Estado do Pará tem uma associação que reúne somente vaqueiras

Criada em 2015, mas efetivamente colocada em prática em 2017, a AVAPA  defende os direitos das mulheres que correm Vaquejada

Mulher derruba boi, sim senhor! Esporte predominantemente masculino, como diversos outros, a Vaquejada vem abrindo espaço para as mulheres vaqueiras, que amam a prova e fazem questão de participar. E no Pará tem muita menina que curte correr Vaquejada, mas que sentiam não ter apoio devido das comissões organizadoras. Como em todos os lugares, acabou se fazendo necessária a criação de uma Associação, que visa defender os direitos das mulheres dentro das festas de boi, assim como assegurar uma boa premiação para a categoria Feminina e brigar por mais espaço.

A Associação das Vaqueiras do Pará foi esboçada em 1° de outubro de 2015, mais somente este ano é que passaram a atuar de forma efetiva. Estão à frente da AVAPA Yandra dos Santos Aguiar (presidente) e Camila Nazaré Barata de Volis (vice). A sede da entidade fica na cidade de Jacundá. Elas ainda não tem um campeonato próprio, então correm nos principais circuitos do Estado, como o da ASPAV (Parque e Haras Porto Chagas, em Jacundá; Parque Jailson Bandeira, em Nova Ipixuna; Parque J. Lucena, em Itupiranga), o da ASR (Parque Flor da Mata, em Castanhal; Parque Zangão, em Santa Izabel; Parque ASR, em Mãe do Rio) e o Tropas Fora do Circuito (Parque Aroeira Ranche, em Rondon do Pará; Parque Elza Fogaça, em Ourilândia do Norte). Elas também participam dos famosos bolões, provas abertas.

Foi o sr. Marlon Porto, do Parque e Haras Porto Chagas, que primeiro abriu as portas pra AVAPA.  Foi lá que elas correram como associação pela primeira vez. Além de correrem nas vaquejadas do Pará, também seguem viagem para Maranhão e Tocantins. Desde que começaram, já foram 30 troféu. Seis primeiro lugares rachados e 16 sem dividir o prêmio. “Hoje somos muitos mais que vaqueiras, somos uma família unida pelo amor, respeito e amizade. Passamos por cima de muitas barreiras, preconceito e  discriminação. Lugar de mulher é onde ela quiser e se sentir bem, inclusive na Vaquejada, correndo boi e ganhando prêmio”.

Para a categoria Feminina nesses circuitos, cada senha dá direito a correr dois bois. Quem faz valer o boi (completa a prova) após a segunda rodada, classifica para a final. A premiação gira em torno de mil a cinco mil. “A AVAPA é nosso porto seguro. Somos mulheres, mães, guerreiras, lutamos pelos nossos direitos, conquistando nosso espaço na Vaquejada. Semore vimos muitas vaqueiras pelo Pará, correndo as tropas sem nenhuma organização. Nos espelhemos na  Abrava, que só corre no Nordeste, e fizemos uma organização sem fins lucrativos aqui na nossa região”, comenta Yandra, que tem 22 anos e está desde o quatro ano na Vaquejada.

Em pouco menos de um ano de atividades, já são 35 vaqueiras associadas, 23 correndo e 12 entre iniciantes e aposentadas. O espaço e  o reconhecimento vêm sendo conquistado pouco a pouco. “Uma das coisas mais legais desse ano foi que conseguimos correr as três etapas realizadas aqui no Pará do campeonato Portal Vaquejada, o mais importante do país. E não fizemos feio, batemos senha, ganhamos prêmio nas três provas e já chamamos atenção da  mídia, o que vai ser muito bom para a nossa associação”.

Yandra conta que estão ansiosas para a temporada 2018, já receberam convite para correr em outra duas cidades. Em Janeiro a AVAPA estará no Aroeira Ranch, em Rondon do Pará, e em Maio, no Queiroz Ranch’s, em Redenção. Além, claro, dos circuitos mencionados acima. “Em  nossos planos para 2018, está fazer nosso circuito aberto a todas as vaqueiras, com pontuação para as associadas, e o Tropa Extra no fim do ano, para as mais pontuadas. Esperamos contar com a ajuda dos nossos patrocinadores. Nossa meta principal é conquistar o apoio de mais parques, abrindo portas para acolher cada vez mais as tropas femininas.”

Por Luciana Omena
Fotos: arquivo pessoal

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