Égua e garanhão: a função de cada um em uma manada

Quem fala do assunto é Flávia de Oliveira Ramos, formadora de líderes no mundo corporativo, colocando em prática as lições que os cavalos ensinam

Semana passada falamos que um manada de cavalos tem, primordialmente, uma liderança matriarcal. Contudo, égua e garanhão possuem cada um o seu papel no bando. Uma função muito importante a do garanhão, aliás, que é a de proteger de predadores e procriar na manada.

Enquanto as matriarcas conquistam seu posto naturalmente, os garanhões conseguem chegar ao poder através da força. Então, é o garanhão mais forte que lidera e assume esse papel de proteção e procriação. Eventualmente, apenas ele cruza com as éguas e se coloca à frente de um predador ou o afugenta para proteger manada.

Égua e garanhão atuam juntos, de certa forma. Então, os garanhões protegem de predadores e ameaças, ficam vigiando quem se aproxima. Mas as éguas, por pensar no bem comum, também atuam protegendo o bando, como no controle da disciplina, organização, ordem e cuidado com os potros.

Elas lideram a caminhada e são elas que têm sabedoria para determinar o melhor local para comer ou beber água. E são as éguas que comem ou bebem primeiro para testar se é seguro para os demais membros do grupo. Mas elas nunca entrarão em uma disputa com um predador.

Nessa hora entram os garanhões. Afugentam o predador enquanto o resto do bando foge. Há formas de proteção e todos respeitam o papel de cada um dentro da manada.

Algumas peculiaridades nas funções

São as éguas que determinam o convívio social, mas os garanhões entram na definição das relações entre garanhões. Por exemplo, em uma manada com mais de um procriador são eles que determinam se um ou mais de um terá o posto.

Dessa forma, cada um com seu temperamento, têm a liberdade de sair da manada caso não aceitem se submeter a essa condição de eunuco, de não poder procriar com as éguas. Ele sai a fim de tentar exercer esse papel em outro bando ou formar o seu próprio.

Nesse segundo caso, o nome técnico é ‘sequestrar’. Égua e garanhão passam por um processo de sedução. Caso dê tudo certo, ele leva uma égua de um bando e começa o dele. Tudo com o consentimento dela. Não há brigas.

Égua e garanhão: Quem fala do assunto é Flávia de Oliveira Ramos, formadora de líderes no mundo corporativo e cavaleira nas horas vagas

Égua e garanhão em busca da perpetuação da espécie

Por conseqüência, existem várias trocas de papeis dentro de uma manada. Fato que, acima de tudo, ao longo dos anos, também garantiu a perpetuidade desse modelo de vida dos cavalos, que é a diversidade.

A primeira coisa é o foco no bem comum das líderes da manada, as éguas. E a segunda, é que os cavalos gostam de se misturar, porque eles sabem que desse modo ficam mais fortes. E assim garantem a perpetuidade da espécie, essa diversidade ou mistura entre raças.

Quando vemos fotos de uma manada de cavalos, por exemplo, ou em filmes, identificamos uma variedade grande de pelagens no grupo. Justamente porque os cavalos fazem essas trocas.

Há manadas de 12, 25 e até 30 cavalos. Na maior delas, de 30, com certeza teremos mais de um garanhão procriando. E assim dividem o posto de proteger seus filhos, seus frutos, e todo o bando.

Seguindo por essa linha, não existe uma manada só de éguas, sempre veremos pelo menos um garanhão. Por outro lado, encontramos manada de vários jovens garanhões, que são temporárias. Os mais novos se reúnem e saem em busca de encontrar éguas de fora para formar seu próprio bando.

Em conclusão, não há um papel mais importante que o outro, égua e garanhão são essenciais para o funcionamento da manada. Ela com a visão do bem comum e ele de proteção e procriação.

O que tirar de lição para a nossa vida cotidiana

E como podemos aplicar tudo isso na vida humana? O que tirar de lição para usar na nossa vida pessoal ou profissional. A funcionalidade de uma manada nos diz muito sobre liderança. Mas também o quanto de todo esse ensinamento serve de exemplo de convívio social para os humanos.

Entre outros pontos, a organização das manadas nos mostra que a perpetuidade das espécies vem de cada um entender o seu lugar, identificando que um não é mais nem menos que o outro. Vamos conseguir perpetuar atuando com compartilhamento de decisões, na divisão de responsabilidade.

Com toda a certeza, os cavalos nos ensinam a sermos uma sociedade mais equilibrada. Se essa espécie perpetuou por quase 60 milhões de anos é porque tem a sagacidade de se ajudar, se proteger. Soube se adaptar ao meio. O cavalo tem uma grande capacidade de se adaptar.

E algo que é bastante impressionante é o fato dos cavalos se atrelarem aos humanos. Os cavalos também garantiram a sua perpetuidade como espécie a partir do momento que se colocaram à serviço do homem. E assim ele ensina para o homem o que é todo mundo fazer parte, estar junto. O líder também se coloca à serviço, ou seja, ele não precisa mandar no outro. 

E houve uma troca, pois o homem também se colocou á serviço dos cavalos. O cavalo serve de meio de transporte, por exemplo, mas para tê-lo o homem precisa cuidar. Nesse momento, o homem entende que o cavalo faz parte da sua vida e o ajuda a se desenvolver. E assim fazem parte da evolução um do outro.

Por Flavia de Oliveira Ramos – Bacharel em Administração de Empresas; Executive Coaching e Life Coaching; dona da For Leaders, consultoria de desenvolvimento de liderança
Crédito das fotos: Divulgação/Pinterest

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