Uma das principais associações de raças equinas do Brasil, está comemorando 89 anos de fundação. Em 25 de setembro de 1934, estimulada por técnicos competentes e amparada por iniciativas governamentais, foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM). Hoje, a entidade representa um dos maiores plantéis de equinos do Brasil, formado por mais de 200 mil animais registrados, no Stud Book da ABCCRM.
Com sede na capital paulista, a entidade foi criada com o apoio técnico de membros do governo estadual e federal. Uma circular dirigida a um grupo de criadores, assinada por Paulo de Lima Corrêa, da Secretaria da Agricultura, e Augusto de Oliveira Lopes, do Ministério da Agricultura, incentivou a instalação do registro genealógico e da associação do Mangalarga, que teve como primeiro presidente o criador Renato Junqueira Netto.
Início da seleção da raça de cavalos
O início da seleção do Mangalarga deu-se em 1812, na fazenda Campo Alegre, em Baependi, hoje município de Cruzília (MG), onde Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, instalou-se. Consta, ainda que nesta data, teria o Barão recebido de presente do Príncipe Regente D. João VI um cavalo Álter, que passou a usar como garanhão em suas éguas. Os animais oriundos destes acasalamentos originaram os exemplares que constituíram a raça.
Em 1928, o zootecnista Paulo de Lima Corrêa, através de um profundo estudo lançou as bases da caracterização do cavalo Mangalarga. Entusiasmado com a dedicação do técnico, dois criadores paulistas, Dr. Celso Torquato Junqueira e Renato Junqueira Netto, reuniram um grupo de criadores com a finalidade de definir os critérios de seleção da raça. Essa mesma comissão foi responsável pela elaboração do estatuto de fundação da ABCCRM.
A Família Junqueira e o desenvolvimento do Mangalarga
Traçar um histórico da raça Mangalarga equivale a narrar a história dos ‘Junqueira’, sobrenome da família mineira, considerada a primeira criadora de Mangalarga no Brasil. Anos mais tarde, membros da família mudaram-se para São Paulo e com eles carregaram o cavalo e as montarias em Mangalarga. A famosa raça de equinos logo contagiou os paulistas, que a adotaram e disseminaram por todos os municípios de São Paulo e estados vizinhos.
Provavelmente foi Napoleão Bonaparte, ao invadir Portugal, obrigando Dom João VI a mudar-se com a corte para o Brasil, quem primeiro contribuiu para a formação da raça. Com Dom João VI, vieram também os melhores exemplares da raça Álter da Coudelaria Real de Álter do Chão. No início deste século, muitos criadores introduziram, esporadicamente, no Mangalarga, as raças Árabe, Anglo Árabe, Puro Sangue Inglês e American Sadle Horse.
Seleção da raça e mercado no Brasil
Nesses 89 anos de história, vários momentos foram importantes para desenvolvimento e crescimento da raça, em especial animais que direcionaram a criação nacional. “O primeiro Mangalarga considerado padrão foi o ‘Colorado’, que até hoje tem sua linhagem disseminada nos criatórios. E em outro momento da história, na década de 1970, ‘Turbante JO’ se tornou outra referência na criação de Mangalarga”, lembrou o criador Raul de Almeida Prado.
“De 2021 a 2023, realizamos 50 exposições que destacaram a qualidade genética do Mangalarga. Investimos quase R$ 700 mil em copas de Marcha e Função. Expandimos nossas modalidades por meio de parcerias. Fortalecemos o mercado de cavalos com a chancela de 21 leilões. Tivemos 4.210 nascimentos de pelagens registrados e 6.441 inscrições de pelagem nas exposições de 2021, 2022 e 2023”, destacou Eduardo Rabinovich, atual presidente da ABCCRM.
Por Jean Philippe Vasconcelos/Agência Cavalus
Foto: Divulgação/Beto Falcão e Arquivo da ABCCRM
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