Confira a quinta reportagem especial da Revista Top Marchador em parceria com o portal Cavalus sobre a história do surgimento do Mangalarga Marchador
O século 20 foi de altos e baixos para o cavalo Mangalarga Marchador. Afinal, nos primeiros 50 anos foram fundados os principais criatórios tradicionais em atividade hoje. Estes, acima de tudo, descendentes por laços de sangue ou amizade com os ‘bandeirantes’ da raça.
São eles: a Abaíba, em 1907; a Bela Cruz, em 1948; a Herdade, em 1935; a Passa Tempo, em 1928; e, por fim, a Tabatinga, em 1912. Além disso, foi fundada a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM ), em 1949.
Sem dúvida, foi a instituição que fomentou a expansão da raça por todo o país. No entanto, inicialmente, o objetivo da Associação era somente reunir debaixo da mesma bandeira todos os criadores de cavalos marchadores do tipo Mangalarga.
Dessa forma, foram anos bastante difíceis, considerando a desvalorização do cavalo como meio de transporte, diante da acachapante popularidade do automóvel. Na primeira gestão do primeiro presidente, Moacyr Resende, receberam registro apenas 199 animais.
Na sequência, o segundo presidente, José Bolivar de Andrade, recebeu na sua posse, em 1955, a associação com 355 animais registrados. Assim, entregou a administração para o terceiro presidente, Márcio de Andrade, com 657 animais. Portanto, a raça Mangalarga Marchador só atingiu a marca dos 2 mil cavalos em 1966.
Década de 70 e 80
Na década de 70, a raça chegou a ter 10 mil animais registrados. Mas a grande arrancada se verificou nos anos 80, quando a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, na gestão de Aristides Rache Ferreira, ultrapassou o Puro Sangue Inglês em número de animais e se tornou a maior raça de cavalos criada no Brasil, com uma tropa totalizando 100 mil animais.
Vale uma explicação para a explosão do Mangalarga Marchador e da equinocultura brasileira na década de 80. A revolução industrial brasileira, tão desejada pelos governantes republicanos, começava, já nos anos 60, a mostrar a sua face perversa composta pela poluição ambiental, a favelização da periferia, o trânsito caótico e o crime crescente nos grandes centros urbanos.
Foi quando a sociedade, desiludida, começou a ter saudades do luar do sertão e a procurar, no campo, um pouco de paz para o seu descanso e lazer. Com essa perspectiva urbana, foi montado o ‘cenário’ para o ressurgimento do cavalo na sociedade brasileira.
Donos de fazendas descobriram que suas propriedades podiam se tornar rentáveis com seleção genética de equinos, bovinos e outros empreendimentos rurais. Donos de sítios e seus filhos descobriram que o cavalo é um grande companheiro no lazer de fim de semana.
Em menos de 20 anos, só a criação de cavalos de raça devolveu para o campo o maior investimento de origem urbana desde que Cabral, inadvertidamente, batizou a República Federativa do Brasil de ‘Ilha de Vera Cruz.’
O século 20, apesar da adversidade inicial, deixou um saldo positivo para o Mangalarga Marchador, que se tornou a maior raça criada no Brasil, com criatórios em quase todos os estados da Federação.
Século 21
O século 21 será certamente conhecido na história da humanidade como o século da ‘regeneração ambiental’. Depois de séculos de guerra contra a natureza – que destruiu florestas, arrasou espécies inteiras de animais e plantas, matou rios e infestou a atmosfera –, o homem negocia um novo acordo ambiental a favor da natureza – um acordo de paz e convivência ecológica sustentada.
E com o reconhecimento da grande biodiversidade do país. O mato, que no tempo de Rui Barbosa era sinal de atraso, vai virando parâmetro de civilização e geração de riqueza em todos os países desenvolvidos do mundo.
E nesta nova ordem, o Mangalarga Marchador poderá se tornar, para todo o Brasil, o que foi para Minas Gerais no século 19, o companheiro inseparável na maior aventura de todas, a aventura de viver.
Fonte: Top Marchador
Crédito da foto: Divulgação/Top Marchador
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