Motivadas por competidoras experientes, crianças tomam gosto pela modalidade
Além de proporcionar conhecimento aprofundado de montaria, a modalidade é uma grande porta de entrada para a prática de outros esportes equestres. Esse é o Western Pleasure, bastante difundido nos Estados Unidos, mas com poucos praticantes no Brasil.
Para se ter uma ideia, por lá chega-se a ter mais de 200 inscrições por prova. Tal fato deve-se aos benefícios que o esporte proporciona aos seus praticantes, seja o cavaleiro ou o cavalo. A modalidade tem origem no velho oeste, período em que se percorriam grandes distâncias a cavalo.
Para que o cavaleiro e o animal suportassem esses longos trajetos, os criadores passaram a selecionar cavalos com movimentação boa no trote, ou seja, macio. Assim, notou-se a importância de se formar conjuntos harmônicos no andamento. Nasceu a modalidade.
Leticia, Kiki e SophiaQuem a pratica aqui no Brasil, é apaixonado por tudo que envolve o Pleasure. Especialmente, o prazer de montar. Outro fato que pesa a favor da modalidade, é o reforço para uma melhora de postura durante a equitação. Algo que pode ser útil em qualquer momento da vida do cavaleiro.
Há dois anos, mais ou menos, Kiki Benevides e Letícia Farina Cândido se uniram em busca do fortalecimento do Western Pleasure no Brasil. “É uma modalidade linda, que sempre teve muitos adeptos, mas que estava ‘adormecida’. Kiki era uma das únicas que continuava firme e forte, competindo e fazendo de tudo para levantar a modalidade. Há alguns anos comecei a competir também. Depois veio o Gabriel Claro”, conta Leticia.
Por estar sempre juntos nas provas, os três se uniram ainda mais a buscar uma solução para não deixar o esporte ‘morrer’, E o que seria melhor do que incentivar as crianças a conhecer, praticar e se apaixonar pelo Pleasure?
Leticia, Valentina, Octavio e Gabriel ClaroPara quem nunca viu uma prova, nessa modalidade os participantes competem juntos. Eles caminham em volta do perímetro da arena a passo, depois a trote e, por último, a galope. A pedido do juiz da prova, os cavaleiros devem segurar as rédeas apenas com uma mão e não se pode mudar de mão durante a prova. O cavaleiro não pode tocar na sela ou no cavalo com a sua mão livre ao decorrer do percurso.
Então, a cada categoria, todos os inscritos entram juntos e realizam a prova conforme descrito acima. Esse é um fator, que Letícia lembra, dificultar para que cada cavaleiro que pratica possa atuar com mais de um cavalo. Então, qual a solução?
“Uma das alternativas que vimos foi colocarmos as crianças para competirem nos nossos cavalos nas categorias Jovem e Jovem Principiante. Além de aumentarmos o número de inscrições na modalidade, tornou-se uma forma de incentivo para essa nova geração”. E tem dado certo. De 2017 para 2018, houve um aumento de 70% nas inscrições do Congresso da ABQM, por exemplo.
Valentina Cipolla LunardiniAs opções que se têm hoje para o Western Pleasure se limitam às provas da ABQM – Congresso, Nacional, Copa dos Campeões e Potro do Futuro -, além das provas no Núcleo Anhanguera. Mas Letícia reforça que com esse crescimento, estão buscando mais parceiros e patrocinadores para que seja possível fazer mais provas regionais.
Valentina Cipolla Lunardini e o irmão Octavio estão entre as crianças que aderiram ao esporte. “Em 2016, meu irmão participou pela primeira vez no Western Pleasure. Nesse dia eu conheci a modalidade, com movimentos suaves e elegantes. Esse ano, recebi o convite da Letícia para montar em uma de suas éguas no Congresso da ABQM”, lembra Valentina.
Ela conta que ficou muito feliz com o convite, mas um pouco nervosa. “Nunca tinha feito essa modalidade, mas ocorreu tudo bem e eu peguei o segundo lugar. Novamente, Leticia me chamou para o Nacional, me emprestando outro cavalo. Novamente fiquei em segundo, e ganhei o Castrado. E gostei muito de competir nessa modalidade, porque além de ser linda, me ajudou muito na postura e o controle do cavalo”.
Octavio Cipolla LunardiniPara Octavio, como o próprio nome da modalidade diz, é um prazer enorme começar a correr. “O Western é uma modalidade muito elegante e com movimentos suaves e controle do animal. É preciso já saber bem de montaria para fazer uma apresentação no Western Pleasure. Minha primeira vez foi em 2016, com meu cavalo de Rédeas”, conta ele, reforçando que tomou gosto pela modalidade.
Sophia Oliveira TeixeiraEsse ano, a Leticia e o Gabriel Claro, que é treinador da Kyara Dun It, fizeram convite para ele competir no Congresso ABQM e no Campeonato Nacional ABQM com essa égua. “Alcançamos o lugar mais alto do pódio, o primeiro lugar. A égua é simplesmente excelente e muito concentrada no que faz, facilitando muito nas apresentações. Quero muito continuar treinando e me aprimorando nesta modalidade”.
Aos oito anos, Sophia Oliveira Teixeira se considera bastante iniciante nos esportes equestres. Ela treinava somente Rédeas, até que a Kiki a convidou para o Pleasure. “Eu não conhecia nada e fiquei com medo. Também não conhecia a égua. Mas a Kiki me deu a maior segurança. Treinei em casa, com meu cavalo de Rédeas. Antes da prova em Londrina, treinamos até tarde. Queria fazer bonito”, conta a pequena.
Ela saiu da pista segurando o choro. “Fiquei muito emocionada após a prova. Apresentei a Naja Moon e ficamos em quarto lugar. A Kiki me ensinou direitinho. Só conseguia abraçar minha mãe e chorar de alegria. Quando eu estava quase conseguindo me acalmar, fiquei sabendo que tinha classificado para a Copa dos Campeões. Agora não quero mais fazer só Rédeas, quero continuar no Western Pleasure também”.
Que Kiki Benevides, Leticia Farina Cândido e Gabriel Claro continuem firmes e fortes nessa caminhada. “Começamos para incentivar as crianças e teremos um prazer imenso que mais pessoas, independente se forem adultos ou crianças, entrem na modalidade!!!”, finaliza Letícia.
Por Luciana Omena
Fotos: Cedidas