Há 19 anos nos Três Tambores e dona de títulos importantes, a supercampeã falou conosco sobre a importância de um planejamento correto antes de entrar em pista
Ela é bicampeã Nacional pela ANTT, bicampeã do Rodeio Internacional de Barretos, bicampeã do Rodeio de Americana, bicampeã do Superhorse Três Tambores, Tetracampeã do Rodeio de Jaguariúna, campeã Top Team Crystal, campeã Nacional ANTT Silver Race, já ganhou um trailer, um carro, uma camionete e 70 motos como prêmio na carreira. Uma das competidoras mais vitoriosas da história dos Três Tambores, Daiane Sudário sempre treinou seus cavalos sozinha. Por alguns períodos, logo no começo da sua trajetória, em que ela treinava em outro haras, teve treinador, mas no de decorrer do tempo, passou a treinar e cuidar dos seus cavalos ela mesmo.
Fomos conversar com Daiane sobre a importância do aquecimento dos cavalos antes da prova. Mesmo em treinos, aquecer da forma correta seu cavalo evita lesões e o deixa melhor preparado para executar os movimentos. É assim com qualquer atleta. Do alto da sua experiência de quase 20 anos de profissão, incontáveis rodeios e provas, ela nos passou algumas dicas essenciais. Confira:
Em uma prova, quanto tempo antes da passada é ideal tirar o cavalo da baia para começar a prepará-lo?
“Tiro o cavalo da baia ou do piquete mais ou menos uma hora antes da prova. Ele também não consome mais água e comida até a passada, porque não é bom o cavalo estar de barriga muito cheia para competir. Levo ele para perto do trailer e começo a prepará-lo com calma. Passo escova, limpo o casco. Se precisar trançar a crina, para que não enrosque na mão ou na rédea, eu também já faço nesse momento. Coloco a sela, caneleiras ou ligas, freio. Vou me organizando e me arrumando e subo para a pista de aquecimento. Gosto de andar bastante ao passo, para depois começar o aquecimento propriamente dito.”
Como calcular quanto tempo antes da passada deve-se ir para a pista de aquecimento?
“Eu subo uma meia horas antes da passada. Em provas oficiais, temos uma base de 50 cavalos por hora. Então, de acordo com a minha ordem de entrada, se vou entrar na posição 100, por exemplo, quando tiver correndo o cavalo 50 eu começo a fazer todo esse processo. No rodeio também da mesna forma, temos que olhar a programação para fazer esse cálculo.
Me baseio muito no tipo de treinamento que faço em casa. Para o aquecimento, gosto de andar bastante ao passo, trote, galopo um pouco, para depois fazer algumas exercícios. Procuro sentir qual parte meu cavalo está mais precisando naquele momento. Por exemplo, está precisando mais de flexionamento do lado direito, os exercícios serão baseados nessa necessidade, que o ajudará a virar melhor o primeiro tambor. E assim segue com cada cavalo e de acordo com o que eles precisam. Depois, gosto de voltar para o passo, para que o cavalo retome a respiração e energia, ficando preparado para entrar em pista no ponto ideal, aquecido, mas descansado.”
Existe diferença de um cavalo para outro?
“Sim. Todos os cavalos são diferentes um do outro. Não tem como estabelecer um plano e seguir igual para todos. Tem cavalo que é mais temperamental, outros mais ansiosos. É imprescindível conhecer bem seu cavalo e saber reconhecer como ele está na hora, para que, de repente, não force muito e acabe cansando e tirando ele do ideal, prejudicando sua passada. Tem outros cavalos mais calmos, então é preciso saber como deixá-lo mais ativo, mais antenado, fazer um aquecimento que ligue ele no que vai acontecer na sequência. Se já for um cavalo mais agitado, se você aquecer ele de forma mais puxada, ele pode entrar na pista acelerado demais e não conseguir executar os movimentos ou prestar atenção nos seus comandos. Por isso o aquecimento correto é tão importante quanto o que você vai fazer dentro da pista.”
Uma dica para quem tem dificuldade de encontrar um equilíbrio nesse momento pré-prova.
“A minha maior dica é que você nunca deve mudar o que ta fazendo. Mantenha o mesmo programa que você está acostumada a fazer em casa. Se o seu cavalo é muito agitado, na prova pode ficar ainda mais, tem muito estímulo de som, outros cavalos e pessoas passando, então identifique em casa como ajustá-lo e repita o mesmo processo no aquecimento pré-prova, deixando ele no ponto correto. Manter sempre o mesmo tipo de exercício que vocês estão acostumados para não atrapalhar o desempenho. Não invente, não faça na prova o que você nunca fez em casa. Você ficará mais seguro e confiante se realizar os movimentos e exercícios que já vem dando certo nos treinos.”
É possível dar menos importância ao aquecimento?
“Não. O preparo correto, principalmente, evita lesões de todos os níveis. O cavalo tem que estar com a musculatura preparada, respiração e batimentos cardíacos de acordo. Um cavalo atleta é igual a um humano atleta, a ideia é a mesma. Uma boa preparação e aquecimento corretos, certamente farão diferença na performance. E tudo começa em casa, nos treinos. Preocupe-se em deixá-lo melhor condicionado em casa, descubra como trabalhar com ele da melhor forma, e na prova, basta manter. E boa sorte!”
Por Luciana Omena
Fotos: arquivo pessoal