É uma doença responsável por problemas neurológicos dos cavalos
A Mieloencefalite Protozoária Equina é uma doença causada pelo Sarcocystis neurona, provocando um quadro neurológico em cavalos caracterizado por falta de coordenação motora decorrente da diminuição da propriocepção e fraqueza muscular.
Este sinal clínico ocorre devido a ação direta do parasita no tecido nervoso – sistema nervoso central – ou aos danos secundários a resposta inflamatória que podem levar a paralisia de nervos cranianos e atrofia muscular assimétrica.
A contaminação ocorre quando o animal ingere alimentos contaminados pelas fezes de gambá que são os hospedeiros definitivos. Os hospedeiros definitivos deste protozoário são o Didelphis virginiana e o Didelphis albiventris (Gambá), onde os hospedeiros aberrantes – não transmite a doença – são os equinos.
Os sintomas principais podem ser observados com a mudança de comportamento do animal, como falta de coordenação motora, atrofia muscular, cansaço. Internamente, o animal apresenta severas inflamações.
No início pode apresentar fraqueza, tropeços no solo ou em objetos, arrastando as pinças, tem-se a impressão de perda de equilíbrio ou ‘bambeira’. Os sinais de incoordenação podem observar atrofia muscular focais, como quadríceps e glúteos, atrofia de masseter, músculos temporais e músculo da língua, com inclinação de cabeça, paralisia do nervo facial e, ocasionalmente, sinais de disfagia.
O cavalo poderá, ainda, apresentar sudorese regional (dermatomérica) , quando estão acometidos tratos da substância branca simpática, e hipoestesia ou insensibilidade de regiões de cabeça e do pescoço. Além disso, pode ocorrer febre, depressão acentuada, pressão da cabeça contra objetos, decúbito, opistótono bem como pateamento e morte.
O diagnóstico clínico baseia-se nos sinais neurológicos que, embora indistintos e comuns a várias outras afecções do sistema nervoso central, tem como característica a perda da coordenação motora, principalmente dos membros posteriores e sinais de atrofia de grupos musculares.
A suspeita ou diagnóstico clínico pode ser confirmado pelo exame de Western Blot (líquido cefalorraquidiano) desafiados para a detecção de anticorpos antiproteína do S. neurona.
O tratamento passa pelo uso de drogas de combate ao protozoário, antiinflamatórios, vitaminas, suplementação alimentar, dentre outros. A partir de antimicrobianos específicos que agem no parasita como a sulfadiazina, pirimetamina, diclazuril, toltrazuril, ponazuril e nitazoxanide.
A sulfadiazina na dose de 20Mg/Kg e a pirimetamina 1mg/kg, o tempo de tratamento dessas duas drogas é de 3 a 6 meses, o diclazuril, tempo de tratamento é de 21 a 28 dias, toltrazuril, tempo de tratamento é de 28 a 90 dias.
Como medida terapêutica adicional, a aplicação de flumixin meglumine, na dose de 1,1 mg/kg pela via intramuscular, 1 vez ao dia, ou de DMSO, na dose de 1g/kg , diluído em solução a 10% e aplicado lentamente pela via endovenosa, pode abrandar os fenômenos inflamatórios do sistema nervoso central. Ainda se recomenda a aplicação de ácido fólico na dose de 20 a 40 mg/kg pela via oral, ou 75 mg como dose total, pela via intramuscular, 1 vez ao dia, a cada 3 dias (72 horas), ainda no tratamento deve-se dar uma suplementação com vitamina E e selênio.
Já as medidas preventivas mais importantes são: higienização do local onde o animal permanece por mais tempo, limpeza nos depósitos de rações, bebedouros.
A profilaxia passa ainda, como medida de caráter geral, por você manter o cavalo alojado em baia ampla, arejada e com cama alta, pois em algumas vezes animais podem adotar o decúbito lateral. Medidas de higiene em depósitos de rações, em cochos e bebedouros, assim como o controle de vetores de hospedeiros intermediários, podem quebrar o ciclo epidemiológico da doença.
Fonte: Equitação Especial; Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária
Fotos: Escola do Cavalo, Equitação Especial, Revista Veterinária