Gabriele Walter explica qual a função do classificador e como são definidos os Handicaps
Há mais de 50 anos envolvida com cavalos, a Fisioterapeuta Gabriele Walter trouxe os esportes paraequestres ao Brasil em 2002, à nível de Federação Equestre Internacional.
“Comecei com o Adestramento Clássico, para o qual me habilitei como classificadora nacional e internacional FEI. Achei uma ótima ideia quando fui procurada por dirigentes da ABQM para introduzir a categoria Paratleta nos Três Tambores e eles concordaram em fazermos uma avaliação científica dos atletas”, conta.
Dra. Gabrielle e as crianças da categoria Paratletas no Mato GrossoA classificação é uma avaliação funcional em que se analisa a real limitação da pessoa. “Na avaliação não vemos a pessoa montada e sim suas limitações. O perfil funcional varia 1 a 45, e cada qual se enquadra em um handicap diferente”, especifica Gabriele.
Ela diz que para um adulto, esse perfil não muda ao longo da vida, a não ser que ele tenha uma patologia progressiva. Já para crianças e adolescentes a avaliação deve ser anual. “É preciso reavaliar até que eles atinjam a maturidade de evolução, aos 16 anos, e então fixamos um handicap. O que eles evoluem na pista não tem a ver com o handicap que estão, ali o que conta é o cronometro”, expõe Gabriele.
Os handicaps tornam a competição mais justa. “Pessoas como mesmo nível de limitação, competirão juntas. Isso não quer dizer que eles tenham o mesmo diagnóstico, mas sim a mesma limitação física ou mental”, esclarece a avaliadora.
Os Handicaps são definidos em quatro categorias:
HANDCAP 1: Passo-Trote Independente – Competidores aptos a se apresentarem na velocidade do passo, e em sua transição para o trote; HANDCAP 2: Trote-Galope Independente – Competidores aptos a se apresentarem na velocidade do trote, e em sua transição para o galope; HANDCAP 3: Galope Independente – Competidores aptos a se apresentarem na velocidade do galopinho – galopão); HANDCAP 4: Corrida – Competidores aptos a se apresentarem na velocidade do galopão – corrida.
As avaliações são realizadas para os eventos da ABQM, no consultório da Dra. Gabriele, que se localiza no Rancho GG, em Ibiúna/SP ou, em alguns casos, ela poderá comparecer onde os avaliados estão. Até o fechamento desta matéria, a ABQM estava com 12 pessoas avaliadas, sendo elas dos estados de São Paulo e Mato Grosso.
O classificador também define, de acordo com o perfil funcional do competidor, os tipos de ajudas que podem ser utilizadas. Isso permite que ele desempenhe a modalidade apesar de sua deficiência.
A ajuda pode ser um elástico para os pés não escaparem dos estribos, uma pessoa batendo palmas ou no tambor para emitir sons e guiar os cegos, ou ainda, como no caso da Veridiana Real, o uso de velcro nas coxas.
“Este material dá a ela mais firmeza no galope, mas tem especificação para que a competidora não fique presa à sela em caso de queda. Em uma situação como esta, o velcro deve se abrir facilmente”, salienta a classificadora.
Para Gabriele, mais importante do que a evolução de handicap é a evolução do indivíduo com a prática dos esportes equestres: “Alguns apresentam uma melhora física com a prática dos esportes equestres, mas vemos também, por exemplo, uma melhor performance escolar ou um melhor rendimento no dia a dia quanto cidadão dessas pessoas”, finaliza.
Por Juliana Antonagelo e Verônica Formigoni