Uma lenda americana sobre a origem de pôneis selvagens Chincoteague presentes a séculos na Ilha Assateague, na costa atlântica dos Estados Unidos está prestes de ser desvendada. Segundo a crença popular, reportada no livro infantil “Misty of Chincoteague”, publicado em 1947, estes cavalos têm origem espanhola e nadaram até a ilha depois do naufrágio de um navio do país, próximo à costa da Virginia, voltando aos poucos ao seu estado selvagem.
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Entretanto, parece que a lenda possui algum ponto de verdade nesta história. Cientistas do Museu de História Natural da Flórida publicaram uma pesquisa no PLoS ONE que traz suporte científico para essa teoria, conquistado através da análise do DNA de um fragmento de dente de um cavalo domesticado nas Américas, o mais antigo que se tem conhecimento. E essa descoberta se deu de modo inusitado…
Nicolas Delsol, pesquisador de pós-doutorado do Museu estava pesquisando ossos de vacas de sítios arqueológicos do século XVI. A ideia era estudar como foi realizada a introdução de vacas domesticadas nas Américas durante a colonização espanhola.
O grupo conduzido pelo pesquisador estava analisando o sequenciamento de DNA de uma grande coleção de vestígios arqueológicos, encontrados em Puerto Real, uma antiga cidade espanhola localizada no Haiti fundada pelos espanhóis em 1507, mas abandonada em 1578.
Um dos ossos catalogados pela equipe erroneamente como pertencente a uma vaca, na verdade era de um cavalo.
A descoberta inesperada logo foi reconhecida como o primeiro genoma de cavalos domésticos que a equipe tinha das primeiras colônias da América. E ainda pode confirmar que os primeiros cavalos foram embarcados em barcos da Península Ibérica no sul da Espanha.
Os cavalos eram uma parte crucial da sociedade espanhola, tão importantes que os colonizadores espanhóis os trouxeram nos navios, em uma viagem desafiadora e cansativa pelo Oceano Atlântico.
O dente encontrado pelos pesquisadores ajudou a identificar o parente vivo mais próximo dos primeiros cavalos domésticos, os pôneis Chincoteague, que seriam descendentes dos primeiros cavalos espanhóis.
O pesquisador Nicolas Delsol disse à CNN que o dente “pode mostrar alguma veracidade por trás dessa lenda, que está enraizada em um evento real”, mas ressaltou que essa descendência não significa que estes animais chegaram nadando a ilha. “Os espanhóis poderiam tê-los deixados na ilha como fizeram com algumas outras espécies, como porcos ou gado, para se reproduzirem a fim de serem um estoque local”, explicou.
A equipe de pesquisadores pretende expandir as pesquisas sobre as espécies de animais presentes em Puerto Real e explorar como os primeiros colonizadores dependiam de cavalos para a criação de gado nas Américas.
Por Camila Pedroso . Redação Cavalus
Fonte: CNN Brasil
Fotos: Wikipedia
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