Saiba um pouco mais sobre a mastigação e os principais problemas encontrados
Os dentes dos equinos são de crescimento contínuo, com a domesticação, e o fornecimento de uma alimentação menos abrasiva, como rações comerciais e fenos, limitou o desgaste dos dentes que antes, com sua alimentação composta por diversos tipos de forragens era mais homogênea.
A dentição do equino é composta por: nos potros 24 dentes caducos (12 incisivos e 12 molares), e no cavalo adulto de 36 a 42 dentes (12 incisivos, 4 caninos que são mais comuns nos machos, porém podendo aparecer em algumas fêmeas, 12 pré-molares e 12 molares). A mastigação do equino se dá por uma repetição de movimentos cíclicos que levam a uma contração rítmica de todos os grupos musculares associados à abertura e fechamento da mandíbula.
Na mastigação, sua função é de triturar o alimento para que este atinja um tamanho ideal para que os nutrientes sejam extraídos através da fermentação microbiana. Temos na mastigação a apreensão dos alimentos, logo após a mandíbula realiza movimentos elípticos e justamente com a compressão do alimento pela língua em direção as cristas palatinas forma-se um rolo alimentar que se desloca em movimento espiral até a orofaringe onde finalmente é engolido.
Quando se tem uma formação de pontas esmaltadas nos dentes ou mesmo alguma outra patologia dental, o animal passa a sentir incômodos na mastigação, limitando seus movimentos, resultando em uma má trituração dos alimentos que não terão um correto aproveitamento no processo digestivo.
Os principais problemas encontrados na cavidade oral do equino são:
. Pontas de Esmalte: agridem a mucosa das bochechas e da língua do animal, resultando em uma mastigação incorreta e ineficiente;
. Ganchos: se dão por um contato oclusal incompleto, devido ao deslocamento da arcada para frente ou para trás;
. Ondas: concavidade e convexidade na oclusal das arcadas, resulta em uma trituração ineficiente dos alimentos;
. Degraus: se dá pela falta de atrito com o dente opositor, tanto pela ausência do mesmo quanto por uma deficiência no crescimento;
. Rampas: por uma falta de oposição o dente tem um crescimento exacerbado;
. Retenção de Capas Dentárias: causam distúrbios na erupção dos dentes permanentes;
. Fraturas: a dentina quando enfraquecida e submetida à pressão, acaba cedendo. Nas fraturas ocorre acúmulo de alimentos que resulta no apodrecimento do dente;
. Cáries: desmineralização dos componentes inorgânicos e degradação dos componentes orgânicos;
. Cálculos Dentários: também conhecidos como tártaro, são comuns nos caninos, é o acúmulo de minerais orgânicos na superfície não oclusal do dente;
. Braquignatismo: pode ser chamado também de boca de papagaio, mandíbula mais curta que a maxila, pode ser prejudicial quando em um grau elevado, os incisivos inferiores causam lesões na mucosa paliativa, e com a formação de ganchos nos últimos molares inferiores;
. Prognatismo: ou boca de macaco, é um caso atípico, a maxila é mais curta que a mandíbula;
É indicado que o primeiro procedimento odontológico seja entre os dois anos e dois anos e meio, o que antecede a doma, aonde será realizado a retirada das pontas esmaltadas, a extração dos dentes de lobo, extração de capas dentais retidas, ajuste na face oclusal do dente e o balanceamento entre incisivos, molares e ATM.
Com esse procedimento o animal terá uma boca perfeita, impedindo qualquer trauma que atrapalhe seu aprendizado na hora da doma, facilitando o trabalho do seu treinador. Esse procedimento deve ser realizado anualmente, para ter uma vida saudável e uma harmonia entre cavalo e cavaleiro.
Por João Henrique Melo Paes
Médico Veterinário, especialista em Odontologia Equina
Contato: odontologiaemequideos@gmail.com | (12 974031486)