Comportamento Animal – o corpo do cavalo fala

Perceber os sinais ajuda-nos a entender as atitudes para que possamos adotar um manejo de segurança

 Pretendo aqui abordar uma visão prática e simples na avaliação de um cavalo, tanto para esporte quanto para o lazer, evidenciando sua conformação, seu equilíbrio e suas proporções.

Antes de entrarmos no assunto propriamente dito, devemos ter sempre em mente a segurança, tanto para nós que vamos manejá-los, como também para os animais evitando acidentes que podem causar sérios prejuízos.

Vamos tratar do tema COMPORTAMENTO ANIMAL, que irá nos ajudar a entender as atitudes, as reações e os sinais emitidos pelo cavalo, para que possamos ter um bom manejo com total segurança.

O que é Comportamento Animal?

Basicamente, o comportamento animal é a forma como um animal reage ao ambiente que o cerca e as suas condições fisiológicas. Todos os tipos de comportamento, simples ou complexos, são resultados da resposta do animal a um estímulo. Estimulo é uma mudança em algum aspecto do ambiente ou uma mudança que ocorre dentro do animal. Quando o comportamento não é aprendido nem modificado pela experiência, ele é considerado instintivo.

Não será necessário um aprofundamento sobre esse assunto, porem devemos entender duas reações que julgo das mais importantes: FUGA ou DEFESA. A reação de ansiedade / medo, faz parte de um sistema de comportamento defensivo construído pela evolução para enfrentar perigos. A fórmula mais conhecida de resposta é a luta ou a fuga que são divididas em quatro direções básicas de respostas comportamentais: 1-Agressão (Mostra-se perigoso, atacar ou revidar); 2- Bater em retirada (Evitando o perigo, fugindo); 3- Imobilização (Paralisar-se quando fugir é inviável); 4- Desfalecimento (Submissão / Pacificação para não sentir dor).

Desta forma, por mais que se considere um animal manso e bem manejado, nunca é demasiado o cuidado na abordagem. Sempre se faz necessário preveni-los de nossa chegada, falando calmamente evitando surpreendê-los, evitando gestos bruscos e gritos. Exemplos:

  • Abordando um cavalo preso – Chamá-lo pelo nome ou com uma expressão amigável sem nunca ficarmos atrás dele, nem nos deixar apertar contra a baia ou parede, sempre com o devido cuidado para deixar espaço para passarmos;
  • Abrir a porta da baia sempre devagar e ao entrar, se dirigir a sua cabeça não deixando chance de nos encurralar em um canto;
  • Abordar um cavalo solto – Se dirigir calmamente para o cavalo e quando estivermos muito próximos falar e estender a mão baixa para que ele cheire ou lhe dar algum alimento que lhe agrade. Convém nos aproximar pelo lado procurando passar o braço ou uma corda a volta do pescoço e em seguida colocar o cabresto. Nunca correr atrás dele, o que dificultará muito a sua contensão.

O corpo do cavalo fala

Você já olhou para seu cavalo? É preciso ler o cavalo prestando atenção aos sinais que ele nos dá com seu corpo, com seu olhar, com seus sons, sua respiração, nos seus movimentos, em tudo. O cavalo está a todo instante enviando sinais claros e precisos, sinais que demonstram o que passa pela sua cabeça, nos permitindo saber o que está acontecendo com ele.

São três os sinais de linguagens corporais distintas: 1- Repressão – Animais corajosos e dominadores colocando o corpo na frente impedindo nosso avanço; 2- Empurrão – Com o ombro (Escápula ou Paleta) é uma forma violenta de dominação do tipo ‘Chega para Lá’; 3- Apresentação da traseira – Demonstra que vai escoicear.

Um dos sinais de comunicação mais utilizado e fácil de ser observado é o transmitido palas orelhas. As orelhas mostram sempre onde está direcionada a atenção do cavalo. Conforme sua posição, vai mostrar seu ânimo e sua intenção. Exemplos: Inclinação aguda para frente indica tensão, curiosidade ou atenção; Caídas para o lado indica cansaço, relaxamento ou alguma patologia; Voltadas para traz abaixadas indica animosidade, violência, perigo.

O importante é ter conhecimento dessa noção básica do comportamento dos cavalos, conhecendo os sinais e ter uma excelente convivência, aproveitando a sua utilização com harmonia.

Por Roger Clark – Médico Veterinário
Juiz e Inspetor Zootécnico ABQM  e ABC PAINT | Consultor em Comportamento e Bem-Estar Animal
Fotos: arquivo pessoal

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