Fraturas de pelve nos cavalos atletas

Apesar da grande importância funcional e estrutural do osso coxal, as fraturas de pelve encontram-se como a patologia de maior incidência dentro das lesões dessa região do corpo do cavalo

O osso coxal (pelve) tem em sua estrutura três ossos principais: ílion, púbis e isquion. Eles têm funções muito importantes em todas as espécies de animais. Nos cavalos atletas, as funções biomecânicas são destacadas sobre outras espécies de animais, da mesma forma que acontece na espécie humana.

Proteção de órgãos (útero, bexiga), proteção de vasos sanguíneos e nervos (artéria, veia) e nervo obturador, femoral e ciático. Bem como inserções musculares que sustentam vários órgãos abdominais (músculo reto abdominal e oblíquos abdominais).

E ainda inserções musculares que induzem a flexão coxofemoral (músculo iliopsoaps). Do mesmo modo que também faz parte a propulsão do membro pélvico (músculo glúteo médio) e a flexão femorotibiopatelar (músculo semitendinoso), entre outras. São funções muito importantes da pelve.

Lesões de pelve nos cavalos atletas

Apesar da grande importância funcional e estrutural do osso coxal, as fraturas de pelve encontram-se como a patologia de maior incidência dentro das lesões em cavalos atletas nesta região. A maioria destas fraturas é por trauma e algumas por tração biomecânica muscular.

A própria distribuição do osso coxal, faz com que ele tenha algumas protuberâncias que acabam recebendo potencialmente o estresse na hora do impacto. As tuberosidade coxal, sacra e isquiática, são as regiões mais insinuadas da pelve.

Dessa forma, acabam predispondo para que uma queda, um trauma ou um impacto direto, atingindo na maioria das vezes estas regiões. Outras regiões menos insinuadas podem também direcionar a onda de estresse (impacto) para a região da pelve. Como acontece com o trocanter maior (cranial e caudal) do fêmur, ligado diretamente à região do acetábulo.

Prognóstico

O prognóstico das fraturas da pelve em cavalos atletas está relacionado com o grau de envolvimento muscular, comprometimento de tecidos moles e envolvimento acetabular. Não são todas as fraturas de pelve que têm um prognóstico atlético ruim. Mas a maioria delas deixa uma sequela tanto estética quanto biomecânica.

A fratura acetabular é considerada como uma das fraturas de pelve de pior prognóstico. Já que o acetábulo forma parte da articulação coxofemoral que é considerada como uma articulação de alto movimento. E além disso, participa na indução da flexão e extensão da articulação femorotibiopatelar, ativando o sistema recíproco distalmente.

Na impossibilidade de flexão coxofemoral, o restante das articulações distalmente também não se flexionam. O acetábulo, está formado pelo colo dos três ossos coxais (íleo, isquion e púbis). Por conseguinte, qualquer tipo de impacto nas tuberosidades citadas acima, pode resultar na fratura acetabular.

Apesar da grande importância funcional e estrutural do osso coxal, as fraturas de pelve tem alta incidência em cavalos atletas

Fraturas

Talvez a maior incidência das fraturas do acetábulo (pode incluir a cabeça e/ou colo femoral) acontecem por impacto lateral no trocanter maior do fêmur. Mas elas são também descritas por impacto em qualquer uma das protuberâncias da pelve.

 Embora em pequenos potros possa ser possível radiografar a pelve, normalmente os equipamentos portáteis de Raio-X não possuem potência suficiente para penetrar e diagnosticar fraturas nesta região em cavalos adultos.

Por outro lado, anamnese, uma boa inspeção estática durante o exame clínico, uma avaliação ultrassonográfica completa e uma anatomia apurada são suficientes para diagnosticar praticamente todos os tipos de fratura na pelve.

O exame ultrassonográfico retal é fundamental para poder reconhecer fraturas que não são visíveis no escaneamento externo da pelve. E que na maioria das vezes não são reconhecidas durante a palpação retal tradicional.

As fraturas da pelve mais comumente conhecidas são:

  • acetábulo – com e sem envolvimento femoral
  • asa do íleon
  • tuberosidade coxal
  • colo do íleon
  • púbis
  • isquion

Dependendo do tipo da fatura, as aparências físicas externas do cavalo, o tipo de andamento ou a postura externa podem ser sugestivas ou patognomônicas.

Tratamento

Geralmente o tratamento se foca em repouso e controle da dor. Normalmente é muito difícil o acesso cirúrgico para reduzir um tipo de fratura como esta, além de que a massa e tensão muscular não permitem um fácil acesso.

Infiltrações articulares em fraturas que envolvem o acetábulo ou a articulação coxofemoral são indicadas guiadas por ultrassom, mas nem sempre tem uma eficiência importante. Levando em consideração o aparecimento sequencial de uma degeneração articular grave.

A mesoterapia, acupuntura e outras alternativas terapêuticas podem ser favoráveis para o manejo da dor; já a quiropraxia é totalmente contraindicada.

Um diagnóstico apurado, específico e cuidadoso é necessário para determinar o melhor manejo, tratamento e prognóstico que o cavalo com fratura de pelve deve ter.

Por Dr. Jairo Jaramillo Cárdenas
Mais de 20 anos de carreira no segmento Veterinário, é especialista em Ortopedia Equina, sócio na empresa EQX Veterinária e fundador da Equarter Educação Continuada
Crédito das fotos: Divulgação e Pexels

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