Chegou ao fim a 20ª edição da tradicional Marcha Anual de Resistência do Cavalo Crioulo, promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). A prova, considerada um dos pilares da raça, foi realizada em Quaraí/RS e reuniu 25 conjuntos da raça.
Contando com a rusticidade, resistência e poder de recuperação do Cavalo Crioulo, os conjuntos percorreram os quinze dias de disputa. Nos primeiros 12 dias de Marcha, as etapas reguladas serviram para que os competidores conhecessem a estrada e seus cavalos, formulassem estratégias e se preparassem para a etapa final, com a chegada dos percursos livres que aconteceram nos três últimos dias de competição.
Na categoria Geral, quem levou a primeira colocação foram dois nomes já conhecidos na modalidade: Jura do Rincão da Querência e Luís Umberto Silva Rodrigues, o Balula, com 7 horas, 26 minutos e 55 segundos – tempo somando as três etapas livres – consagrando assim o bicampeonato do conjunto no desafio de resistência.
O conjunto, além de ganhar na soma total dos tempos livres, também venceu em sua categoria (Éguas Maiores de 7 anos).
“Eu fico extremamente contente principalmente pelo que a Marcha proporciona para a gente. Aqui eu vejo de tudo, vejo amigos, famílias, vejo pessoas seguindo o nosso trabalho e quem não traz a família, acaba formando uma aqui. Aqui todos somos família”, destaca.
Além de toda a atmosfera de irmandade ele também comenta sobre sua parceira de prova. “A Jura foi quem ganhou esta prova, o prêmio é dela, é mérito dela. Nós temos uma história de parceria, nós nos conhecemos, eu entendo ela e ela me entende. Foi ela que me proporcionou chegar em primeiro lugar e agora eu vou retribuí-la com o merecido descanso”, finaliza Balula.
Uma das maiores características da Marcha de Resistência é o controle sobre o tempo e como usá-lo a seu favor. Na categoria Égua Menor de 7 Anos a administração do tempo foi crucial para que Filipe Fernandes Garcia Vaz concluísse os 750 quilômetros em primeiro lugar. Conduzindo Ipiranga da Gap São Pedro, o ginete finalizou as etapas livres com 8 horas, 52 minutos e 41 segundos, com uma diferença de 24 minutos em relação ao segundo colocado, distância que adquiriu ao monitorar o percurso e aproveitar os melhores momentos da prova.
“Aqui a gente vive como se fosse o dia a dia na estância, pois é exatamente o que se faz quando transportamos tropilha para encilha. Não é fácil e nem sempre a gente consegue tudo o que quer, mas depois que entramos na modalidade não tem jeito, não saímos nunca mais”, confessa o vencedor.
Com uma trajetória promissora no universo de quem vive a Marcha de Resistência, um jovem de apenas 17 anos fez história ao concluir sua primeira participação na modalidade já alcançando o primeiro lugar do pódio.
Com um exemplar que carrega o sangue marcheiro, João Pedro Sune Martins da Silva, cruzou a linha de chegada ao lado de Cedrillo La Invernada, com 8 horas, 16 minutos e 11 segundos de etapas livres.
Já tendo disputado outras provas de resistência como Enduro, Marchita e Chasques (competição uruguaia), ele conta como a primeira impressão da Marcha traz uma visão diferente de quando somente acompanhava de longe.
“Essa prova é completamente diferente. Foram 15 dias de altos e baixos, uma verdadeira montanha russa de emoções”, concluiu João Pedro.
Presença internacional da Marcha da Resistência do Cavalo Crioulo
Quem também teve a experiência de percorrer os 750 quilômetros com o Cavalo Crioulo foi a canadense de 37 anos, Sarah Anne Cuthbertson, que viajou cerca de 10 mil quilômetros para vivenciar uma das modalidades.
Com um estilo de vida voltado ao cavalo, conheceu a prova através de Adriana Pires Neves, doutora em Medicina Veterinária que também participa ativamente da prova. Com nacionalidade e língua diferentes, ela foi acolhida pela família crioulista, que fez com que ela se integrasse rapidamente ao mundo do Cavalo Crioulo.
Com força de vontade e apoiada naqueles que a acolheram, ela não só conseguiu vivenciar aquilo que desejava, como também subiu ao pódio, levando para o Canadá a segunda colocação na categoria Castrados, com o cavalo Almirante da Reserva do Jaguél, com 8 horas, 24 minutos e 39 segundos de etapas livres.
“Foi incrível viver esta experiência. Aqui eu fiz grandes amizades e, graças à Adriana e a todos aqueles que gritavam o meu nome e vibravam enquanto percorria o trajeto, eu consegui sair vitoriosa. Foi uma vivência que desejo ter contato novamente e também quero que outras pessoas possam vir aqui e ter contato com este cavalo incrível que é o Cavalo Crioulo”, contou Sara.
Mais uma etapa da Marcha da Resistência do Cavalo Crioulo que entra para a história da raça
Por: Assessoria ABCCC
Foto: Fagner Almeida/Divulgação
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