A grande campeã entre as fêmeas foi Campana Vicuña e entre os machos o vencedor foi o cavalo Santa Alice Nublado II
A final do Freio de Ouro 2019 consagrou mais dois grandes campeões depois de uma tarde de provas muito disputadas. E que contou ainda com arquibancadas lotadas, como é de praxe, neste domingo, 25 de agosto, no Parque de Exposições Assis Brasil. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos em Esteio/RS premiou com R$ 200 mil os oito ganhadores dessa importante prova.
Uma edição histórica! Esse é o balanço da ABCCC que esteve mais um ano no seio da Expointer que marcou sua 42ª edição. A maior prova da raça Crioula atingiu novas marcas e escreveu novas linhas de uma história que perpassa gerações. Somados os quatro dias, cerca de 90 mil pessoas estiveram nas arquibancadas no entorno da pista. Local que será remodelado em breve com o projeto Nova Arena.
Entre as 49 fêmeas e 48 machos, o lugar mais alto do pódio entre as fêmeas ficou a égua Campana Vicuña, da Cabanha JLV. De Santa Margarida do Sul/RS, foi montada pelo ginete Fábio Teixeira da Silveira. Já nos machos, a vitória foi do cavalo Santa Alice Nublado II, da Estância Santa Alice e El Casillero. De Rosário do Sul/RS, guiado pelo ginete Fernando Andrighetti, teve uma das maiores pontuações já registradas em uma final do ciclo.
O expositor da égua Campana Vicuña, José Valmir D’Avila, salientou que este é o terceiro Freio de Ouro que participa e que está muito feliz. “É uma égua excepcional e todos que trabalharam para chegar até aqui são vencedores”, afirmou. Conforme o criador, Mário Moglia Suñe, este é sempre um momento de muita emoção, de criar uma égua e tê-la laureada. O ginete Fábio Teixeira destacou que a égua é muito mansa, de extrema força e bem domada.
Campana Vincuña já se apresentava entre as quatro primeiras fêmeas desde a etapa morfológica, onde alcançou 8,183 de média em uma fila extremamente disputada. E de lá para a última corrida de boi, o caminho da égua zaina foi de plena evolução, permanecendo no topo desde a primeira prova de campo (Campo I). Na comemoração da vitória, toda a experiência do ginete Fábio Teixeira, que aos 34 anos conquistou o seu terceiro Freio de Ouro ao somar 21,407 de média final em 2019.
O expositor do Freio de Ouro dos machos, Juliano Biazus, disse que o cavalo estava sendo preparado há um ano e meio e conquistou neste domingo o seu primeiro prêmio. “Dedicação é o principal fator para criar um Cavalo Crioulo campeão e, acima de tudo, no caso do Santa Alice Nublado II, é amor. Praticamente tivemos uma família envolvida com ele. Todos muito comprometidos e trabalhando com prazer”, destacou.
Segundo o ginete Fernando Andrighetti, que conquistou o seu primeiro prêmio nessa prova, a sua concentração foi muito grande. “A emoção é intensa, passa um filme na cabeça, é a vida inteira brigando para chegar aqui, e agora acontece. A gente deve isso a muitas pessoas que estão envolvidas, e eu só tenho a agradecer a todos”, afirmou, sinalizando que atribui a nota – 22,978 de média, a segunda maior entre as duas categorias da história do Freio de Ouro e maior entre os machos na história -, ao temperamento do cavalo.
Com o passar de cada etapa do Freio de Ouro – Morfologia e Provas Funcionais -, os olhos mais atentos começaram a notar uma estabilidade nas notas parciais de Santa Alice Nublado II e Fernando Andrighetti. Logo no primeiro dia, da Morfologia, passaram a liderar, mantendo-se na posição até a Paleteada final. Líder de ponta a ponta! Somente Oraca do Itapororó, Freio de Ouro 2013, marcou mais que Santa Alice, 23,319 de média no geral.
No fundo da pista após a confirmação do título, o ginete recebeu os cumprimentos de amigos e deu declarações emocionadas. “O cavalo é um fenômeno, é um craque. Esse sonho era algo antigo, emoção com o meu irmão, porque a gente sabe o quanto batalhou lá atrás. Coisa de muito tempo, começamos longe e a gente imaginava esse momento, mas quando acontece não cai a ficha ainda”, revelou Andrighetti.
Nas fêmeas, o Freio de Prata ficou com Freio de Prata Ibérica da Vendramin, conduzida pelo ginete Fabricio Brunelli Barbosa, 20,990 de média. Seguida pelo Freio de Bronze Independência do Espigão, com Daniel Waihrich Marim Teixeira, 20,843 de média; e pelo Freio de Alpaca Desavença dos Castanheiros, com o ginete Gabriel Viola Marty, 20,576 de média. O Freio de Prata nos machos foi Urco de Santa Thereza, com Jose Fonseca Macedo, 21,460 de média. Seguido pelo Freio de Bronze Jotace Amuleto, Raul Teixeira Lim, 21,050 de média; e Freio de Alpaca Peñarol Da Boa Vista, com Fabio Teixeira da Silveira, 20,785 de média.
O presidente da ABCCC, Francisco Fleck, disse que a raça Crioula virou patrimônio cultural do Brasil. “Tivemos um crescimento muito grande no Centro e Norte do país porque nós temos hoje o melhor cavalo do Brasil, fruto do Freio de Ouro, dessa seleção, dessa prova maravilhosa”, salientou, lembrando que o Freio de Ouro é uma prova que repete os movimentos do trabalho nas fazendas, então esses animais vencedores serão utilizados como reprodutores e vão melhorar todo o rebanho nacional do Crioulo.
“Graças a Deus temos o apoio de toda a comunidade, políticos e empresários porque o Crioulo é um cavalo do povo, movimenta mais de 300 mil empregos, gera uma renda fantástica e desenvolvimento para o nosso país. Nós estamos com um projeto arquitetônico para a cobertura da pista e agora vamos trabalhar para tentar viabilizá-lo”, informou.
O governador do Estado, Eduardo Leite, participou da entrega dos prêmios na Final do Freio de Ouro. Afirmou que neste primeiro domingo de Expointer, a grande exposição do agronegócio, a festa na premiação dos destaques nas provas demonstra a paixão dos gaúchos pelo Cavalo Crioulo. Segundo ele, trata-se de um dos pontos altos da programação da Expointer.
“Uma festa muito bonita, mostrando o potencial do campo, do agronegócio do Rio Grande do Sul”, salientou, destacando que apesar das dificuldades que estão sendo enfrentadas pelo governo com ações firmes para o equilíbrio das contas, o Estado tem uma dinâmica econômica muito forte. “Uma dessas dinâmicas vêm do campo, não apenas dos grandes produtores, mas, principalmente, da agricultura familiar, com uma participação muito expressiva nesta Expointer”, observou.
Captação de recursos para nova arena em Esteio
A ABCCC apresentou durante o Freio de Ouro o projeto para reformas na arena do Cavalo Crioulo no Parque de Exposições Assis Brasil. Foi mostrado ao público presente o projeto arquitetônico que contempla, entre outros pontos, a cobertura da pista, novas arquibancadas e palco de shows. De acordo com Fleck, esse é um anseio antigo da comunidade crioulista.
“Estamos lançando um projeto bonito e consistente, de alta qualidade, visando captar o apoio dos setores públicos e privado para realizar este sonho”, destacou. Após a cessão do espaço pela Secretaria da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, firmado previa a concessão de área de 7,5 hectares, quatro hectares a mais do que a ABCCC tinha até o momento, por 25 anos e renovável por outros 25 anos, em 2015, durante a Expointer, foi inaugurado o novo espaço da ABCCC no Parque.
Entre as mudanças, as cocheiras dos animais passaram para perto da pista de provas do cavalo Crioulo. Ainda foram criados a Boulevard do Cavalo Crioulo, um espaço com comércio de vestuários e acessórios, artigos tradicionalistas e artesanais, e o Tattersal do Cavalo Crioulo, espaço para remates da raça Crioula. Em 2017 ocorreu mais uma etapa de ampliação do complexo do Cavalo Crioulo com a cedência de área para a construção do Camping com 116 lugares e do estacionamento com 320 vagas.
Parede da Fama
Ao lado de Daniel Anzanello, Bayard Bretanha Jacques e Manuel Rossell Sarmento, o 1º ginete a ganhar o Freio de Ouro da história da raça Crioula, Vilson Souza, 85 anos, agora compõe a Parede da Fama. Em uma noite emocionante, a placa que homenageia a trajetória do também conhecido como Ginete do Século, foi inaugurada por Francisco Kessler Fleck. Na carreira dele, cinco Freios de Ouro – sendo o primeiro em 1982 com Itaí Tupambaé -; quatro Freios de Prata e dois Freios de Bronze.
Ao lado de seu neto, Pablo Alves, assim como grandes amigos e admiradores de seus feitos, Vilson Souza, considerado uma lenda viva do Cavalo Crioulo agradeceu. “O Cavalo Crioulo sempre fez parte da minha profissão e da minha vida, rendendo muitas alegrias e grandes amigos. E continua me proporcionando momentos maravilhosos. Eu tenho muito orgulho de ter acompanhado a evolução da raça, o nascimento do Freio de Ouro e de ter ganhado o primeiro título”, disse Vilson, emocionado.
Colaboração: ABCCC e Assessoria de Imprensa
Fotos: Felipe Ulbrich, Fagner Almeida, Leandro Vieira e Divulgação