Dando continuidade à série sobre o Herpesvírus Equino, que ocasionou na interrupção de uma competição internacional de Salto na Espanha (clique aqui e saiba mais), hoje (27/02) o médico veterinário Hélio Itapema e sua equipe trazem os riscos de abortos ocasionados pela doença e, consequentemente, as perdas econômicas ocasionadas.
Herpesvírus Equino: vírus do abortamento equino
Tendo em vista seu caráter endêmico, o Herpesvírus Equino é a maior causa de perdas econômicas na criação de equídeos ao redor do mundo, principalmente por sua manifestação abortiva (ALLEN, 1986). Tais eventos podem ser consequência de um vírus em latência de uma infecção respiratória primária e queda de imunidade causada por estresse, ou uma nova infecção de uma égua que não teve contato anteriormente, levando a viremia e manifestação clínica (MAANEN et al., 2000).
Todo e qualquer equino pode ser um portador de Herpesvírus Equino, demonstrando a dificuldade de contenção do vírus, já que observamos clinicamente uma alta incidência apenas em locais destinados a criação de equinos, enquanto em fêmeas não gestantes e machos, poderemos ter o vírus em circulação de forma silenciosa ou na forma respiratória, disseminando o Herpesvírus Equino em suas secreções.
O processo abortivo, como dito anteriormente, se dá pela alta replicação viral nos tecidos uterinos, principalmente endometrial, levando a um processo inflamatório e degenerativo intenso, inviabilizando a presença do feto em seu interior (EDINGTON et al., 1985).
Herpesvírus Equino – Rinopneumonite Equina
O EHV-1 e EHV-4 possuem intensa similaridade genética e patogênica, tanto que até o século passado ambos eram considerados Herpesvírus do tipo 1, sendo componentes do complexo rinopneumonite/aborto de equinos. Em 1982, Allen & Turtinen reconheceram diferenças genéticas significativas entre os vírus, além da correlação do tipo 1 com afecções relacionadas ao sistema reprodutivo e o tipo 4 com tropismo ao aparato respiratório.
Assim como toda a família dos Herpesvírus, o EHV-4 possui potencial latente e vitalício, causando infecções em animais suscetíveis, assim como em hospedeiros com uma queda imunológica. A infecção se dá pelo contato com secreções orais e nasais de animais portadores, levando a colonização viral do epitélio respiratório e produção de muco (secreção) na tentativa de proteger tal estrutura (TORELLI, 2011).
O animal poderá apresentar febre, dificuldade respiratória, cansaço ao exercício e diminuição de performance, porém Wilcox et al., (2022) demonstra que o vírus se mantém em baixa e constante disseminação, se manifestando apenas em animais jovens, principalmente potros neonatos até dois anos ou que tiveram alguma queda de imunidade recente. No mais, em sua maioria, os animais permanecem assintomáticos e saudáveis.
Colaboração: Hélio Itapema, médico veterinário e sua equipe: Rachel Campbell Worthinton; Karla Dantas; Alessandra Esposito de Castro Cardoso; Amanda Dantas; Anna Flávia Valeri; Lays Cristine do Nascimento Olanda; Lunna Cabó Cordeiro; Maria Luiza Favero; Vida Maria Martins França.
Fotos: Reprodução / Pixabay
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