Um animal vencedor é construído por um longo processo de preparação. Sem dúvida, momento que inclui muito treinamento e cuidados, especialmente com a saúde. O objetivo é desenvolver todo o potencial genético dos animais. Por isso, a nutrição equina requer cuidados especiais. Antes de mais nada, é algo que está diretamente relacionado ao desempenho muscular, prevenção de lesões e contraturas. E, acima de tudo, ao bem-estar geral do animal.
De acordo com alguns estudiosos, a suplementação ainda não é consenso no Brasil. Mas devemos lembrar que muitos conceitos nutricionais foram importados de países do hemisfério norte. E não levam em conta a realidade brasileira. Nos trópicos, os animais transpiram e eliminam minerais essenciais para o metabolismo. A suplementação corrige esta deficiência, com reflexos no desempenho e saúde do animal.
Em contrapartida, a suplementação completa de um cavalo de esporte custa, em média, R$ 80 por ano, por animal. Entre os principais nutrientes da dieta de cavalos em preparação para provas hípicas, destacam-se cobre, ferro, zinco, selênio, cobalto, manganês. E, especialmente, o cálcio. Este último favorece o metabolismo muscular e previne lesões, contraturas e desgastes ósseos.
Além disso, o cálcio também diminui a ocorrência de doenças podais (casco), atua na coagulação do sangue. Assim como no sistema nervoso e influencia o estado de estresse do animal. Para a nutrição equina, esse mineral traz, com toda a certeza, uma série de benefícios. Desde que sua biodisponibilidade seja adequada. Fontes de cálcio na forma inorgânica possuem baixa absorção. O ideal é a utilização de suplementos minerais na forma orgânica, mais facilmente assimilados pelo organismo do animal.
Benefícios da nutrição equina adequada
É certo que os benefícios da suplementação foram analisados em estudo da USP de Pirassununga/SP. A pesquisa, coordenada por Alexandre Gobesso, um dos maiores especialistas em nutrição de equinos do País, acompanhou por 90 dias dois grupos de cinco potros de dez meses de idade. Foram suplementados com fontes inorgânicas e orgânicas de minerais. O objetivo foi avaliar os efeitos dos minerais orgânicos na dieta dos animais, especialmente o cálcio quelatado.
Segundo Gobesso, os animais suplementados com cálcio quelatado apresentaram maior deposição do mineral nos ossos. A conclusão do pesquisador é que a suplementação diminui a probabilidade de distrofias ósseas. Comuns não só em animais de provas, mas também em potros em formação e em éguas em gestação e lactação. No Brasil, a carência de minerais nas pastagens pode provocar sérios problemas de saúde, capazes até mesmo de inutilizar um animal para o trabalho.
Porém, somente a suplementação da dieta não é suficiente para proporcionar saúde e bem-estar aos equinos de competição. É importante ter ainda à disposição forrageiras de boa qualidade. Como as gramíneas da família do Cynodon (Cost Cros, Tifton e Grama Estrela). Já a braquiária, gramínea comum no Brasil, costuma abrigar um fungo que pode provocar fotossensibilização. Causa, entre outros, falhas na pelagem do animal e, além disso, contém grande quantidade de ácido oxálico, dificultando a absorção de cálcio.
Do mesmo modo, é importante vermifugar a tropa. De dois em dois meses para animais a campo e de três em três meses para animais estabulados. Lembre de manter os cavalos separados dos bois. A fim de que não consumam minerais inadequados para sua constituição.
Por Dr. Antônio Augusto Coutinho, especialista em nutrição equina
Crédito das fotos: Divulgação/Pixabay
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