Confira os rumos da Fazenda Passa Tempo e a marca “F”

A linhagem é a mais famosa e antiga seleção de Marcha Picada da raça Mangalarga Marchador

A linhagem Passa Tempo e a marca “F” surgiram com o Coronel Francisco Teodoro de Andrade, nascido em 1840, no distrito de Santo Antônio da Ponte Nova, em Minas Gerais. Antes de mais nada vale destacar que Francisco era filho do Coronel Bernardino José de Andrade, criador de cavalos no Sul de Minas, amigo de Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas.

portanto, influenciado pelo Barão, Francisco comprou, em 1866, a Fazenda Campo Grande, localizada no distrito de Passa Tempo, então município de Oliveira. Assim, mudou-se para o local e levou consigo sua tropa de marchadores.

Depois, por motivo de doença, passou o criatório para seu filho Gabriel Augusto de Andrade. Foi ele, aliás, que impulsionou o plantel com exemplares do Sul de Minas.

Invasor de Passa Tempo

Novos Rumos

Em 1928, os destinos da Fazenda Campo Grande mudaram novamente. Bolivar de Andrade, filho de Gabriel de Andrade, comprou o patrimônio e metade do rebanho. Dessa forma, seu pai continuou a criar até 1941.

Ademais, Bolivar de Andrade também avançou no trabalho de melhoramento da raça. Prosseguindo. assim, com a mesma dedicação e empenho o trabalho de seleção do rebanho Marca “F”.

Tanto que por seus relevantes serviços prestados à agropecuária mineira – aliados a um incansável esforço pela conservação do Parque de Exposições da Gameleira, fundado em 1938 -,  o nome Bolivar de Andrade passou a identificar o Parque. Este que é um dos maiores e mais antigos do país.

Nesse sentido, em 1954, ele enviou aos Estados Unidos seu filho Márcio de Andrade, que se formou ‘MS’ em Zootecnia, especializando-se em equinos. Ao retornar, Márcio de Andrade assumiu a condução do rebanho junto ao pai, trabalhando com afinco na grande obra de melhoramento da marca “F”. Um criatório que ficou conhecido pela tropa excelente de trabalho, de andamento confortável e ótimo rendimento.

Mas o que pouca gente sabe é que a história da linhagem Passa Tempo tem outro importante capítulo. Este que garantiu sua permanência na raça Mangalarga Marchador, proporcionando a muitos criatórios o benefício de utilização de tão importante sangue.

Terra Brava mantendo a linhagem Passa Tempo do Mangalarga Marchador

Permanência Marca “F”

Em 2002, com o falecimento de Márcio Andrade, a família – apesar de sempre incentivar a criação de cavalos – resolveu que não daria prosseguimento às atividades. Sendo assim, Eduardo Pinheiro Campos Filho demonstrou interesse em adquirir algumas éguas.

Afinal, o avô de Eduardo tinha fazenda em Oliveira, município vizinho a Carmópolis, ao lado da cidade de Passa Tempo, e era muito amigo de Bolivar Andrade. Por conta disso, filhos e netos cresceram na região.

Consequentemente, Eduardo viveu grande parte de sua juventude na fazenda e sempre gostou da vida no campo. Tinha, sobretudo, verdadeira adoração pelos animais da Passa Tempo e pediu à viúva de Márcio Andrade, Elisabeth Andrade, que lhe vendesse algumas éguas.

Tanto Márcio quanto Beth tratavam Eduardo por sobrinho e ela o presenteou com seis fêmeas escolhidas por ele mesmo. Dois anos depois, deu-lhe mais três éguas e o cavalo Desafio de Passa Tempo, um filho de Zinabre de Passa Tempo, animal que foi extraordinariamente premiado na década de 70.

Por isso, Eduardo passou a ter sob sua tutela, além do sufixo, exemplares da mais alta qualidade da linhagem Passa Tempo, mas, como sabia que outros exemplares estavam espalhados por diversos criatórios Brasil afora, iniciou um trabalho de resgate dos mesmos.

Em dez anos, conseguiu identificar e reunir 30 éguas e dois cavalos em seu plantel. Além de Desafio de Passa Tempo, comprou também o Licor, último filho de Invasor de Passa Tempo, com a intenção, sobretudo, de conservar a genética, já quase em extinção.

A partir de 2012, uma nova etapa foi iniciada, a do melhoramento zootécnico e genético. Tratava-se de uma tropa muito com sanguínea, com quase nenhuma abertura.

Por isso, foi feito um trabalho de identificação de material genético de garanhões que pudessem somar às características natas e bem padronizadas da linhagem, nascida há quase 180 anos e reconhecida nacionalmente na marcha picada.

Desafio de Passa Tempo - Top Marchador
Desafio de Passa Tempo

Outros animais

Eduardo investiu na compra do garanhão Duque da Cavaru-Retã, um cavalo de genética 50% Passa Tempo e 50% Favacho, filho da última égua campeã nacional da Passa Tempo, Vila da Passa Tempo.

Um animal que mostrou capacidade absurda de produção, com resultados surpreendentes no que diz respeito ao melhoramento zootécnico e genético. Um de seus filhos é o cavalo Everest de Passa Tempo, principal garanhão jovem da tropa, já comprovado na reprodução, sendo invicto nas pistas que disputou e promessa para a Nacional 2018.

Depois, Eduardo também investiu em coberturas de Elfo do Porto Azul. Grande destaque da marcha picada no país, foi Grande Campeão Nacional, Campeão dos Campões Nacionais e Campeão Nacional Progênie de Pai várias vezes.

Com isso, tem- se conseguido abrir um pouco o sangue da Passa Tempo para depois voltar a fechar, sem perder os critérios tão bem selecionados pela família Andrade. Animais de altíssima qualidade de marcha picada, com diagrama, rendimento, momento de tríplice apoio bem definido, com morfologia funcional adequada e grande caracterização racial.

Zinabre de Passa Tempo - Top Marchador
Zinabre de Passa Tempo

Reconhecimento

Por fim, também está no planejamento da Passa Tempo a fase de reconhecimento do trabalho que vem sendo desenvolvido. Depois do resgate e do início do melhoramento, chega a hora de avaliar os resultados em pista e em eventos da raça.

A conquista de prêmios em grandes especializadas e conceituadas vendas em bons leilões funcionam como termômetro para essa análise, que tem sido bastante satisfatória para Eduardo.

Na Terra Brava Agropecuária, que hoje também reúne um rico acervo de objetos antigos usados pelos idealizadores da linhagem, Eduardo, engenheiro por profissão e fazendeiro por paixão e vocação, tem o compromisso de elevar o nome Passa Tempo, fazendo jus à tropa formada a partir da experiência de profundos conhecedores do Mangalarga Marchador.

Por Renata Marques/Top Marchador
Crédito das fotos: Reprodução/Top Marchador

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