A prática alimentar dos cavalos deve adaptar-se aos conhecimentos de nutrição

Esse artigo dá continuidade ao da semana passada em que iniciamos o assunto: Hábito alimentares dos equinos e nutrição

Com o objetivo de assegurar melhores resultados em matéria de saúde, resultados de provas e rentabilidade, a prática alimentar dos cavalos deve adaptar-se aos conhecimentos de nutrição equina.

Tudo que o cavalo gasta deve ser reposto, assim se manterá o equilíbrio. A capacidade atlética dos cavalos de diversas modalidades é variada. E é a alimentação que cria a base necessária para estes processos.

Existem dois tipos de fibras musculares. A do tipo I ou contração lenta: são menores e utilizam menos ATP, tem maior capacidade de uso do oxigênio, produz grande quantidade de energia, são mais resistentes.

E a do tipo II ou contração rápida: são músculos de força ou para a capacidade exigida para corrida ou tração. Têm fibras grandes e têm uma capacidade oxidativa baixa. Por serem ricas em miofibrilas em vez de mitocôndrias, onde se utiliza o oxigênio e esse é menos capaz de se difundir no interior dessas fibras, são pobres em gorduras e ricas em glicogênio.

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No sistema muscular a energia química se transforma em energia mecânica (no trabalho). Durante o balanço energético negativo, o glicogênio do fígado se mobiliza e aumenta a quantidade de glicose no sangue. O excesso de proteínas dá lugar a aminoácidos glicogênicos e cetogênicos que servem como fonte de energia.

Energia

Inicialmente, esta energia é fornecida pela metabolização de combustíveis estocados no interior das células musculares. Quando estes estoques de energia (glicogênio) estiverem depletados, o combustível passará a ser fornecido por outras áreas do corpo, tais como fígado, e serão trazidos às miofibrilas através da corrente sanguínea, sob forma de glicose e de ácidos graxos livres.

Para que essa energia necessária para a contração muscular seja liberada destes combustíveis com a máxima eficácia, é preciso haver oxigênio. Este é fornecido pelos pulmões através das hemácias, e transportado por elas numa forma associada à hemoglobina.

A energia é derivada da desfosforilação do trifosfato de adenosina (ATP) em difosfato de adenosina (ADP). Isso pode ser feito através da transferência do fosfato rico em energia do fosfato de creatina (FC) para o ADP.

O fosfato de creatina proporciona uma fonte de energia instantaneamente disponível para um esforço de intensidade alta, mas todo o ADP e o fosfato de creatina na musculatura proporcionam energia suficiente para somente 6 a 8 segundos de esforço muscular máximo.

Durante a atividade física, as fontes energéticas utilizadas pelo tecido muscular variam de acordo com a intensidade e a duração do esforço. Nos momentos iniciais do exercício, ocorre consumo das fontes energéticas primárias celulares, ATP e fosfato de creatinina.

Com o prosseguimento da atividade, passa a responder com maior suprimento energético a degradação do glicogênio (muscular) e a glicose (circulante) mobilizada a partir do glicogênio hepático. Com a manutenção da atividade em intensidade que corresponda à grande utilização da glicose como fonte de energia, há geração de piruvato e da NADH citoplasmático (oriundos da glicólise).

Gasto

Os carboidratos – obtidos a partir da dieta ou produzidos endogenamente, a partir do consumo de aminoácidos e outros metabólitos intermediários – são essenciais para a manutenção da atividade física de alta intensidade superior a 10/15 segundos de duração.

Os estoques endógenos de carboidratos, estocados na forma de glicogênio, são regulados por diversos hormônios. Entre os quais destacam-se a insulina e o glucagon, que garantem sua síntese durante o período absortivo e sua metabolização. Não só nos períodos entre as refeições e durante a atividade física, como também nos estoques hepáticos quanto dos musculares.

A estrita dependência entre a disponibilidade de carboidratos e a manutenção da intensidade da atividade física serviu como estímulo para que esta área do metabolismo fosse bastante estudada.

Na próxima semana acompanhe a continuação desse assunto. Fique ligado!

Por Prof Dr. Alexandre augusto de Oliveira Gobesso
Para a Univittá Saúde Animal

O Dr. Gobesso é Médico Veterinário, formado pela Universidade Estadual de Londrina/1988. Entre seus títulos, é Mestre em Medicina Veterinária/Nutrição Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 1997; Doutor em Zootecnia/Produção Animal Fac. de Ciências Agrárias e Veterinárias/Unesp/Jaboticabal/SP – 2001; Livre Docente – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 2009.

Também é Professor Responsável pela Disciplina: Produção de Equinos – Curso de Medicina Veterinária; Professor e Orientador – Mestrado e Doutorado na Área de Nutrição e Produção Animal; Pesquisador Responsável – Laboratório de Pesquisa em Saúde Digestiva e Desempenho de Equinos do Departamento de Nutrição e Produção Animal – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP – Campus de Pirassununga/SP.