A fisioterapia e a quiropraxia já estão sendo usadas há algum tempo na medicina esportiva do cavalo atleta com resultados
De fato, a fisioterapia e a quiropraxia, duas formas integrativas de tratamento, já estão sendo usadas na medicina esportiva do cavalo atleta. Desse modo, de um tempo pra cá, ganharam uma proporção muito maior devido a mudança de pensamento. Não só do proprietário, bem como do treinador com relação ao cavalo de alta performance.
Portanto, tanto as modalidades de atuação quanto a aparelhagem, os cursos, ganharam aperfeiçoamento. Permitindo mais acesso aos profissionais, por conseqüência, aos donos de cavalos. Esse aumento de demanda, sobretudo, com a finalidade de melhorar a performance ou promover a reabilitação.
Hoje, temos algo que podemos chamar de ‘uma mentalidade preventiva’.
Fisioterapia
Só para exemplificar, fisioterapia e quiropraxia são coisas diferentes. Dentro da fisioterapia, usamos aparelhos, exercícios de reabilitação, fortalecimento muscular. Então, temos à disposição para tratamento: a laserterapia, o ultrassom terapêutico, o campo eletromagnético pulsátil, shockwave, kinesiologytaping, entre outros.
Todos esses recursos utilizados para auxiliar o organismo no restabelecimento das funções normais, e na maioria das vezes DoppingFree. Por exemplo, muitas vezes usamos o laser para poder estimular a produção de colágeno e fribroblasto de um tendão. Queremos ter uma fibra e uma cicatriz de melhor qualidade, no caso de uma lesão tendínea.
Na fisioterapia também, hoje, sabemos que só aparelho não reabilita e não previne. Então, são necessários exercícios de fortalecimento, de reabilitação, de propriocepção, que auxiliam o corpo do cavalo a responder mais rápido. O que exige também do Médico Veterinário, que busque aperfeiçoamento em bons cursos para que consiga alcançar tais resultados.
Importância do veterinário fisioterapeuta
Outro ponto de destaque é a importância do acompanhamento de um veterinário fisioterapeuta no retorno do cavalo às atividades. Tendo respaldo por estudos e artigos de fora do Brasil, deixar o cavalo parado durante o tratamento já não é mais um método usual, exceto em alguns casos.
O animal contundido, que fica parado, por exemplo, por 15 dias, começa, a partir do 16º dia, a apresentar atrofia muscular. Sobretudo, perde todo o fortalecimento muscular, toda a massa muscular que ajuda a sustentar todas as outras estruturas ósseas e do corpo do cavalo.
Acima de tudo, podem desenvolver outros comprometimentos e outras compensações ou, como no caso de lesões tendíneas, promover uma cicatriz de péssima qualidade com fibras desregulares, aumentando as chances de recidiva. Por isso, dentro da reabilitação, adaptamos o exercício controlado variando de caso para caso.
Esse cenário mostra o exercício funcional como sendo de extrema importância. Não só na fase de treinamento e prevenção, como também na de reabilitação. Ao aplicar os exercícios faz com que todos os músculos, tecidos moles e o corpo do cavalo comece a “acordar” e voltar a fazer o que fazia antes de ficar parado.
Sabemos que os músculos têm ‘memória’ e em qualquer tratamento dessa natureza é com essa função que o profissional também trabalha. E é neste momento que entra a quiropraxia.
Quiropraxia
A quiropraxia é de suma importância no trabalho de prevenção e/ou de reabilitação de um cavalo atleta. Em paralelo com a fisioterapia, ela tem uma ligação direta com o sistema nervoso central, já que trabalha com as linhas de conexão entre a coluna e o cérebro.
Só para exemplificar, com a quiropraxia não fazemos a colocação de osso no lugar, mas trabalhamos atuando no músculo. Na mesma analogia de que o músculo tem ‘memória’, os ossos são ‘burros’. Por isso, quando você trabalha músculo consegue ter uma resposta óssea coadjuvante.
Dessa forma, o efeito neurológico no cavalo, a partir do momento que se trabalha com receptores, plexos nervosos e tudo que envolve a neurologia, não é colocação de osso no lugar.
Por isso, o quiropraxista tem uma responsabilidade muito grande. No Brasil, é preciso ser medico veterinário para exercer qualquer atividade que envolva o atendimento ao cavalo, sendo fisioterapeuta, quiropraxista, assim como para fazer qualquer ajuste que seja.
É ilegal você fazer a quiropraxia sem ser veterinário, porque exige um estudo profundo de anatomia, de neurologia para que se possa atuar como quiropraxista.
Técnica
E essa técnica, como falado no começo, tem uma resposta sensacional. Ela não só relaxa o cavalo, mas também melhora a resposta neurológica. Todos os sinais que vemos durante uma seção, de salivação, bocejação e suspiro por parte do cavalo, são respostas neurológicas.
Uma subluxação quiroprática causa uma falta de movimento articular, podendo haver compressão nervosa, causando inflamação dos tecidos, perda de função, distúrbios circulatórios e outras disfunções ao organismo do animal.
Portanto, ao aplicar o ajuste é como se ‘melhorasse’ o caminho dos estímulos até o cérebro e esse, por sua vez, envia a resposta para o corpo do cavalo, diminuindo a dor, liberando endorfina e serotonina, interagindo na modulação do sistema imune, e assim, promovendo o bem estar ao animal.
Quando associada à fisioterapia, em um animal com EPM, por exemplo, dependendo do estágio da doença, atuamos com a quiropraxia também. Fazemos alguns ajustes, trabalhamos o fortalecimento muscular junto com a propriocepção e a resposta neurológica é muito melhor, fazendo com que o próprio organismo do cavalo comece a responder.
Medicina Integrativa
Por isso, é importante usar as duas vertentes: fisioterapia e quiropraxia. Nos meus pacientes, gosto de unir as duas técnicas. A quiropraxia me ajuda a equilibrar o organismo do cavalo, além de melhorar as respostas do sistema nervoso central estimulado também pela fisioterapia.
Além disso, existem algumas outras opções da medicina integrativa, como Kinesiology Taping, terapia floral, Reiki. Enfim, diversas terapias que nos dão alternativas para auxiliar o trabalho com o cavalo atleta e são focadas totalmente no bem-estar do animal.
Acima de tudo, são terapias que ajudam a melhorara nossa relação com a natureza dos cavalos. Respeitando sempre o limite do atleta como um todo.
Conclusão
Além de médica veterinária eu sou competidora e eu sei que todo animal tem um limite. Não é preciso levar o animal a exaustão. Caso saiba que um evento irá exigir muito do animal, prepare-o fisicamente para isso. Não só com treinamento, mas também em acompanhamento de fisioterapia, quiropraxia, terapia floral!
Fazer o que pode melhorar a vida dele no geral, seja na questão física, mental ou emocional. Não é porque é um animal robusto que não necessita de cuidados detalhados.
Um atleta de alta performance de sucesso não tem só um profissional por trás, tem uma equipe. Assim, ele tem que ter um bom ferrador, um bom fisioterapeuta, um bom quiropraxista, um bom clinico acompanhando. O cavalo não é um objeto que será usado e depois descartado.
As pessoas estão mudando a visão de que o cavalo é um objeto, um descarte. Machucou larga e compra outro. Prefere fêmea, porque se machucar pode colocá-la para reproduzir. Mas essa visão está mudando cada dia mais.São poucos os proprietários, treinadores ou competidores que pensam assim, mas estamos caminhando para cada vez mais pessoas pensarem na prevenção.
O cavalo está sendo cada vez mais respeitado, porque eles merecem esse nosso respeito. Acima de tudo, merecem que a gente se preocupe. São animais que exigem de nós na parte financeira, mas principalmente na parte emocional. Ter um cavalo é ir além, é um conjunto de coisas que nos traz somente um benefício: a gratidão em poder conviver com eles!
Por Clarissa Tomazella dos Santos
CRMV/SP: 43412 | (19) 99831.8383
Colaboração: Analúcia Araújo
Crédito das fotos: Arquivo Pessoal
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