Cavalos que tomam anestesia geral morrem mais que humanos

Pesquisadores franceses atestam que mortes por anestesia em equinos ‘permanecem altas’ e fatores de risco foram identificados

Os cavalos submetidos à anestesia geral morrem cerca de mil vezes mais do que os humanos. De acordo com pesquisadores franceses, essa taxa varia entre 1 a 1,5 mortes por 100 cavalos anestesiados. Embora as taxas humanas estejam menores, caindo significatimente ao longo das décadas, as mortes de equinos relacionadas à anestesia permanecem estáveis.

“É importante que os proprietários estejam cientes de que os riscos relacionados à anestesia em cavalos não são desprezíveis. Em suma, há uma junção de esforços  a fim de reduzir os riscos dentro dos limites de nosso conhecimento sobre esses riscos”, comenta Karine Portier, PhD, médica veterinária e professora do Departamento de Anestesiologia da Universidade de Lyon, França.

Alguns fatores de risco são claros. Por exemplo, a Dra. Portier descobriu que em seu hospital universitário, cavalos submetidos à cirurgia de cólica tinham uma taxa de mortalidade relacionada à anestesia de 3%. Ou seja, mais de três vezes a taxa de 0,9% de mortes relacionadas à anestesia em casos não-cólicos.

Ainda conforme os estudos dos pesquisadores franceses, o peso é outro fator crítico. Cavalos mais pesados ​​têm maior probabilidade de morrer de anestesia geral. Provavelmente, em parte porque o aumento do peso afeta a oxigenação no sangue e nos pulmões. E isso os torna mais propensos a sofrer de privação de oxigênio no sangue.

A idade também é um fator. Com cavalos mais velhos incorrendo em maior risco de mortalidade por anestesia. Cirurgias que exigem a presença de um veterinário mais experiente (portanto, cirurgias mais complexas como reparo de fraturas) também aumentam o risco. “Em geral, a cirurgia ortopédica trazia um risco dez vezes maior de mortalidade relacionada à anestesia. Eventualmente, devido à duração da cirurgia”. Além disso, as cirurgias de emergência (principalmente cólicas e traumas ortopédicos) apresentam riscos maiores.

Cavalos que tomam anestesia geral morrem mais que humanos

Um fator de risco ‘controlável’ nas cirurgias em cavalos é o tempo

Antes de mais nada, o único fator de risco que os veterinários podem realmente controlar, de acordo com o estudo de Portier, é a duração da anestesia. Mas, não é algo tão fácil, na prática. A mestre e pesquisadora conta que uma das ações é preparar o sítio cirúrgico antes da cirurgia para minimizar o tempo na mesa.

Porém, não consegue reduzir algumas etapas. “É claro que quanto mais rápido o cirurgião, menos tempo leva para operar. Mas algumas cirurgias são complexas e exigem muito tempo. Acima de tudo, não é fisiologicamente bom manter um cavalo deitado por muitas horas, contudo tudo depende do tratamento”.

Foi então que Portier e seus colegas pesquisadores analisaram dados de mais de 1.000 casos de anestesia geral em seu hospital-escola equina em Lyon de 2012 a 2016. Eles analisaram todos os casos de morte claramente relacionados à anestesia. Ou seja, o que não foram complicações cirúrgicas. Portanto, uma variedade de fatores, com relação ou não à mortalidade.

Os dados coletados por eles estão, de fato, alinhados com outros hospitais equinos em diferentes partes do mundo. Embora seja muito difícil comparar as taxas por causa dos diferentes protocolos de estudo. Devido ao custo exorbitante, nunca foi possível reunir pesquisadores do mundo todo em um só estudo. Assim sendo, é importante acompanhar esses dados ao longo do tempo.

“Temos que continuar a trabalhar para reduzir os riscos anestésicos em cavalos, que ainda são altos. E temos que continuar a identificar e comunicar sobre os fatores de risco e aplicar esse conhecimento às mudanças nas melhores práticas.”

Fonte: The Horse
Crédito das fotos: divulgação/Newmarket Equine Hospital e Equine Menagemant

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