual foi cadastrado nos sistemas da ABQM, assim, nada impede, que o competidor esteja morando em outra cidade.

Como exemplo, Mariana Jubran, em algumas inscrições aparece pertencendo a cidade de Nova Odessa, todavia, o MJ Ranch, onde está sua criação e o centro de treinamento está localizado na cidade de Avaré (SP).

Outro dado que não pode passar despercebido é o número de participações por cidade, estes números não indicam que há, nestes municípios, o maior número de competidores, como o caso da cidade de Tietê, com o maior número de inscrições, porém grande parte destas inscrições são da família Rugolo, do Haras Raphaela, como vimos nos dados de proprietários. Assim como Nova Odessa, que são em grande maioria do Sidnei Junior e da Mariana Jubran, estando os dois morando em Avaré.

Estas informações são importantes para registrar as regiões e territórios onde há maior peso da modalidade, apresentando as associações onde deve haver maior incentivo nas modalidades. Como o caso do Rio Grande do Sul, que não tem nenhum representante da modalidade, mesmo estando tão perto de Araçatuba.

Uma possibilidade partiria da descentralização da ABQM em provas unicamente em Araçatuba, criando sistemas realmente nacional, com etapas regionais, estaduais, e ai sim um nacional.

Desta forma poderíamos avaliar de fato o campeão nacional, haja visto que muitos ficam de fora da competição por motivos de gastos na logística. Imagina um competidor ter que se deslocar 4 mil km, trazendo um animal, para correr uma prova de 17 segundos. Vale a pena?

Nesta centralização muitos ficam de fora. Neste ponto a ABQM poderia aprender com a ABCCC, na qual realizam credenciadoras para a grande final em Esteio (RS), no Freio de Ouro. E se criássemos as credenciadoras estaduais, criando mais eventos e mais recursos financeiros, e numa final tivesse uma ajuda de custo para aqueles que estão distante de Araçatuba?            

Alguma coisa tem que ser pensada, pois estamos falando de umas maiores modalidades da ABQM, pior estão as modalidade sem tanto peso, como Conformação, Maneabilidade e Velocidade, Cinco Tambores, entre outras.

Colaboração: Luciano Ferreira Rodrigues Filho

Cavaleiro e Pesquisador | Haras Dom Herculano

Foto e Gráficos: Divulgação

Mais notícias no portal Cavalus