Top Marchador: confira a entrevista com José Márcio Carvalho Leite

Experiência e dedicação são a receita de sucesso do criador que é nascido e criado no cavalo

Aos 82 anos de idade, José Márcio Carvalho Leite, um dos pioneiros na criação do Mangalarga Marchador, não poupa histórias ao falar do cavalo. Proprietário do Haras Caxambu, no Sul de Minas Gerais, ele é o criador atuante mais antigo do quadro de associados da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM).

De acordo com ele, o convívio com o cavalo começou cedo. Seu avô criava e o pai, José Ferreira Leite, de Passatempo/MG, também. Assim, com estes anos todos de envolvimento, é fácil perceber a dedicação e a paixão pela raça na fala mansa, de sotaque bem mineiro de José Márcio. Um homem que, sem dúvidas, dedicou a vida inteira ao cavalo e ainda trabalha muito para promover a evolução do Marchador.

Depois, seu filho, Márcio Meirelles Leite, também seguiu o caminho do pai e toca junto todos os processos no Haras Caxambu. Atua ainda como árbitro no Mangalarga Marchador, compondo a equipe de juízes responsáveis pelos julgamentos durantes exposições realizadas em todo o Brasil e tem o respeito de todos os criadores da raça.

Na entrevista abaixo, conheça um pouco da trajetória deste criatório ícone da raça. Confira!

Modismo com relação a genética e marcha

“Eu sempre gostei de montar e, quando a morfologia se sobrepôs à marcha, o nosso criatório não embarcou neste padrão. Sempre preservamos nosso estilo de marcha, apesar de termos sido considerados ultrapassados durante um período.

Portanto, animais de plantéis como Tabatinga, Abaíba, Santa Terezinha, AJ e Sama, entre outros, faziam sucesso. Contudo, seguindo apenas nosso instinto, acabamos escolhendo o caminho certo.

Muitos criatórios que não se deixaram levar pelo modismo, assim como o nosso, são os que hoje prosperam no mercado. O resgate da valorização da marcha se deu nas mão de Alexandre Rocha de Miranda, ex- presidente da ABCCMM.

Inclusive, muitos comentam que ele teria dado um tiro no pé, uma vez que os animais que ele criava eram os de morfologia valorizada e não de andamento.”

Dificuldades para manter padrões valorizadas do Marchador

“É preciso investir em mão de obra. Temos sorte de ter na nossa casa peões valorizados no mercado, muito bem capacitados. A maioria é formada aqui. Com Marcinho, por exemplo, que é juiz, eles aprendem o que precisa ser valorizado nos animais.

O nível de exigência é alto! Para se ter uma ideia, vários gerentes de criatórios que se destacam atualmente no cenário nacional receberam formação com a gente.”

Juiz x criador: gera conflitos?

“Não podemos levar animais do nosso criatório à competições onde o árbitro for o Marcinho. Exemplares que vendemos para terceiros podem participar normalmente.”

Superação em um momento econômico difícil

“É preciso focar nos cruzamentos, na seleção. Em um trabalho como o nosso tem muito aprendizado. Para nós, o que faz tropa é égua e é preciso estudar os cruzamentos para garantir tiros mais certeiros, evitar prejuízos com surpresas desagradáveis. O resultado do trabalho no Haras se comprova na pista, com a coroação dos exemplares durante as exposições.”

Top Marchador: confira a entrevista com José Márcio Carvalho Leite
Caxambu Rapé – Foto: Reprodução/Top Marchador

Animais Marchadores marcantes

“Inevitavelmente, o Caxambu Rapé (Pop Haiti JB X Caxambu Harpa) foi um dos que mais contribuíram com nosso plantel. Acima de tudo, ele era tão bom que chegou a ser coroado Campeão Nacional Marcha, em Goiânia, em 1981.

Tanto que recebeu o título das mãos de Lecyr Lopes Durval. Além disso, o pai de Rapé, Pop Haiti, que não era cria nossa, também foi muito importante para nosso plantel.”

Perspectivas do Haras Caxambu para o futuro do Marchador

“Focamos na base de égua, refrescando sempre com sangue de cavalos de fora. Aqui usamos muito o sangue do Trilho da Zizica, que nos presenteou com dois reprodutores muito bons que são o Caxambu Beirute e o Caxambu Balote.

Mesmo assim, sempre voltando no sangue JB, nossa base maior de sangue. Um dos nossos principais garanhões em uso é o Delete, parceria com Porto Palmeira e Rio da Prata, que volta à linhagem JB pelo pai.”

Quantos animais compõem a tropa?

“Atualmente, temos cerca de 200 cabeças, com muitos animais em parceria. Tiramos cerca de 80 embriões por ano e investimos bastante em tecnologia. Consequentemente, a liquidez de embriões, no caso dos animais com qualidade já reconhecida, é ótima.

No time das fêmeas, destaco Xangrilá, Doçura, Uganda Xênia, Princesa, Miragem, Honda, Falena, Nuance, Dona, Marina da Casa Nova, Atrevida e Canária.

Já entre os machos sobressaem Delete Caxambuense, Feitiço Caxambuense, Foguete Caxambuense, Himalaia Caxambuense e Caxambu Ídolo, nossa grande aposta para refrescar sangue para fazer bonito em pista. Acima de tudo, buscamos sempre o melhoramento da tropa. A evolução nos exige cada vez mais dedicação.”

Por Top Marchador
Crédito das fotos: Reprodução/Top Marchador

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