Como proteger seu cavalo do coronavírus

Anteriormente desconhecido em cavalos adultos, esse vírus gastrointestinal tem sido responsável surtos nos Estados Unidos e outros países

O coronavírus é uma ameaça emergente para os equinos? Não só nos Estados Unidos, mas também em outros países do mundo, o vírus tem sendo visto nos últimos cinco anos. Veja como você pode proteger seu cavalo.

A doença

Misteriosamente o coronavírus ocorreu pela primeira vez em um dos pontos mais remotos do mundo dos cavalos: Hokkaido, no Japão. A saber, é uma pista na zona rural, que serve de palco para corrida de cavalos no estilo draft (tração).

Dessa forma, o primeiro sinal de problema ocorreu em 2009, de acordo com a Equus Magazine, quando alguns dos cavalos que corriam nessa pista – todos com idades entre 2 e 4 anos – ficaram doentes. Em seguida, outros foram afetados, desenvolvendo febre e, às vezes, diarréia.

Pesquisadores japoneses isolaram um potencial patógeno do esterco dos cavalos doentes: o coronavírus equino (ECoV). Um organismo previamente associado à doença apenas em potros.

Mais tarde, no início de 2011, em Washington, Estados Unidos, apareceram cavalos com um pequeno surto de cólica, diarréia e febre.

Entretanto, esses casos se multiplicaram em todo o mundo, em cavalos adultos, especialmente. O que chamou atenção da comunidade médica veterinária para a importância dos cuidados com o coronavírus equino. Já que testes para herpesvírus equino-1 e gripe deram negativos.

No total, os pesquisadores acompanharam as doenças de 161 cavalos Estados Unidos – Califórnia, Texas, Wisconsin e Massachusetts – entre novembro de 2011 e abril de 2012. Quatro morreram ou foram sacrificados devido a complicações associadas à doença.

Alerta

Com toda a certeza, antes desses surtos, o coronavírus equino (ECoV) era considerado uma fonte potencial de doença apenas em potros. Em uma pesquisa de 2010 realizada em Kentucky, o ECoV foi identificado nas fezes de 29% dos potros com diarréia. Contudo,  vírus também foi encontrado em 27% dos potros saudáveis.

“A questão é: como você sabe que o coronavírus equino é um verdadeiro patógeno se for detectado na mesma proporção entre animais doentes e saudáveis? Além disso, nunca o reconheceríamos em cavalos adultos”, afirma Nicola Pusterla, médico veterinário e PhD da School of Veterinary Medicine da University of California.

Assim sendo, continuou com as pesquisas, testando amostras de esterco de cavalos saudáveis ​​(96 no total) e também de doentes (44 no total). Descobriram que 86% (38 em 44) dos cavalos doentes apresentaram resultado positivo para o vírus, enquanto 93% dos saudáveis ​​(89 em 96) apresentaram resultado negativo.

Em outras palavras, a probabilidade da presença de ECoV correspondente a sinais clínicos de doença foi de 91%. De fato, o coronavírus equino parecia ser a única causa de doença em cada um dos surtos.

Como proteger seu cavalo do coronavírus

Vírus

Os coronavírus são membros da família Coronaviridae, que é conhecida por causar doenças intestinais e respiratórias nas pessoas. Além disso, ainda um grande número de animais domésticos, incluindo galinhas, cães, gatos, porcos, camelos e gado. Visto que o ECoV pertence à subfamília chamada Betacoronavírus, um parente próximo ao coronavírus bovino (BCV), que causa disenteria no inverno em vacas e febre de envio em bezerros.

Embora alguns coronavírus se espalhem por todo o corpo e causem doenças sistêmicas, muitas cepas tendem a atacar apenas células epiteliais que revestem o trato respiratório ou a parede intestinal, criando infecções localizadas nesses locais. No intestino, os vírus tendem a danificar as vilosidades – as projeções em forma de dedos que revestem o trato – levando a má absorção e diarréia.

Durante muito tempo, suspeitava-se que os coronavírus causavam doenças gastrointestinais em potros, mas havia poucas provas definitivas. Não apenas o vírus foi encontrado em animais saudáveis, como também em doentes – como visto acima. Em muitos casos os cavalos doentes também foram co-infectados com rotavírus ou outros agentes conhecidos por causar diarréia.

O primeiro estudo de caso de doença equina vinculada exclusivamente a um coronavírus foi publicado em 2000. O potro foi sacrificado e na necropsia foram encontradas evidências de infecção por coronavírus em sua parede intestinal.

Medidas defensivas

Nenhuma vacina está disponível, portanto, para proteger um cavalo do coronavirus equino. Desse modo, o único tratamento é o suporte para gerenciar os sinais enquanto ele se recupera.

Uma boa notícia é que a infecção por ECoV pode ser facilmente diagnosticada usando a reação em cadeia da polimerase (PCR). Uma técnica que confirma a presença de um patógeno através da identificação de ácidos nucléicos.

Muitos laboratórios agora incluem esse teste como parte de seu painel padrão para diarréia equina e os veterinários estão se tornando mais conscientes da ECoV. De tal forma que consideram uma possibilidade ao avaliar um cavalo com febre, anorexia e letargia, independentemente de estar ou não sofrendo alterações na consistência do esterco.

Por enquanto, a melhor maneira de impedir a disseminação do coronavírus é manter os cavalos doentes isolados em quarentena. A doença claramente passa rapidamente de cavalo para cavalo. Como os animais doentes eliminam o vírus em seu esterco, supõe-se que ele se espalhe pela rota fecal-oral. Ou seja, quando um cavalo consome ração ou água contaminada pelo vírus.

Seu veterinário pode ajudá-lo a estabelecer uma estratégia de quarentena que atenda às suas necessidades. Mas o princípio geral é evitar qualquer contato entre cavalos doentes e saudáveis.

Fotos: The Horses

Dicas

  • Mova o cavalo doente para uma baia remota, sobretudo, afastados dos demais animais.
  • Coloque o cavalo doente em um piquete separado que não compartilhe uma cerca com outras pastagens.
  • Se possível, designe uma pessoa para cuidar do cavalo doente, que pode evitar todo contato com os saudáveis.
  • Use roupas de proteção para evitar a contaminação. Todo equipamento deve ser lavado imediatamente após cuidar do cavalo doente. Assim como os equipamentos do cavalo, como cabrestos e escovas de limpeza.
  • Lembre-se de que os patógenos podem viajar com pneus de trator e carrinho de mão; portanto, eles precisam ser lavados com uma solução de alvejante após cada viagem.
  • Assim também, você pode implementar soluções salinas para lavar os pés das pessoas quando entrarem e saírem dos estábulos.
  • Lave as mãos ou use um desinfetante para a pele depois de manusear cada cavalo, doente ou não.

Consulte sempre profissionais da área para entender por quanto tempo essas medidas devem ser tomadas. Mesmo mais de cinco anos depois das pesquisas serem iniciadas, as informações epidemiológicas do coronavírus equino ainda são pequenas.

De uma doença praticamente desconhecido para proprietários de cavalos, o ECoV passou a ser uma fonte crescente de preocupação. Tome as medidas preventivas, sobretudo.  À medida que a doença se torna mais fácil de reconhecer, o diagnóstico pode ser feito com maior rapidez.

Fonte: Equus Magazine
Tradução e adaptação: Luciana Omena
Fotos: The Horses

Brasil

No Brasil, o coronavírus tem sido descrito como agente causador de enterocolite em potros jovens e imunocomprometidos. Animais infectados apresentam diarreia, prostração, desidratação e febre, podendo até levar à quadros de encefalopatia.

De acordo com o médico veterinário Hélio Itapema, no entanto, a cepa causadora de problemas em equinos é betacoronavíus 1, enquanto as cepas de coronavírus comuns que infectam humanos são alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

“Por esse motivo não devemos nos alarmar pois não existe risco de infecção cruzada envolvendo equinos e humanos.”

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