Meu Cavalo está com Cólica. O que preciso saber?

As principais causas das ocorrências das cólicas são decorrentes às interferências que nós, seres humanos, causamos na vida dos cavalos. Saiba mais!

Quando citamos problemas que podem comprometer a vida de um cavalo logo pensamos na síndrome cólica e acredito que muitos de vocês já se perguntaram – “Está rolando, será que é cólica? Como faço para prevenir? Quais os motivos? Irá sobreviver? Vou poder montar depois? Por que cavalos podem ter cólica”? Essas são algumas dúvidas fundamentais para que possamos compreender melhor a cólica em equídeos, uma enfermidade que de madeira geral acaba sendo algo comum no mundo equestre.

A síndrome cólica ou abdômen agudo é um quadro de desconforto abdominal, as causas mais frequentes são de origens gastrointestinais. No entanto, pode ser confundida com doenças hepáticas, urinárias, respiratórias, musculoesquelética, cardiovascular, intoxicações e raramente doença cardíaca que também podem causar intensidades variáveis de desconforto.

Para darmos inicio ao nosso raciocínio é necessário saber o que é normal, para em seguida compreendermos as interferências dos diversos fatores que pré-dispõem esta afecção.

Naturalmente os cavalos sempre viveram soltos em bandos e instintivamente passam a maior parte do dia se alimentando e movendo-se em busca de alimentos, água, minerais e nutrientes. Com o passar dos anos o ser humano alterou a vida natural dos equinos, retirando-os dos campos e estabulando em baias fechadas, submetendo condições de estresse e mudanças na alimentação.

As principais causas das ocorrências das cólicas são decorrentes às interferências que nós, seres humanos causamos na vida dos cavalos. Observem alguns exemplos na tabela a seguir:

Outros fatores que predispõem as cólicas são referentes às peculiaridades fisiológicas e anatômicas do aparelho digestório do cavalo, como a incapacidade de vomitar, estômago pequeno, estreitamento abrupto do lúmen intestinal em algumas regiões, flexuras favoráveis às compactações, intestino delgado longo com mesentério bem desenvolvido (semelhante a um leque).

Sinais clínicos

A caracterização do desconforto pode estar associada com o limiar de dor individual, gravidade do problema e dependendo do seguimento gastrointestinal afetado a intensidade dolorosa pode ser variável. As atitudes mais evidentes são olhar para o flanco, inquietude, cavar, escoicear o ventre, deitar e levantar frequentemente, deitar de costas, rolar, sentar-se semelhante a um cão, brinca com a água sem bebê-la, rejeitar alimentos, dificuldade em urinar.

Cuidado para não confundir um animal que está inquieto devido a um quadro de desconforto abdominal com o ato de espojar (ato de deitar-se, rolar no chão, porém o motivo não é a dor).

Nos casos mais graves a dor passa ser contínua, intensa, respiração ofegante, frequência cardíaca aumentada, sudorese, o animal tenta se atirar ao chão, as mucosas podem ficar secas, pálidas, congestas ou cianóticas dependendo da condição sistêmica do animal.

Classificações das cólicas

As lesões intestinais associadas com a cólica são anatômicas e funcionais, caracterizadas como obstrutivo ou não, com ou sem estrangulamento vascular, enterites e ulcerativas.

I- Timpânica: geralmente é decorrente de sobrecarga de grãos, fermentação alimentar e obstrução intestinal.

II- Espasmos: caracteriza-se pelo aumento da motilidade intestinal decorrente de mudanças da alimentação, excesso de grãos, hemoparasitoses (babesiose) e estresse.

III- Obstrutivas simples: ocorre a obstrução do lúmen intestinal, sem envolvimento circulatório inicial. As compactações ocorrer com maior frequência quando há mudança de clima para temperaturas frias, onde os cavalos não bebem a quantidade suficiente de água ou em qualquer outra situação que aconteça desidratação como, por exemplo, cavalos em provas, dor, viagens e adaptações de ambiente. Outras condições predisponentes como, problemas odontológicos ou capim picado demasiadamente no qual, não haverá mastigação adequada do alimento e baixa produção de saliva, ingestão de volumoso de baixa qualidade, verminoses, acúmulo de areia (sablose), fecalomas e enterólitos.

IV- Obstrutivas estrangulates: além da obstrução do lúmen intestinal ocorre a lesão estrangulante de vasos sanguíneos. Alguns casos podem ser secundários a cólicas timpânicas ou obstrutivas simples, a condição em que o animal está com dor faz com que ele role de um lado para o outro na tentativa de aliviar o desconforto, nesses casos podem ocorrer mudança da posição anatômica do intestino causando deslocamentos, torções, vólvulos ou encarceramentos. Nos machos podem ocorrer hérnias inguinais em razão de uma abertura maior do canal inguinal, possibilitando que alças intestinais adentrem nesse espaço causando severa dor e comprometimento vascular.

V- Infarto não estrangulante: ocorre o comprometimento dos vasos que fornecem nutrição para determinado seguimento intestinal, porém não há obstrução luminal. Um dos exemplos típicos é o tromboembolismo parasitário.

VI- Inflamatório: relacionado com inflamação e/ou infecção da parede gastrointestinal. As principais causadas são estresse, doenças infecciosas tais como salmonelose e clostridiose, fermentação de grãos, parasitose, mudança na alimentação e uso de antiinflamatórios. As principais consequências são gastrites, enterites, colites e úlceras gastroduodenal.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico precoce é de extrema importância para o sucesso do tratamento, seja ele clínico ou cirúrgico. Devemos ficar atentos a qualquer mudança de comportamento e o mais rápido possível chamarem o médico veterinário, sendo este a pessoa mais capacitada para conduzir adequadamente casos de emergência e urgência, realizando exames clínicos e complementares para obter tratamento adequado.

Prevenção

Medidas preventivas podem ser tomadas para evitar a ocorrência das cólicas, tais como ração de boa qualidade respeitando as necessidades de cada indivíduo, fracionar o concentrado em pelo menos três refeições, fornecer volumoso à vontade de boa qualidade e digestibilidade, água limpa sempre a disposição e ser muito sistemático com horários. O sal mineral auxilia na reposição de minerais e aumenta à ingestão de água, mais cuidado o excesso pode causar prejuízos como desidratação. Importante lembrar-se da sanidade do animal e ambiente, vermifugação, vacinação, cuidados veterinários, odontológicos e sempre ficar de olho na hidratação após transporte e eventos equestres.

Por Mariana Sachi Invernizzi, MV | vetmsi@hotmail.com | www.facebook.com.br/vet.equinebr

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