Conheça um pouco das provas funcionais do Freio de Ouro

O momento máximo da raça Crioula é dividido em duas etapas: Morfologia e Provas Funcionais

A 37ª edição do Freio de Ouro está marcada para 23 a 26 de agosto de 2018, do Parque Assis Brasil, em Esteio/RS, abrindo a programação da Expointer, umas das maiores feiras agro da América Latina, senão a maior. Serão 104 animais, entre Machos e Fêmeas, disputando os títulos desse ano. E o que é o Freio de Ouro? Trata-se de uma avaliação rigorosa e integral do cavalo da raça Crioula.

O primeiro esboço do que hoje é o Freio de Ouro ocorreu no ano de 1977 na 1ª Exposição Funcional de Jaguarão/RS. Uma mostra modesta, mais ou menos improvisada, com um número reduzido de participantes, mas um grande sucesso. Naquele momento, os criadores de cavalos Crioulos verificaram que o desenvolvimento da raça passava pela promoção de provas funcionais. Até então, demonstrações desse tipo não faziam parte do calendário oficial da raça, existindo apenas julgamentos morfológicos.

Durante o ano hípico, credenciadoras e classificatórias acontecem no Brasil e no Uruguai e Argentina, habilitando conjuntos para a grande final do Freio. E tudo isso acontece no Parque Estadual Assis Brasil, que encanta por sua grandiosidade. A casa da Expointer possui área de 141 hectares, com toda a infraestrutura para receber seus visitantes e expositores. Conta com 45,3 mil m² de pavilhões cobertos; 70 mil m² de área para exposição; sete mil vagas para estacionamento interno; 19 locais para julgamentos; nove locais para leilões e ainda um sem número de postos de serviços e alimentação.

Após a etapa da Morfologia, as Provas Funcionais entram em cena. Nessa etapa da prova são testadas a doma, a resistência, a docilidade, a aptidão e a coragem que formam o perfil funcional do cavalo Crioulo. A raça saiu das estâncias e chegou ao centro urbano, provando sua versatilidade como animal de passeio, de trabalho e esporte. E a etapa funcional se divide em dois momentos.

No primeiro momento acontecem as provas de Andadura, onde exige-se do cavalo a definição e manutenção de três modos diferentes de andar: tranco, trote e galope. São observados nessa etapa a tipicidade do andar, a comodidade, o avanço e o equilíbrio; de Figura, onde o animal faz um percurso pré-estabelecido entre fardos, dispostos na pista, a galope. O objetivo é traçá-lo corretamente o mais rápido possível. Como não é uma prova de velocidade, é importante fazer o percurso corretamente. Se avalia o equilíbrio nas trocas de mãos e patas, potência de execução e submissão a todas as solicitações do ginete.

Nessa primeira avaliação ainda a Volta Sobre Patas/Esbarradas, onde os jurados analisam o animal dando volta sobre suas patas e também no trabalho de parada, ou esbarros. Ele deve obedecer ao comando do ginete em cada manobra, sem reação. Quanto mais agrupado tiver o animal, melhor. Um dos momentos mais difíceis do Freio do Ouro.

Mangueira

A cada etapa dessa, as notas vão sendo atualizadas em tempo real e os conjuntos já partem para a próxima cientes de como estão as parciais. Na sequência, tem a prova da Mangueira, realizada em uma arena de 16mX9m. Na primeira parte entram dois novilhos e após a escolha do juiz, o ginete com o cavalo deve manter um deles apartado por até 45 segundos. A segunda parte denomina-se pechada, onde entra somente um novilho e o cavalo deve ‘pechar’ na altura da paleta do novilho, dos dois lados, fazendo-o mudar de curso. É importante lembrar que o animal deve seguir os comandos do ginete.

A Paleteada 1, ou prova de campo, atrai multidões para o entorno da pista. Última e decisiva etapa do primeiro momento do Freio de Ouro. Observa-se aqui, mais uma vez, a aptidão vaqueira, a velocidade, a força e a total submissão do cavalo ao cavaleiro. Em duplas, formadas conforme a classificação das médias, os animais saem do brete com o novilho ao centro deles, por uma raia de 110mX50m, com marcações de fardos de feno aos 30m, 80m e 110m. Entre os 30 e 80m, o novilho deve ser ‘prensado’ entre as paletas dos dois cavalos, daí a expressão paleteada. Após a ultrapassagem do marco de 80m e antes do final da raia, os ginetes adiantam os cavalos em relação ao novilho, cortando-lhe a frente, para que o animal retorne. O processo é repetido, trocando as duplas de lado.

Após a soma das notas de todas as etapas citadas acima e ainda Morfolgia, chegam para o Segundo Momento da final do Freio de Ouro de 40% a 50% dos conjuntos. Quem classifica para novamente pela prova da Mangueira, depois a etapa é a do Bayard-Sarmento. Prova em que se exige velocidade na execução, correção nos movimentos e atenção à submissão. Consiste em uma sequência de quatro Esbarros e Volta Sobre Patas, na pista de campo, 160m, ida e volta.

Paleteada. Foto: Leandro Vieira

No domingo a tarde, último dia de Freio, a Paleteada 2, normalmente, é a fase que define os campeões. É importante lembrar que Fêmeas e Machos são julgados e competem separados. Então sempre teremos um Freio de Ouro nos Machos e outro nas Fêmeas. O processo é igualzinho ao relato acima. As últimas duplas a correr sãos sempre as que estão com as melhores médias, então o resultado só é conhecido, geralmente, após a última paleteada. As pessoas costumam chegar de manhã e guardar lugar para não correr o risco de perder a chance de assistir a Paleteada final.

Uma dica para quem quiser curtir esse evento, é hospedar-se em Porto Alegre mesmo e fazer o percurso até Esteio de trem. Vale a pena!

Por Luciana Omena

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