Os cavalos atuais descendem de animais que habitavam a Terra aproximadamente há 50 milhões de anos, no período geológico conhecido como Eoceno. Entre outras características, os ancestrais dos equinos apoiavam-se sobre quatro dedos nos membros anteriores e três dedos nos posteriores.
Contudo, os dedos dos cavalos sumiram em milhões de anos para surgir os cascos como meio seletivo para os galopes em defesa de predadores. Desse modo, um estudo aponta que ter apenas um dedo em cada pata melhorou a força e a velocidade dos cavalos.
E esse estudo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, ajuda a explicar o porquê disso. Junto com zebras e burros, os cavalos estão entre as poucas criaturas que possuem um único dedo no reino animal.
De tal forma que os cientistas já suspeitavam que o único dedo dos cavalos os ajudavam a correr mais rápido sobre as pastagens, permitindo que fugissem dos predadores e encontrassem forragem fresca.
Mas a hipótese de que ter um único dedo grande é melhor do que ter vários, biomecanicamente falando, nunca foi testada diretamente. Por isso esse estudo é um passo importante para entender porque os cavalos perderam os dedos durante sua evolução inicial.
Cavalos: muitos dedos x um dedo
Os ancestrais dos cavalos tinham muitos dedos, como dito acima. Eram mamíferos pouco parecidos com o cavalo atual, já que possuíam 25 a 50 cm de altura (tamanho de uma raposa) e dorso ligeiramente arqueado.
Ao longo de milhares de anos mudanças climáticas, intervenção humana, mudanças de terreno, entre outros, forçaram a evolução do gênero até chegar ao Equus.
Entre os mais recentes, o Merychippus, que viveu cerca de 10 milhões de anos atrás, parecia um cavalo moderno. Mas ele tinha três dedos nos pés, incluindo um longo dedo no meio. Em outras palavras, bem parecido com um casco protetor, com uma unha na ponta.
Dessa forma, o único gênero de cavalos sobrevivente foi o Equus. Surgindo há cerca de 5 milhões de ano, possuindo apenas um dedo.
Método do estudo
Para retraçar a evolução dos dedos dos pés dos cavalos, Brianna McHorse, paleontóloga da Universidade de Harvard, e colegas, usaram tomografia computadorizada a fim de capturar a estrutura interna dos ossos de pés fossilizados de 12 tipos de cavalos extintos.
Eles também analisaram os pés da anta centro americana, que possui vários dedos, de forma semelhante ao Hyracotherium.
Uma simulação computacional, em seguida, permitiu que os pesquisadores estimassem como os ossos responderiam aos estresses da locomoção para cada espécie, como saltar sobre um obstáculo ou acelerar em um galope.
Então, os cientistas compararam o que acontecia quando aplicavam o peso corporal completo do animal sob o dedo central do pé e quando o distribuíam entre os dedos múltiplos.
A equipe mostrou que os dedos laterais aumentaram significativamente a capacidade inicial dos cavalos de suportar seu próprio peso. O dedo central do pé dos cavalos primitivos teria fraturado sem a ajuda de outros dedos.
À medida que a era dos cavalos modernos se aproximava, os dedos laterais sumiram. No entanto, o osso intermediário do pé cresceu. Essas mudanças tornaram o pé com um único dedo resistente à flexão e à compressão.
Conclusão
Conforme as pernas dos cavalos ficavam mais longas, os dedos extras no final do membro perderam função. Seria como usar pesos ao redor de seus tornozelos. Assim, o desaparecimento dos dedos laterais ajudou os primeiros cavalos a economizar energia, permitindo que eles viajassem cada vez mais rápido.
O estudo não pode determinar quais mudanças vieram primeiro – se o aumento do dedo médio do pé aumentou a perda dos dedos laterais ou se a perda de dedos laterais causou mudanças no dedo médio.
Os cavalos não são os únicos animais a terem perdido os dedos durante o processo evolutivo. Os dedos foram perdidos muitas vezes em animais que caminham, correm, pulam e voam.
Por Equipe Cavalus
Fonte: Vinicius Mussi, graduado em Biomedicina | A Geração Ciência e Revista Science News
Crédito das fotos: Divulgação/Science Magazine
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